domingo, 30 de dezembro de 2012

[2013]

"Vou embora agora. Fica tranquilo. Aconteceu como tu tinha previsto, não aconteceu? 
Mas vai ser mais rápido do que tu tinha imaginado. Já acabou." 
[Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera]

Sabe, 2012, eu achei que não ia conseguir lidar com um ano de apenas dois meses. Quando você chegou, avassalador, jogando no meu colo o dobro de responsabilidades profissionais e um sem número - sério, perdi a conta, 2012! - de espécies da raça masculina para lidar, pensei em jogar tudo para o alto e sair correndo. Dois meses eram insuficientes para peneirar as qualidades, sentir os perfumes e decidir o que fazer mas, como sabia que era o que esperava de mim - a desistência, né, 2012? -, fiz o que só eu mesma poderia fazer: peguei todos - os problemas profissionais, claro! - para mim, só para esfregar no seu calendário o quanto sou capaz de ocupar um cargo de chefia sendo a chefe mais enjoada e, no entanto, a mais obedecida de todos os tempos. Veja bem, 2012, foi ótimo que você tenha existido por apenas dois meses. Não sei o que aconteceu antes desse tempo, porque tudo se perdeu quando eu escolhi. Escolhi viver o seu tempo da forma mais intensa que poderia viver. Eu menti, 2012, quando disse que me arrependi. Serviu para que eu aprendesse a desacelerar, a esperar, a respirar e, por isso, não posso estar arrependida. Dois meses de aprendizado, 2012. Estou tão pronta para o ano que está batendo ali na minha porta - e ele bate tão apressadamente, 2012, que vou ter que dar algumas lições de como desacelerar o ritmo, acredita? - que arrisco a dizer, com a minha mais solene arrogância, que não vou errar outra vez. É uma segurança que vem não sei de onde, mas que está aqui, pulsante como as ideias que guardo em rascunhos para virarem textos depois. Um intensivo de um ano em dois meses, eis o que você foi para mim, 2012. Sensações tatuadas para sempre na minha alma.

Sabe, 2012, eu achei que não ia conseguir lidar com um ano de apenas dois meses, mas você foi muito bem vivido, seu danadinho. Só que, olha, foi mais rápido do que eu tinha imaginado. Vai, 2012, você "já acabou".


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

[13.]

"Sente a presença constante de uma coisa indefinida que está demorando para acontecer."

Comprei o livro no dia em que nos vimos pela primeira vez. Comecei a ler na manhã seguinte. Já sabia que, desde então e para todo o sempre, este seria o livro que eu associaria a ele.

"Tem meia dúzia de pessoas que a gente encontra nessa vida  
que deixam uma impressão forte que nunca passa."

Antes do seu perfume, antes da sua voz, antes da sua risada, antes do jeito com que arruma o cabelo, seria o livro - afinal de contas, eu tinha certeza que as oscilações que me perturbavam teriam um pano de fundo lindo, escondido entre as páginas que devorava.

"Mas é inútil dizer palavras ao vento."

Anotei as - muitas - passagens que falavam de nós dois numa folha de caderno de menina, como fui chamada nos últimos meses.

"Eu brinco com minhas amigas que a gente tá vivendo a Era do Tá Foda."

Cheguei no último capítulo. O treze. O que começou me fazendo chorar.

"O que importa é o que resulta da atitude. Que resultado a ação da pessoa 
vai ter no sofrimento de todos os envolvidos." 

O único que está sendo adiado ao máximo porque sei que, tão logo termine de ler a última frase, eu terei chegado ao ponto final.

"Vamos tentar simplesmente não falar a respeito. [...]
 Querer saber o que um tá sentindo, o que o outro tá sentindo. 
Sei que devo parecer louca, mas falar sobre as coisas avacalha tudo para mim. 
É só dar nome que morre."

[Ao ponto final de um duplo fim]

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

[Do Embaralhar]

Vamos chamá-lo de... hum... "Mno".

E vamos supor que eu esteja observando o seu comportamento... digamos... estranho há alguns meses.

Começou com uma insistência para que eu explicasse um comentário totalmente aleatório e feito há muito tempo. Uma insistência que terminou com a frase "você sabe tudo, [P]".

[Sem querer decepcionar, mas não sei porra nenhuma, meu amor. Parece que sei? Não sei, juro. Estou aqui, perdidinha, implorando orientação mental/sentimental/astral/sexual/espiritual a qualquer pessoa que aguente me ouvir repetir a mesma ladainha por infindáveis minutos, na hora do almoço, ao telefone, no meio do trânsito, ad aeternum, até me dar por satisfeita mas, né?, parece que finjo saber tudo de maneira exemplar]

Além de ~saber tudo~, sou aquela que posta tudo o que ele gosta - é assim que interpreto o fato de que a pessoa curte e comenta minhas músicas, as frases dos livros que estou lendo, as imagens e os devaneios que arremesso na badalada rede social que nos une como amigos. Também não preciso mais me defender de ninguém porque, ora bolas, lá está ele, mandando as pessoas tomarem seu rumo, ao invés de me incomodarem. E hoje, nosso último dia de trabalho, ele fez questão de ir até a sala onde eu estava, para desejar aquelas coisas que se deseja no fim de ano. Super legal da parte dele, não fosse o fato de ter atravessado uma sala onde estavam outras sete pessoas, ignorando qualquer sinal de boa educação, só para se despedir de mim. Está complicado avaliar que tipo de abraço e beijo e proximidade e sussurros fantasiados de desejo de coisas boas para o ano que vem foram aqueles porque, na verdade, ele me abraçou como outra pessoa recentemente me abraçou, virou as costas e foi embora.

- Ele me abraçou do mesmo jeito! A única diferença é que parou aí, mas foi o mesmo abraço.

Dando prosseguimento à série "não é porque você é minha amiga que pode sair me ofendendo e embaralhando minha já embaralhada cabeça", de jeito nenhum você pode dizer, após meu relato das esquisitices de "Mno", a seguinte frase:

- [P], presta atenção, quando você estiver sozinha, ele não vai parar, ele vai falar, está na cara.

[A parte boa é que acabei de entrar de férias e não curto o chat da badalada rede social, de modo que não ficarei sozinha com "Mno". A parte ruim é que não vou deixar de consultar uma amiga só porque ela me ofende e embaralha meus pensamentos. E a parte ininteligível é, céus, por que me peguei pensando "mas seria tão mais fácil com 'Mno' e eu fico nessa de querer o mais complicado"? Pois é]

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

[A Ofensa]

Vamos chamá-la de... hum... "Xyz".

