sábado, 29 de novembro de 2008

["Eu Juro, Eu Te Amo Desde Que Eu Nasci"]

[O Ruivo. O que dispensa comentários]

["Está em cima com o céu e o luar, hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas e séculos, milênios que vão passar..."]

["Eu não vou chorar, você não vai chorar; você pode entender que eu não vou mais te ver, por enquanto, sorria e saiba o que eu sei, eu te amo"]

[Porque eu pedi com jeitinho para que ele cantasse "E eu vou guiando, eu te espero, vem; siga aonde vão meus pés, porque eu te sigo também" olhando na minha direção]

["Eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar, e de você e de mim"]

[Oi, Carlos Pontual. Meu nome é [P], tenho um blog cujo nome é inspirado numa música do Ruivo e "não sei se o mundo é bão", mas você e Diogo Gameiro são, sim]

["Vem me ensinar a falar, vem me ensinar a ter você; na minha boca agora mora o teu nome, é a vista que os meus olhos querem ter; sem precisar procurar, nem descansar e adormecer..."]

["Eu só queria te contar que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia, e a vida que ardia sem explicação..."]

[Está vendo o Ruivo de cabeça baixa? Foi logo depois que ele explicou que sempre prefere cantar aquela música ao ar livre, pois assim todos podem ver as estrelas. A canção é de uma estrela que, ele tem certeza, sempre se faz presente quando é tocada a sua canção. E então, enquanto os primeiros acordes eram iniciados, naquele momento em que ele está de cabeça baixa mesmo, começou a chover. E choveu durante All Star inteirinha. Quando ela terminou, em coro uníssono, a estrela parou de chorar sobre nós. De arrepiar. Mesmo]

[Porque uma [P]essoa vítima de alterações alcoólicas e duas doses de desdém com gelo consegue tirar fotos esquartejadas em ângulos estranhos. Isto sem falar no banho de chuva, nos pés descalços, na rouquidão e na aventura que é uma volta para casa pós-Ruivo...]

[Nando Reis e Os Infernais / Novembro de 2008]

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

[A [P]ecadora]

Uma amiga contou sobre um tal calendário lançado pelo Vaticano cuja existência, aparentemente, apenas EU desconhecia. Então abro mão de todo o trabalho empilhado que me aguarda numa mesa igualmente abarrotada de porcarias comestíveis em prol desta notícia. Porque, como todos nós sabemos, devemos valorizar nosso bem-estar, nosso equilíbrio, nossa paz interior, ao invés de nos desdobrarmos em trabalho que, no final das contas, nos trará o que? Dinheiro? Quando traz, certo? E dinheiro não traz felicidade, irmãos. Dinheiro não é tudo e blábláblá.


Sim, Padres, eu pequei.
Devo confessar, na verdade, que sou pecadora compulsiva desde criancinha.
Onde exatamente devo ajoelhar para pagar minhas penitências infinitas antes de ir para o inferno de vez?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

[O Outro]

Não gosto de pessoas ou coisas que se espalham intimamente, invadindo o meu espaço.

Percebendo que Luísa está fazendo exatamente isto, decidi que talvez fosse o momento de convidá-la, gentilmente, a se retirar do espaço dos Meus Pés.

Aí ela foi parar aqui: Luísa.

[Porque um único blog é pequeno demais para nós duas]

domingo, 23 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

[Às Escuras]

- Eu só vim porque preciso dizer duas coisas - Luísa disparou enquanto olhava fixamente aquele par de olhos castanhos à sua frente.

Pensou em dar tempo para que uma nuvem de interrogação surgisse na sua frente. Pensou também em não dar chance para que ele esboçasse qualquer reação. Pensou que devia pensar com calma o próximo passo. Pensava atropelando o próprio raciocínio e acabou por ser interrompida em seu devaneio solitário:

- Considerando que já me disse uma frase, estou esperando a segunda coisa. Diga.

Por que ele tem que ser assim?, ela pensou. Mas se estava achando que sairia ileso, estava enganado. Luísa ajeitou o vestido enquanto via folhas caídas dançarem um balé descompassado aos seus pés e procurava perdida por entre papéis de bala e cuspes alheios no chão onde pisava a resposta ideal, a que ele merecia, a que não deixaria vão para réplicas. Dona das últimas palavras. Assim era ela.