E vamos supor que eu tenha feito... digamos... umas besteirinhas aí.

Você pode ser minha m.e.l.h.o.r amiga, me entender como quase ninguém me entende, dizer as coisas certas, na hora certa - ainda que não sejam as coisas que eu gostaria de ouvir -, ser a cúmplice ideal para os meus pequenos delitos descompensados e você pode até ameaçar me bater, após me ouvir contar sobre as tais besteirinhas que andei fazendo por aí.

Uma coisa, porém, você não pode fazer.

Em hipótese alguma você pode dizer "[P], está parecendo até Xyz!" Não, isso não se faz. Nossa amizade não lhe dá o direito de pegar tão pesado assim. Aceito adjetivos como louca, descompensada, maluca, desnorteada ou paranoica. Em último caso, me chama de aprendiz fajuta de quenga, sei lá. Só não me chama de "parecida com Xyz". Não tenho estrutura para suportar isso.

[A parte boa de ter sido OFENDIDA é que imediatamente repensei minhas atitudes e, opa, não é que minhas minhocas estavam trabalhando a mil dentro da minha cabecinha, não me deixando enxergar as coisas com clareza e me fazendo executar besteirinhas por aí? Que coisa...]

sábado, 15 de dezembro de 2012

[A Cena]

Atravessei a Presidente Vargas e andei por toda a Rio Branco.

Aos prantos.


No caminho, um guarda municipal, um estranho com jeito de nerd, um segurança, um senhorzinho, um PM e um morador de rua, enfim, todas essas criaturas perguntaram o que estava acontecendo e se eu precisava de ajuda, mas não pude responder educadamente porque estava toda trabalhada na confusão mental e muito compenetrada em alagar a avenida, sem contar no malabarismo para segurar um vestido que teimava em voar, no meio do temporal que se aproximava.

Assim.

Só faltou trilha sonora para a ~magia~ da comédia romântica acontecer.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

[A Franja]

Acho que é a franja. Não há mais nada que explique tal comportamento, então, só pode ser a franja. 

Depois de anos tentando me convencer a cortar o cabelo daquele jeitinho super-hiper-mega-master-power curto, sem sucesso, a moça boazinha - que lava/enxágua/hidrata/lava/corta/mas não tira muito/você sabe/de quatro, homem adooooooooora puxar um cabelo/pega espelho/olha, [P], me deixa tirar só mais um pouco/desiste/pega a tesoura/ameaça me recortar em mil pedacinhos - conseguiu, quase à minha revelia, encaixar uma franja nesta minha cara de pseudoadulta, de modo que, quando vi, a pessoa estava dizendo uma franja? hein? deixa eu picotar uma franja em você? vai gostar, confia em mim, manuseando a tesoura e ignorando meu apelo de olha, não estou muito certa disso, não, toda trabalhada na ânsia de transformar meu rosto de pseudoadulta em algo mais pseudoadulta ainda, claro.

Só pode ter sido a franja que fez com que o Tiozão do trabalho decidisse que, no meio de trocentas mulheres, tinha que ser eu a escolhida para suportar suas mais infames piadinhas. Não sei, mas deve ter a ver com um desejo do seu subconsciente pela minha franja desfiada que - há! - agora justifica todo aquele meu amor por juntar o cabelo num coque bagunçado, prender displicentemente e sair feliz da vida para trabalhar. Deve dar tesão. Bom, prefiro pensar que deve dar tesão do que imaginar que estou lidando com um legítimo retardado de mais de cinquenta tons de tintura capilar anos.

[E pensar que eu só queria ouvir o linda loira que ouvi mesmo. Tiozão, definitivamente, não fazia parte do pacote, Murphy]

sábado, 8 de dezembro de 2012

[Tradução]

"Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção"


[Não consigo encontrar, no meio das minhas próprias palavras, algo que melhor traduza... o tanto]

"E o meu lugar é esse
Ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro..."

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

[Primeira Vez]


[Faz tanto tempo, que estou tensa há dias, sem conseguir dormir, comer ou respirar direito, só de imaginar a proximidade de mais uma "primeira vez"]

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

[Cretina]

Num mundo de faz de conta, no qual eu precisasse de uma boa propaganda para minha imagem, o emprego seria deste cidadão:

"De uma pessoa bacaninha evoluiu para muito bacana, de muito bacana para extremamente divertida, aí foi para... hum... interessante essa mulher, me atrai. Aí passou para: certamente essa mulher me atrai muito. Então evoluiu para: sinto falta da cretina quando passo muito tempo sem falar com ela."

[Colega, me joga na parede e me chama de cretina. É meio caminho andado para eu sair dizendo sim para um bocado de coisas...]

sábado, 24 de novembro de 2012

["Me Reconheça"]

eletemvozdehomem.com.br

Como se não bastasse o resto, a voz é de homem, entende?

E, quando falo "voz de homem", meu parâmetro é este aqui:


 "Amor, meu grande amor
Me chegue assim, bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente"

terça-feira, 20 de novembro de 2012

[Comprometimento]

Talvez, em meu lugar, outra mulher escreveria assim:

"Oi. Então, acabei de chegar de viagem. Aproveitei o máximo que pude, mesmo tendo que lidar com o tempo instável. Visitei as ilhas que falei que gostaria de conhecer. Ontem, por exemplo, passei um dia incrível numa delas. Nem vai acreditar, mas... estou bronzeada! E você? Como está? Beijos."

Eu, porém, envio a seguinte mensagem:

"Só para avisar que já cheguei em casa, cretino. Beijo."

[Porque não se comprometer é para as fracas]

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

[Jogo Limpo]

[É porque eu não sei jogar o jogo dele que vou me sentar num canto e abraçar meus joelhos, antes que ele me estenda a mão e me chame para mais uma partida. Não estou acostumada com as cartas que ele atira sobre a nossa mesa. Não sei lidar com seus truques. No meu mundo de feridas mal cicatrizadas, suas artimanhas me enlouquecem. Dizer a verdade. Ser honesto. Abrir o coração. Truques de baixíssimo nível, onde já se viu? Não estou acostumada com essa confiança que ele me inspira. Não sei o que fazer com ela, se devoro com uma bola de sorvete de creme, se deixo ali no cantinho do armário ou se uso até a próxima conversa, quando, certamente, ele irá repô-la, para o meu deleite. É porque tive que brincar de ser enganada outras vezes que, agora, não sei jogar um jogo diferente. É porque não sei jogar o jogo dele que vou continuar fazendo o que de melhor sei fazer: ser eu mesma. Não me resta outra coisa, a não ser entregar o que tiver de mais bonito aqui dentro a alguém que está me ensinando um jogo diferente. Inacreditavelmente, ele joga limpo, senhoras e senhores]

sábado, 10 de novembro de 2012

[Transcendental]

Não é libertador quando você descobre, clicando de link em link a esmo, que o Exu com quem tentou manter qualquer coisa próxima de uma convivência humana e que fez questão de esfregar na sua digníssima face a rapidez com que arranjou uma namorada adicionou, entre os seus favoritos no Youtube - PREPAREM-SE -, um vídeo pornográfico de péssima categoria?

[Transcendental. Não consigo achar outra palavra que melhor defina este meu momento, gente]

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

[!]

Pareço legal, mas ontem fui trabalhar dirigindo ao som de RPM [!] e, ainda por cima, cantando [!!] tão alegremente [!!!], que cheguei a chamar a atenção [!!!!] de motoristas dos carros ao lado.

Inferno astral, deve ser.

[Não me julguem]

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

[Destruidora]

Daí que numa sala com dois aparelhos de ar condicionado eu me abanava com uma pasta, olhava para o teto e perguntava por que, para que, qual o intuito, como assim tanto calor quando, de repente, eis que surge a cereja do bolo:

- Sabe que hoje é dia das bruxas, né? - me pergunta L., do alto dos seus dezenove anos de pura sacanagem.

- Sei.

- E como você vai para casa?

- Estou esperando sua irmã trazer a vassoura dela aqui, para me emprestar.

- Poxa... - L., decepcionado, tadinho.

- O que?

- Eu só ia tentar te enfeitiçar, oferecendo uma carona.

[Destruindo corações desde milnovecentosealgumacoisa. Esta sou eu. Prazer, gente]

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

[Conclusão]

O Facebook é apenas um Tumblr com bate-papo. E eu sou arredia. Ou seja.

sábado, 27 de outubro de 2012

[Fatal]

- E quando você faz aniversário?
 
- Mês que vem. Sou de escorpião.
 
- Humm... rabo fatal.

Ra-bo fa-tal. 

Tá?

[Uma encarnação não basta para que eu dê conta de tudo que preciso ouvir nessa vida...]

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

[Rendida]

Ok, ok, eu me rendi:


[Não sei por quanto tempo, né? Enfim...]

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

[P]

Presente do último dia quinze:


Estou confusa. O que isto significa? 

a) (   ) Descobriram que publico textos assinados com um [P]? 

b) (   ) Virei um [P] ambulante? 

c) (   ) A dona do [P] incorporou o [P] do blog? 

d) (   ) A [P] do blog saiu do virtual e anda acenando descompensadamente para as pessoas ao seu redor? 

e) (   ) Todas as alternativas anteriores? 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

[Grisalho]

Conversávamos sobre o marido da coleguinha de trabalho. Não conhecia o sujeito e ia criando, na minha cabecinha, a imagem de um homem muito atraente, a julgar pelos adjetivos que Amiga de Blogueira utilizava para descrever o próprio: 

- [P], você tinha que ver... um gaaaaaaato, alto, simpático, um sorriso... e o olhar? [P], que olhar! Não sei como ela conseguiu um marido daquele e blábláblá.

Iniciei minha dissertação sobre como, realmente, meudeusdocéu, a coleguinha de trabalho tinha conseguido aquele marido, tão lindo em meu cérebro, que injustiça e não, não se tratava de recalque, uma vez que a coleguinha de trabalho demonstra ser a criatura mais avessa à socialização que existe na face da Terra, além de não ser exatamente o tipo de mulher que eu, inclusive, diria: mas ela é linda, embora tenha uma cara de mal comida do caralho - o que, evidentemente, fez com que eu concluísse minha dissertação alegando que o segredo dela está justamente na comida, se é que me entendem.

Amiga de Blogueira concordava com todos os meus argumentos e, quando terminei, ela disse que realmente não sabia o que o marido, um SENHOR GRISALHO LINDO, tinha visto na nossa coleguinha de trabalho.

Hã?

Oi?

Para, né?

SENHOR GRISALHO LINDO?

Não, não. O pior não foi ver a imagem do homem atraente que desenhei na minha cabecinha desmoronar tão depressa. Não foi isso. 

O pior foi ouvir Amiga de Blogueira - que me conhece há seis anos - perguntar quando é que vou deixar de lado a minha Síndrome de Peter Pan e reconhecer que, sim, os grisalhos são gatos, lindos, charmosos e maravilhosos.

- Olha, nada contra, mas enquanto eu parecer a neta deles, não vai rolar, desculpa.

Resposta óbvia, puxa vida.

[Eu avisei que não era recalque]

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

[Divino]

[Rafael Sieg, O sequestrador]

[Não só ficaria sequestrada pelo tempo que fosse necessário, como também super daria para o meu algoz]

domingo, 14 de outubro de 2012

["Pede Pra Sair"]

J. estava me atrapalhando. Em determinado momento, falei um "J., pede pra sair logo, anda" que, surpreendentemente, surtiu efeito instantâneo: ele parou de me atrapalhar.

Já em casa, no meio dos trabalhos que havia recolhido, eis o que encontro, assinado pelo próprio J.:


[J. tem dezessete, quase dezoito anos. Aham. Estou chocada]

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

[Privado]

Então fica combinado assim: é proibido me ligar de um celular cujo número é privado...

[Ainda mais se eu estiver dirigindo num trânsito caótico e sem poder atender, porque tem gente que já está indo aproveitar o feriado e, droga, olha essa gente que parece não trabalhar me atrasando a vida!]

... enquanto eu estiver esperando que determinada pessoa dê sinal de vida, de fumaça, de coerência, de maturidade, de consideração e de que possui qualquer coisa de grande valor não só no meio das pernas, mas também no cérebro e no lado esquerdo do peito.

Eis meu mais novo decreto particular: se vai me ligar, que não seja de um celular com número privado.

[Essa coisa desgraçada que me impede de retornar e matar minha curiosidade]

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

[Enfeites]


[Mandei pendurar aquelas nuvens ali, está vendo? Achei que ia combinar com a paisagem]

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

[Replay]

Quantas vezes ainda vou me referir a alguém como "a grande decepção da minha vida?"