Fred parecia impaciente, mas com paciência suficiente para assistir àquele precipitar de mãos, lábios e pensamentos. Gostava de provocar contrações sentimentais naquela que havia sido, até então, seu único ponto fraco em meio a uma coleção de quadris, coxas e sussurros. E Luísa nem sequer sabia desta sua fraqueza, ocupada demais que estava com seus brios, suas erupções escandalosas em vermelho sangue e seu caderno desbotado de versos e historinhas pueris. Por que ele tem que ser assim?, repetia a si mesma.

- E então? - ele insistiu.

Enxugou o excesso de furor das palavras decoradas na noite anterior. Aboliu as observações inúteis sobre o caráter daquele homem à sua frente. Encurtou o discurso melodramático a ponto de considerá-lo desnecessário naquele momento. De pé na frente de Fred e olhando bem no fundo dos seus olhos, ela disse apenas:

- Me coma.

Dona das últimas insinuações. Assim Luísa fazia questão de ser. Pensou em ajeitar o cabelo num coque parecido com o da fotografia desbotada da avó, já que ventava demais àquela hora da noite. Achou melhor abandonar os fios à própria sorte, pois viu que suas mãos seriam mais úteis segurando o vestido para que ele não descobrisse a nudez úmida do meio das suas pernas. Luísa era contraditoriamente recatada. Mesmo que o muro da igreja às escuras gritasse o contrário e mesmo que se visse obrigada a deixar Fred parado com seu desejo nas mãos, sozinho, sem olhar para trás.

Se fosse viva, talvez a avó pensasse ela tinha esquecido de notar que Fred não estava saciado. Esquecida, Luísa era. Mas, desta vez, ela só estava fazendo questão de ser inesquecível, a pobre.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

[Das Descobertas]

Ela estava sentada na beira da cama desarrumada há pelo menos uma hora. Já tinha tentado fumar, mas sem sucesso. Maldita mania aquela de seguir como se fosse uma puritana de igreja as decisões que concebia para si mesma, ora como passatempos fúteis, ora como um credo a ser entoado com louvor suficiente para que não caísse em tentação. Foi assim com a decisão de parar de fumar. Qualquer hora dessas ia inventar que devia parar de beber e andar com um coque igual ao da falecida avó. Se fosse viva, talvez se orgulhasse da total falta de jeito da neta para ser moça pudica. Sim, porque ela mesma, a avó, aprontara pelas noites da cidade noutros tempos. Se bem que, não, parar de beber ela não ia prometer mesmo. Não enquanto aquela garrafa de whisky continuasse a observá-la na mesa de cabeceira. Uma hora e meia, quase. E ela permanecia na mesma posição. Pernas cruzadas e rosto apoiado nas mãos, por sua vez apoiadas nas pernas despidas. Gostava de andar seminua pela casa quando estava só. Era como se o seu corpo lhe fizesse companhia e lhe bastasse quando estava irritada demais para aguentar gente. Gente sempre lhe causou uma certa aversão. Aversão às avessas, porque quanto mais queria se isolar, mais se aproximava de desgraças iminentes. Ela mesma, um vulcão prestes a entrar em erupção, avessa a contatos cheios de pormenores com gente. Ela mesma, uma despudorada enrustida se deixando atrair e levando para dentro de si o caos do mundo em forma de corpos suados e membros eretos. Ela sabia que era sua contradição que atraía. Usava-a, portanto, intencionalmente. Uma hora e quarenta e cinco minutos depois, pôs-se a andar pela casa. Achou melhor guardar aquela bebida que fitava-a com rancor. Ela era assim. Gostava de imaginar reações até mesmo em objetos de desejo. Achou bonito pensar que o gargalo da garrafa de whisky implorava pela sua língua em seus contornos. E assim pensou. Tomou apenas água gelada com a porta da geladeira aberta, para fazer inveja ao whisky excitado e para apaziguar o fogo que a consumia desde a noite anterior. E se ele estivesse à sua espera?







Luísa, enfim, desceu as escadas às pressas. Estava atrasada, para variar. Tanto tempo perdido sentada naquela cama. Tanta confusão de sentimentos a impedindo de escolher qualquer peça de roupa mais discreta que fosse. Lavou o rosto três vezes antes de decidir usar apenas um batom cor de boca mesmo, para que os olhos dos outros não se fixassem mais nos lábios carnudos do que nas palavras que eles poderiam proferir. Luísa gostava da expressão cor de boca. Sentia como se uma língua desenhasse sobre seu corpo a expressão cor de boca sempre que a pronunciava. Havia também cor de sexo. E cor de gozo. Escrevia com batom vermelho no canto do espelho do banheiro as expressões que não queria esquecer quando estivesse transando com o homem da sua vida, só para lembrar de caprichar nos matizes coloridos que derramaria sobre ele e sobre os lençóis.