[Pois É]

"Não estou apaixonada, mas me dói não ser correspondida." [Marina W]

É isso.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

[Tesão]

Não tinha nem meia hora que estávamos conversando, uma conversa agradável, despretensiosa, quase diria interessante a ponto de me fazer querer conversar de novo e de novo e de novo quando, de repente, ele disse um é que você me dá um tesão que, evidentemente, soterrou o m.e.u tesão pela conversa, não importando se foi alguma conjunção astral/carnal/espiritual/cerebral que conspirou para que um papo até então atraente fosse interrompido pelo tesão do moço. Soterrou.

[Agora pergunta por onde tenho andado, para encontrar um tipo assim]

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

[Trabalho De Campo]

Querido Diário, 

Comecei a reparar que naquele dia, em especial, até que ele estava bonito. Embora não seja exatamente o tipo de homem que chame minha atenção, naquela manhã ensolarada ele estava realmente bonito. E por que, não é verdade? Era só um trabalho de campo, com direito a caminhada na floresta e, céus, uma roupa confortável, um tênis e tudo bem, ele estaria pronto. Lá estava o sujeito, entretanto, tão confortável dentro da sua existência atraente demais para um trabalho de campo numa manhã ensolarada no meio da floresta que, em determinado momento, olhei para o Cristo e blasfemei "que provação, oh, pai". Em pensamento, é claro, porque não sou boba nem nada. Enquanto a coisa toda se desenrolava, pessoas tiravam fotos - nunca entendi o funcionamento do cérebro de uma pessoa que gosta de tirar fotos de si mesma, repetindo ângulos e sorrisos como se não houvesse amanhã, ou outros ângulos possíveis, uma trilha repleta de folhas caídas, por exemplo, tão merecedora de um click mas, mesmo assim, esquecida sob os pés narcisistas das pessoas que só guardam para a posteridade fotos repetidas dos seus próprios ângulos repetidos. Ai, como as pessoas me cansam. E suas fotografias. E seus ângulos. Já falei que ele estava especialmente bonito no meio das pessoas e suas fotografias? Dias depois, ao ver as fotos daquela manhã, percebi algo: em todas aquelas em que nós dois aparecíamos, lá estava ele, olhando para mim. Não eram muitas - parece que compartilhamos a mesma antipatia por câmeras fotográficas -, mas o suficiente para me deixarem pensativa. Era só um trabalho de campo, com direito a caminhada na floresta e, céus, imagine uma roupa confortável, um tênis e tudo bem, eu estava pronta. E ainda tinha o calor. E minha pressa ao sair de casa, que me fez esquecer de levar qualquer coisa que prendesse meu cabelo. Então, sabe, eu dava nós no coitado, um após o outro, numa evidente tentativa de não morrer de calor e ser o menos atraente possível aos olhos de um homem que estava bonito demais para uma manhã como outra qualquer. E ele olhava para mim. Começo a juntar as peças e, mais cedo ou mais tarde, vou concluir que sou levada a sério. Se ele só desconhecesse o fato de que, quando vamos tirar uma fotografia, devemos olhar para a câmera e não para colegas de trabalho, estaria tranquila. Eu poderia ser mais uma que ele gostaria de levar para a cama e só. Porém, se ele já me chamou para concorrer, na sua chapa, a um alto cargo no trabalho, só me resta pensar que sou levada a sério demais. E uma pessoa que me leva a sério, enquanto estou caminhando no meio do mato e pensando "hummm, fazer sexo selvagem encostada naquela árvore ali cairia bem", vamos combinar, não pode ser levada a sério, Diário.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

[Tenho Problemas]

- Oi, meu nome é [P].

- Ooooooooooooooooi, [P].

- Então, acontece assim: eles reparam. Cara, como eles reparam. Elas também, lógico. Elas reparam na cor da sombra ou nas camadas de rímel que estou usando; reparam no comprimento da minha saia e na combinação vestido-cor da minha pele. Um reparar vazio, no fundo. Sim, porque, vejamos: se estivessem reparando m.e.s.m.o, do fundo dos seus respectivos úteros, aprenderiam alguma coisa e não andariam de um jeito tão vulgar, não é verdade?

- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim, [P].

- Agora, eles, gente. O que são eles? Da última vez que escutei um comentário deles sobre uma colega de trabalho, fiquei perplexa. Eles diziam algo sobre a roupa da moça e o que a dita cuja estava parecendo na ocasião. O choque veio quando, ao abrir uma porta e dar de cara com a pessoa, constatei que sim, eles estavam completamente certos nas suas observações. Isto me qualifica como um ser humano cruel?

- Em potenciaaaaaaaaal, [P].

- Fiquei pensando que eles não só reparam como tecem considerações pertinentes sobre aquelas com as quais deveriam manter uma relação educacional - e só. Entretanto, eles ficam lá, observando e me deixando perplexa, cada vez que escuto algo e me dou conta, depois, que tinham razão. O problema é que, puxa vida, eles também reparam em mim. É uma merda, porque uma coisa é você achar que reparam, outra coisa é eles decidirem, sei lá por qual razão, que podem compartilhar comigo o que acham a meu respeito. Estou me fazendo entender? Não ou é claro que não?

- É claro que nãããããããããão, [P].

- Outro dia eles disseram que eu estava linda e, diante do meu sorriso de desdém - bem, eles entenderam como desdém, porque completaram com um e antipática - que, na verdade, era um sorriso de incredulidade, perguntaram o porquê de eu ser assim. Nem quis saber o que significava o assim, já me bastava não acreditar no que diziam sobre mim. Agora, eis minha dúvida: se, invariavelmente, o que tenho é a confirmação das opiniões que eles me dizem sobre as outras colegas, por que caralhos não consigo acreditar quando as opiniões se referem a mim? Tenho problemas?

- Váááááááááááááááários, [P].

- E alguém pode me ajudar? Alguém?

- Só Freeeeeeeeeeeeeud, [P].

- Mais um dia. Obrigada.

domingo, 23 de setembro de 2012

[Cartilha]

Então agora eu dirijo um novo carro por aí. 

A parte boa é que ele é alto, forte, grande, potente, veloz, seguro e confortável.

A parte ruim é que todo o trabalho que tive para desenvolver  uma cartilha intitulada "flerte no trânsito" - cartilha esta que serve não só a mim, mas também a um amplo círculo de mulheres detentoras de uma CNH - foi em vão. O que servia antes já não é mais aplicável, a partir do momento em que os homens ficam embasbacados quando me vêem no volante do novo carro que dirijo por aí.

A parte trabalhosa é que precisarei inserir um novo tópico na tal cartilha, com uma detalhada explicação que deixe claro que, opa, homem no volante, eu não mordo, ok? Mentira, eu mordo, mas isto é uma outra história.

[Posso até não morder, mas vou ultrapassar facilmente e a criatura nunca mais me alcançará - o que, aliás, é típico da raça masculina, em se tratando da minha pessoa]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

["Suspiros, Flores, Perdão"]

"Mas juro, havia paixão"

 

[Esta coisa linda está me consumindo, me destruindo, acabando comigo e ainda vou me lembrar de cada nota e refrão, só sei que cê tava lá, e tudo o que aconteceu fugiu pra outro lugar eu não sei como parar]

terça-feira, 18 de setembro de 2012

[Feriado Em Imagens]

[A estrada]


[O horizonte]
[A imensidão]



[O óbvio]

[Azul piscina]

[A areia]

[O visitante]

[A lagoa]

[A vidinha mais ou menos]

[Rio das Ostras, Rio de Janeiro/Setembro de 2012]

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

[Quase Amor]

Ele espreme meus pensamentos como se tivesse minhas coxas entre as mãos. Ele arranca as palavras da minha boca como se elas fossem uma peça cheia de botões, difícil de se desfazer. Ele amassa minhas certezas como se fossem fotografias de amores que não deram certo. Ele devora meus desejos como se estivesse comendo sua sobremesa preferida, debruçado sobre meu ventre. Ele confunde minhas ideias e embaraça meus pensamentos enquanto acaricia meu cabelo e ri do meu deboche. Ele me toma às pressas, antes que eu fuja com o mapa dos meus tesouros e o deixe para trás, sozinho. Ele me invade, me preenche, me reparte e me divide em pedaços pequeninos, para que eu caiba no seu bolso, no meio das folhas do seu caderno, entre um minuto e outro dos seus dias, no lado direito da sua cama e no esquerdo do seu peito. Ele lambe minhas cicatrizes e molha minha boca com a ânsia dos inocentes. Ele quase me irrita, por desconhecer o poço sem fundo para o qual está nos levando, com a sede dos que quase me querem, sem querer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

[Vão Central]

Há um trecho da ponte conhecido como "Vão Central". 

Deve ser uma experiência e tanto gritar sua indignação, fazer seu mimimi, alardear seu arrependimento pelas coisas vividas ou suas críticas ao que fiz, faço e deixei de fazer, aos quatro ventos que balançam as estruturas de concreto. Sim, deve ser uma experiência e tanto.

[Muito melhor do que meus ouvidos, o Vão Central, com certeza, é. Isso posso garantir]

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

[Prescrição]


[Estou me tratando. Intensivamente]

sábado, 1 de setembro de 2012

[Um Milhão De Amigos]

E então? Diz para mim como é ter um milhão de amigos e todos eles, juntos, não conseguirem provocar nenhuma das sensações que eu, sozinha, conseguia provocar em você?

[Enfiar contatos no rabo e fingir que a vida é boa é o que de melhor sabe fazer, né, baby?]

terça-feira, 28 de agosto de 2012

[Transparente]

As coisas estão bem claras.

Você perguntou a ele como foi o domingo, o que fez de interessante, como foi ficar longe da sua pessoa e de que maneira sobreviveu. Como resposta, recebeu a seguinte mensagem:

xxxxxxxxxxx@hotmail.com disse (11:13)
foi bem dificil, mas ainda estou vivo. estou sem comer e com febre, por isso, apareça logo por aqui rs
beijo, até

Mais claras do que isso, meu bem, as coisas não vão ficar porque, né?, você é a rainha das entrelinhas e parece que faz escola entre todos que passam a conviver com sua descompensada pessoa, de modo que esta é a deixa para que vocês dois corram - para lados opostos, evidentemente.

[Está gritante. Está mais do que claro. Está transparente. Se liga]

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

[Quatro]

Siga Aonde Vão Meus Pés está completando quatro anos. Não sou a mesma. Em tanto tempo, minhas pegadas passaram de inocentes a apaixonadas, de apaixonadas a iludidas, de iludidas a arrasadas, de arrasadas a fortalecidas, de fortalecidas a enganadas, de enganadas a remediadas, de remediadas a protegidas, de protegidas a seminuas, de seminuas a despedaçadas, de despedaçadas a esperançosas, de esperançosas a algo que, hoje, é despretensioso - como se meus pés estivessem tocando de leve, apenas de leve, o chão que risco com as letras da minha alma.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[Surtada]

Trabalho com Surtada. Veja bem, não se trata de uma pessoa como eu, que surta de vez em quando - em situações absolutamente necessárias, claro -, mas de uma Surtada vinte e quatro horas por dia, sete dias da semana.

Ontem compartilhávamos o mesmo oxigênio: eu, uma amiga, um colega de trabalho - menino, tinha que ser - e Surtada.

Surtada brigava com um computador. Reclamava da internet, do seu time de futebol, das páginas em branco, de uma vagabunda que estava lhe devendo alguma coisa que não deu para entender, do pen drive que não abria, da dor no braço que lhe impedia de encher a cara da tal vagabunda de porrada, dos relatórios imaginários que precisava digitar e do cansaço de procurar as pedras que jogaria na vagabunda - assim mesmo, tudo junto e misturado, de modo que achei por bem esconder as tesouras que estavam dando mole sobre a mesa.

De repente, sem tirar os olhos do computador, Surtada perguntou ao colega - menino, repito - se ele sabia o que estava havendo com a máquina e o que ouvi foi um pergunta para a [P], foi ela quem configurou esse computador que me fez fuzilá-lo com o olhar, porque a) não tinha sido eu, lógico b) o problema não estava na máquina, mas dentro da cabecinha de Surtada e c) gosto muito de treinar fuzilamento quando preciso dividir um ambiente com espécies da raça masculina.

- Configurou igual a cara dela, né? - Surtada falou.

Configurei

igual

a

minha

cara.

Tá?

Não foi dessa vez, hein, Universo? Percebi logo que esperavam uma desenfreada reação da minha parte, que começaria com uma subida na mesa, um salto espetacular e um avanço no pescoço de Surtada, terminando com a galera tentando tirar o mesmo das minhas mãos. Percebi logo, Universo.