Cumprimentou quem encontrou pelo caminho com um leve balançar de cabeça e, durante a caminhada até seu destino, achou por bem repetir a si mesma o seu discurso ensaiado. Não importava que pensassem que era louca por estar falando sozinha. Era mesmo louca. Falava mesmo sozinha. Sozinha. Eu só vim porque preciso dizer duas coisas, repetia com vigor. Modificava a entonação ao mesmo tempo em que ajeitava o cabelo esvoaçante, como se procurando combinar a fala perfeita com o semblante perfeito. Anoitecia e o vento aumentava. Luísa gostava do escuro. Mas não do vento. Apressou seus passos. Aumentou o tom da voz. Queria ouvir a si mesma. Enfim, chegou ao seu destino. E só então, num instante de calafrio provocado pela queda da temperatura e por um vento mais ousado, percebeu que tinha esquecido de colocar sua calcinha.






Assim era Luísa. Esquecida. E inesquecível. Como toda falsa inocente deve ser.

[Continua...]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

[Impressão - II]

"Falar com você me parece estar com um felino perigoso. Sei que corro riscos, mas gosto. Sei que é belo, mas perigoso. Sei que me conhece, mas respeito... Como uma pantera dócil. Que pode, quando eu me distrair, me pegar".

[Porque uma [P] não é feita somente de mente poluída. Existem também os ataques imprevistos, as oscilações de humor, o risco do perigo e uma certa docilidade em horas vagas]

terça-feira, 4 de novembro de 2008

[Prece]

I-n-f-e-r-n-o A-s-t-r-a-l.

Com um diferencial, em comparação aos outros anos: é um inferno astral regado a uma overdose musical, entende?

"Pai, afasta de mim este Jeff Buckley
Pai, afasta de mim este R.E.M
Pai, afasta de mim este Chico-olhos-cor-de-ardósia"

E tenha piedade dos que convivem comigo, porque sou capaz de chorar se alguém se aproximar e cantar O cravo brigou com a rosa na entonação correta...

[Prêmio Para Os Pés]

Welker, dono do Cesto de Lixo do qual sou assídua catadora de linhas inteligentes e autor dos comentários mais divertidos deixados por aqui, presenteou o blog com um selo, o "Prêmio Dardos":


(O prêmio Dardos tem como objetivo: "Reconhecer os valores que cada blogueiro mostra a cada dia, seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras...". Para aceitar o selo deve-se citar e linkar o blog de quem recebeu, publicar a imagem do selo e repassar para mais 15 blogs.)

Parece que as pessoas obedientes que recebem este selo devem repassar o mesmo para mais quinze blogs, né? Mas... pára e pensa: eu, a [P], não posso dar mais do que dez. No bom sentido, claro. Portanto, vou incorporar a subversiva e indicar os seguintes blogs:

Clarice na Janela. É a janela onde gosto de perder horas vendo o compasso das suas linhas.

Pensamentos Soltos. Porque ela escreve sobre todos os assuntos com um toque pessoal que torna seus textos inconfundíveis. Além do mais, me aguentar, por si só, já mereceria um prêmio.

Love is no Big Truth. Ele nunca perde o jeito para escrever aqueles textos profundos que me cativaram há um bom tempo e sabe mesclar uma música que faz lembrar de mim com típicas cobranças de encurtamento de espaços geográficos, como se eu pudesse encolher o mapa do Brasil e torná-lo morador daquela esquina logo ali, sabe?

Dever cumprido. Agradeço aos meus pais, ao meu bom senso e ao Welker. Os responsáveis pela minha chegada a este mundo. O responsável pela minha vocação para ganhar a vida trabalhando como uma escrava ao invés de almejar ser a próxima capa da Playboy. E o responsável pela descrição sessão da tarde do Siga Aonde Vão Meus Pés e pelo presente para o blog.

sábado, 1 de novembro de 2008

[Impressão]

"A mente da [P] é praticamente um Tietê".

E pensar que alguém se jogou, se intoxicou, se afogou...

Felizes os que se agarram às frágeis cordas arremessadas facilmente de uma margem qualquer.

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Felizes?