[É por isso que gasto dinheiro para ser eu diante de uma especialista num consultório, toda semana. Muita gente louca ao meu redor. Tenho que manter meu [des]equilíbrio em paz]

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

["Eu Finjo Ter Paciência"]

[por Charles Schulz

[Vou inaugurar um novo marcador no blog intitulado "Tão Eu" porque, né?, ando vendo muita coisa nessa vida que é bem a minha cara mesmo...]

sábado, 18 de agosto de 2012

[Test Drive]

Daí que decidi trocar de carro. Um engarrafamento tour pela cidade, algumas concessionárias e negociações depois, resolvi fazer um test drive no que mais me agradou. Expliquei que era uma voltinha de nada, coisa básica, só para ver quanto tempo levaria até atingir uns 150km/h o desempenho do possante.

O cidadão consentiu, lógico.

O cidadão consentiu e disse que, diante da impossibilidade de deixar a loja naquele momento, chamaria um outro rapaz para dar a tal volta comigo, lógico.

O cidadão consentiu, disse que chamaria outro rapaz para me atender e não teve a capacidade de explicar que se tratava de um deus eu poderia demorar o tempo que quisesse no meu test drive. Cidadão esquecido. Lógico.

Após um lapso de tempo que, no meu entender, podia durar uma eternidade, estávamos de volta à concessionária e não sei dizer em qual língua o cidadão explicava coisas como modelo, potência, opcionais e afins do carro, já que minha mente estava toda trabalhada nos cálculos para levar os olhos, a boca, os bíceps e a marcha para casa comprar o dito cujo.

Quando o cidadão quis saber se íamos fechar o negócio, imediatamente fiz a única pergunta que me cabia naquele momento.

Perguntei se o rapaz do test drive estava incluído. Lógico.

Não entendi o espanto. Não entendi o constrangimento. Muito menos entendi o despropósito do fato de me colocarem dentro de um carro com um sujeito que não me permitiu pensar em outra coisa a não ser fuck me, please e depois não fazerem de tudo para que eu efetuasse a compra.

Não estava incluído.

[Francamente, viu? Gente que não sabe sequer negociar, tsc]

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

[Esculacho]

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como esculachar um rapaiz babaca
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[Alguma coisa me diz que o fato de lidar com você já é uma forma de esculacho, colega]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

[Das Coisas Valiosas Da Vida]

de: Xxxxx Xxxxxx xxxxxxxxxxx@terra.com.br
para: "P."
data: 14 de agosto de 2012 13:31
assunto: coisas para ler

Tá moça, eu ainda prefiro os seus, mais ácidos, contundentes, com humor sutil, mas confesso que li esse e me lembrei de você. Achei pesquisando fotos no Google. Não estou te traindo, só ando sem tempo, e o que sobra vai pro Facebook.

Beijo, moça
Xxxxx

***

[Só eu fico felizinha com pequenos gestos assim?]

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

[Das Semelhanças]

Hoje, tempos depois, eu poderia perdoar muita coisa: as noites em claro, os travesseiros molhados, as músicas abandonadas, as poças d'água, o egoísmo latente, as rimas incompletas, os sussurros presos na garganta, a covardia explícita, as perguntas que não foram feitas, o que ficou sem resposta.

Uma coisa, porém, não posso perdoar: a permissão concedida para que outro tão parecido viesse e, da mesma maneira, ocupasse o buraco aberto de qualquer jeito e deixado para trás.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

[Egoísta]

Às vezes tenho vontade de juntar todas as frases - inteiras, soltas, encaixadas, inacabadas, simples, bobas, sérias ou indecentes - que ele me deixa e escrever um texto só com elas, cheio de nós dois.

[É uma vontade que aparece só às vezes. No fundo, não quero dividir o doce com o mundo. Quero inteiro, só para mim]

segunda-feira, 30 de julho de 2012

[Férias]

Não pode ter pressa. Nem pensar em dieta. Não dá para andar de salto. Mas dá para usar shortinho nos dias ensolarados. Não pode tirar fotografia da igreja mais rica do Brasil - aquela dos quatrocentos quilos de ouro. Não pode sentar no primeiro vagão da Maria Fumaça. Nem rir do sotaque deles. Eles também não deviam rir do meu. Não é aconselhável gritar ao fazer rapel. A água da cachoeira vai estar gelada demais. Não pode dizer que não dá vontade de ir embora. Porque serão convincentes o bastante para fazer com que a estadia se prolongue por mais um dia.


















































[Tiradentes & São João Del Rei, Minas Gerais/Julho de 2012]

segunda-feira, 16 de julho de 2012

[Babaca]

Ei, homem, vem cá. Quero falar com você.

Não com você, Homem maiúsculo, Homem de verdade, Homem que sabe fazer com que uma mulher se sinta única, Homem com pegada e, ao mesmo tempo, Homem que sabe tratar uma mulher com doçura, ainda que envolto no sal dos corpos suados. Não é com você que quero falar, Homem discreto e, por isso mesmo, instigante. Homem que sabe dizer tanto com poucas palavras, Homem que não precisa de uma verborragia escandalosa para fazer uma mulher tremer, Homem que, tenho certeza, deve ser o primeiro e o último pensamento de muitas sonhadoras por aí, também não quero falar com você.

É com você, Homem-Babaca, que quero conversar.

Especificamente com você, Homem-Babaca detentor de uma pobreza de imaginação ímpar - sim, porque só isso justifica a intrigante repetição de atitudes que você tem aqui, ali, lá e acolá. Se não consegue variar sua tática para aproximar-se de mulheres absurdamente opostas, você é um Homem-Babaca, lamento informar. Não quero acreditar que seja preguiçoso porque, sabe, Homem-Babaca, eu tenho preguiça de vez em quando e é bem diferente disso que você faz. Isso aí, de atirar para todos os lados com o mesmo punhado de munição em forma de versos soltos e rimas que nem sempre são rimas mas que rimam perfeitamente com sua intenção milimetricamente calculada em decassílabos que, quem sabe, fisgarão a Babaca da vez. Conheci três iguais a você, Homem-Babaca. Há uma proliferação de Homens-Babacas nesse mundo virtual, sabia? Vocês não são especiais. Eles não eram. Você também não é. Não se iluda, Homem-Babaca. Talvez você devesse juntar suas palavras, suas canções e suas bulas de remédios para dias ruins num livro dedicado às babacas de plantão. Ganhar dinheiro com sua babaquice, Homem-Babaca, sabe como?

[Porque uma Mulher, uma maiúscula, de verdade, que não suspire a cada linha já tantas vezes repetida... uma assim você não faz a menor ideia de como ganhar]

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

[Meu Mundo]

Vivo num mundo onde a bigamia é proibida as pessoas acreditam quando digo que, em virtude dos últimos acontecimentos, meu casamento na roça com o colega fuck me please do trabalho não passará de encenação e que, por isso, estarei rifando meu marido par, logo depois da festa. Neste mundo onde vivo, as pessoas costumam me levar muito a sério: tão logo anunciei a brincadeira, a mulherada entrou em polvorosa e, na tarde seguinte, apareceram os t.a.l.õ.e.s da suposta rifa. Tá? Aqui no meu mundo, as mulheres têm muitos pinos frouxos dentro das suas cabecinhas uma imaginação super fértil e, alegando que poderíamos fazer alguma coisa para que o nosso mundo seja um lugar cada vez mais maluco melhor para se viver, pensaram em investir o dinheiro arrecadado às custas da gostosura do colega da Matemática numa ação social que ajude ao próximo, àquele próximo tão necessitado de razão quanto elas, ou de coerência quanto eu - já que, né?, estou achando muita graça na coisa toda.

[Este é o meu mundo. Desculpa, sociedade]

sexta-feira, 29 de junho de 2012

[R]

Das ironias da vida.

Muitas reuniões de Centro Acadêmico, um Congresso da UNE, alguns Encontros Nacionais de Estudantes, vários debates, um monte de palestras e um coração partido repetidas vezes depois, eis que descubro que tudo caminhava, enfim, para que eu retornasse a um banco de cimento de uma universidade estadual e, em meio a palavras de ordem e gritos de protesto, sem esperar por absolutamente nada e totalmente distraída, conhecesse alguém que, sinceramente, não me interessa se é o certo ou mais um errado - mas que é, no momento, o que de melhor eu conseguiria pedir para mim.

[Se eu soubesse que qualquer pessoa que não compartilhasse uns palavrões numa passeata comigo era uma furada e que devia focar na minha própria categoria eu já teria feito isso, né, Murphy?]

terça-feira, 19 de junho de 2012

[O Casamento]

Conforme acontece em todo santo ano, já começaram os preparativos para a tão aguardada festa julina do trabalho. Depois de encarnar a ladra do noivo no último evento, agarrei com espartilho e cinta liga unhas e dentes a oportunidade de organizar a coisa toda este ano, com o único propósito de nomear a minha pessoa como a noiva da festa - abolindo qualquer possilidade de haver uma amante na história, claro.

E daí que agora acumulo mais funções do que já venho acumulando ao longo deste ano? E daí que tenho que ir de loja em loja procurando os enfeites de festa junina mais sensuais bonitos que já tenham sido fabricados? E daí que perdi uma noite inteira de sono preparando uma escala que inclui desde as barracas até as músicas que vão tocar na tão fatídica ocasião? E daí que já troquei meu vestido de noiva t.r.ê.s vezes, enlouquecendo a costureira? E daí, minha gente? E daí que eu me multiplico em várias de mim tudo descompensadamente, lógico e, sem querer, pergunto no meio de uma assembleia da categoria, lotada, se já designei quem irá ficar na barraca do beijo? E daí que está faltando pertinência nas minhas colocações? E daí?

Nada mais importa, além do fato de que, naquele momento constrangedor em que os pares da quadrilha foram formados, agarrei o nome de Gostoso da Matemática como se não houvesse amanhã, colei ao lado do meu e transformei o dito cujo no meu noivo. Tudo muito simples. Bastou dizer ele é meu e pronto é o noivo ideal, vocês não acham? e ninguém se manifestou contrariamente ao matrimônio.

[Como todo mundo pode supor, estou bem. Estou bancando a noiva coerente. Estou pensando em chamá-lo para escolher as alianças tranquila. Estou planejando a nossa viagem de lua de mel para julho equilibrada. Estou super zen. Estou centrada. Estou, sim]

quinta-feira, 24 de maio de 2012

[Bloqueio]

Como derrubar um bloqueio invisível arduamente construído há mais de cinco anos de convivência em dez atos:

1) Nomeie o sujeito de Gostoso da Matemática. Obviamente, Gostoso da Matemática terá que ser o supra sumo do local, objeto de cobiça das moçoilas e, portanto, sinônimo de dor de cabeça. Contrariando o comportamento exibicionista da sua raça, Gostoso da Matemática será sempre discreto sobre sua vida pessoal, educado no ambiente de trabalho e fingirá uma certa cegueira com relação ao transtorno coletivo que provoca no mulherio quando passa carregando suas réguas, seus equações e seu corpo moreno pelos corredores.

2) Você vai precisar de um ipê amarelo. Numa tarde ensolarada de outono, lá estará você, colando flores de papel crepom num ipê amarelo desenhado pela sua própria pessoa, numa clara demonstração de que sabe fazer de tudo um pouco nesta vida, incluindo a utilização das suas mãos para fins não lucrativos. 

3) Capriche na pose sensual enquanto estiver debruçada sobre a mesa com as mãos imundas de cola e o cabelo preso num coque feito de qualquer jeito, pois Gostoso da Matemática só aparecerá na sala quando captar que você está neste delicado momento da sua vida.

4) Gostoso da Matemática irá se aproximar e perguntar o que é aquilo que você está fazendo. Atenção - muita atenção - a este ponto: responda que é um ipê amarelo e complete com um não acredito que não está vendo que é um ipê amarelo, puxa vida. Entretanto, não fale de qualquer jeito, certo? O seu tom de voz terá que parecer severo, como se estivesse dando um puxão de orelha no Gostoso da Matemática, de modo que ele dirá, imediatamente, que não precisava responder daquele jeito e, meio sem graça, sairá da sala.

5) Climão. Seja a responsável por aquele climão que sucederá a saída de Gostoso da Matemática da sala. 

6) Com o fim do expediente se aproximando, não invente de sair antes que Gostoso da Matemática reapareça na sala para guardar suas fórmulas, sua raiz quadrada e seus parênteses no armário. Só assim você - ainda - estará colando flores de papel crepom num ipê amarelo quando a sala estiver cheia de gente e poderá ouvir Gostoso da Matemática se despedir, não sem antes acrescentar que faz questão de dizer que a árvore está ficando bonita, mesmo tendo levado um fora da sua descompensada pessoa. 

7) Engula seu deboche, explique que não havia sido um fora, repita o que dissera antes e ouça Gostoso da Matemática dizer que até parece que foi com esse amor todo na voz, foi muito mais um 'mas que porra, não está vendo que é um ipê amarelo'? 

8) Segure suas contrações, que parecerão querer te empurrar para cima de Gostoso da Matemática - tão sexy, meudeusdocéu, soltando um porra diretamente para sua pessoa -, sinta o ambiente inteiro constrangido e aguarde. Aguarde, tá? Esteja com a granada que irá derrubar o bloqueio invisível que ergueu entre você e Gostoso da Matemática na mão e aguarde.

9) Assim que Gostoso da Matemática sorrir e, em tom de brincadeira, pedir desculpas por ter feito uma pergunta tão óbvia sobre uma árvore que não podia ser outra coisa senão um ipê amarelo, solte a granada, respondendo com sua cara mais lavada que ok, tudo bem pela árvore, mas não te desculpo por existir e, ainda por cima, ser desse jeito aí.

10) Pronto. Junte os destroços do bloqueio invisível que deu tanto trabalho para ser construído, guarde-os na bolsa - no mesmo compartimento onde guarda seus comprimidos para dores de cabeça - e aprenda a lidar com o fato de que vão começar as apostas sobre qual desfecho a sua relação explosiva iniciada com Gostoso da Matemática terá.

[Seguimos fazendo tudo certo, não? Tudo certinho, uma beleza...]

segunda-feira, 21 de maio de 2012

[Luísa]

Guardada nas minhas próprias entranhas, ela queria liberdade há tempos, pobrezinha.

Ressuscitei Luísa:

http://confissoes-de-luisa.blogspot.com.br/


segunda-feira, 14 de maio de 2012

[Reclamações]

Estive pensando que talvez as pessoas tenham razão quando dizem que não entendem o porquê de eu reclamar tanto e ainda querer mais coisas da vida. Acho que elas estão certas. Não tenho motivos para reclamar. Não quando:

 a) Recebo correspondências. Quer coisa mais triste do que, em tempos de internet, não receber nenhuma cartinha? Eu recebo. O fato de que sou uma das poucas que recebem cartas me deixa um pouco constrangida, preciso confessar. Principalmente quando sei que frustrei esperanças. Posso até ver a cena: nota baixa-mãe-filho-verbo descascar. Será que vou parar de receber cartas? Isto não pode acontecer. O que seria de mim sem estas cartas, não é verdade?


b) Sou amada. Cara, sou muito amada. Jesus me ama. Sabe o que isso significa? Sabe o que é uma adolescente escrever isto naqueles minutos em que, sei lá, poderia estar... fazendo uma avaliação para nota? Olha, já andei ouvindo por aí que Jesus ama muita gente, mas agora sei que também estou no meio, faço parte do amplo grupo de pessoas amadas por Jesus e não há porque me sentir excluída - o que mais eu poderia querer da vida, me fala? 


[De fato, não dá para entender por que reclamo da vida. Agora estou entendendo tudo. Nem sei como agradecer...]

quinta-feira, 3 de maio de 2012

[Pistas]

Fizeram uma parceria com um órgão governamental lá no trabalho. Dentre os vários projetos que estão sendo desenvolvidos, está a oferta de alguns cursos como, por exemplo, o de fotografia.

[Já dá para supor onde este post vai chegar? Ainda não? Ok. Continuarei]

Como algumas coisas fogem ao nosso controle só pelo simples gostinho de nos deixarem com aquela sensação de que somos seres inadequados em determinados momentos da vida, fui a penúltima a saber sobre uma votação popular que durou nada mais nada menos do que q.u.a.t.r.o dias.

[Consegue imaginar onde vou chegar com este post agora? Precisa de mais pistas? Vamos lá, então]

Onde eu estava nos tais quatro dias - alguém deve estar se perguntando. Queria muito dizer que estava fazendo sexo selvagem sem parar com um macho alfa que sabe me comer como ninguém mas, olha, a verdade é que eu estava trabalhando, puxa vida. Se existe alguma coisa que 2012 já me deixou como lição é o fato de que, se acumulo funções, respeito aquela máxima que diz que não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo e desconheço o teletransporte, haverá coisas que serei a última a saber. Ou penúltima. 

Queria, inclusive, deixar registrado o meu pedido de desculpas por, inadequadamente, ter perguntado que diabos de votação era aquela que havia acontecido enquanto eu estava a) onde Judas perdeu as botas, resolvendo problemas de verbas, b) fazendo uma reunião extraordinária com funcionários de outro setor e c) participando de um seminário como representante oficial do trabalho. Totalmente absurdo o meu questionamento, vamos combinar, né?

[E agora? Deu para decifrar o final do post? Está ficando fácil, hein?]

As pessoas não sabiam que eu não sabia e, num ataque de loucura coletivo, me disseram para deixar de falsa modéstia, me deram parabéns e me desejaram sorte.

[Muito bem, agora todo mundo já sabe onde isso aqui vai dar]

Venci uma votação da qual nem sabia que estava participando. Brevemente estarei sendo fotografada, durante dois dias, por uma equipe profissional e seus estagiários-assistentes - meus subordinados, que é para a situação ficar o mais constrangedora possível -, em alguns pontos históricos da cidade, previamente selecionados pela minha pessoa. Não sei quantas caras e bocas terei que fazer, nem tampouco as roupas que vou usar. Em compensação, estou sabendo que terei o direito de possuir uma cópia do making off, veja que coisa fantástica!

Ah, sim. Parece que estão colocando a maior fé em algum tipo de poder de convencimento que possuem, de modo que acham que vão conseguir me convencer a liberar uma foto ou outra para estampar um outdoor da cidade. Coisa básica. Coisa discreta. A minha cara, hein?

[Imagine, [P], a Playboy é o limite, menina!, já me disseram. Aham. Eu sempre quis mesmo um caminho fácil que me levasse ao estrelato instantâneo. Meu sonho de criança era crescer e estampar uma capa de revista masculina para depois, no meu trabalho, discutirmos as posições que tive que fazer na hora de fotografar. Eu sempre quis ter tudo de maneira fácil, sempre fui fácil, sou uma facilitadora em potencial. É meu talento. Taí minha vida amorosa que não me deixa mentir, né?]

sábado, 28 de abril de 2012

[Jardim Botânico]



















[Dá para entender porque o lugar era um dos preferidos para servir de inspiração a Tom Jobim. Eu sentei num banco, tirei meu caderno de textos que nunca serão publicados da bolsa e escrevi três, de uma só vez]