domingo, 30 de dezembro de 2012

[2013]

"Vou embora agora. Fica tranquilo. Aconteceu como tu tinha previsto, não aconteceu? 
Mas vai ser mais rápido do que tu tinha imaginado. Já acabou." 
[Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera]

Sabe, 2012, eu achei que não ia conseguir lidar com um ano de apenas dois meses. Quando você chegou, avassalador, jogando no meu colo o dobro de responsabilidades profissionais e um sem número - sério, perdi a conta, 2012! - de espécies da raça masculina para lidar, pensei em jogar tudo para o alto e sair correndo. Dois meses eram insuficientes para peneirar as qualidades, sentir os perfumes e decidir o que fazer mas, como sabia que era o que esperava de mim - a desistência, né, 2012? -, fiz o que só eu mesma poderia fazer: peguei todos - os problemas profissionais, claro! - para mim, só para esfregar no seu calendário o quanto sou capaz de ocupar um cargo de chefia sendo a chefe mais enjoada e, no entanto, a mais obedecida de todos os tempos. Veja bem, 2012, foi ótimo que você tenha existido por apenas dois meses. Não sei o que aconteceu antes desse tempo, porque tudo se perdeu quando eu escolhi. Escolhi viver o seu tempo da forma mais intensa que poderia viver. Eu menti, 2012, quando disse que me arrependi. Serviu para que eu aprendesse a desacelerar, a esperar, a respirar e, por isso, não posso estar arrependida. Dois meses de aprendizado, 2012. Estou tão pronta para o ano que está batendo ali na minha porta - e ele bate tão apressadamente, 2012, que vou ter que dar algumas lições de como desacelerar o ritmo, acredita? - que arrisco a dizer, com a minha mais solene arrogância, que não vou errar outra vez. É uma segurança que vem não sei de onde, mas que está aqui, pulsante como as ideias que guardo em rascunhos para virarem textos depois. Um intensivo de um ano em dois meses, eis o que você foi para mim, 2012. Sensações tatuadas para sempre na minha alma.

Sabe, 2012, eu achei que não ia conseguir lidar com um ano de apenas dois meses, mas você foi muito bem vivido, seu danadinho. Só que, olha, foi mais rápido do que eu tinha imaginado. Vai, 2012, você "já acabou".


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

[13.]

"Sente a presença constante de uma coisa indefinida que está demorando para acontecer."

Comprei o livro no dia em que nos vimos pela primeira vez. Comecei a ler na manhã seguinte. Já sabia que, desde então e para todo o sempre, este seria o livro que eu associaria a ele.

"Tem meia dúzia de pessoas que a gente encontra nessa vida  
que deixam uma impressão forte que nunca passa."

Antes do seu perfume, antes da sua voz, antes da sua risada, antes do jeito com que arruma o cabelo, seria o livro - afinal de contas, eu tinha certeza que as oscilações que me perturbavam teriam um pano de fundo lindo, escondido entre as páginas que devorava.

"Mas é inútil dizer palavras ao vento."

Anotei as - muitas - passagens que falavam de nós dois numa folha de caderno de menina, como fui chamada nos últimos meses.

"Eu brinco com minhas amigas que a gente tá vivendo a Era do Tá Foda."

Cheguei no último capítulo. O treze. O que começou me fazendo chorar.

"O que importa é o que resulta da atitude. Que resultado a ação da pessoa 
vai ter no sofrimento de todos os envolvidos." 

O único que está sendo adiado ao máximo porque sei que, tão logo termine de ler a última frase, eu terei chegado ao ponto final.

"Vamos tentar simplesmente não falar a respeito. [...]
 Querer saber o que um tá sentindo, o que o outro tá sentindo. 
Sei que devo parecer louca, mas falar sobre as coisas avacalha tudo para mim. 
É só dar nome que morre."

[Ao ponto final de um duplo fim]

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

[Do Embaralhar]

Vamos chamá-lo de... hum... "Mno".

E vamos supor que eu esteja observando o seu comportamento... digamos... estranho há alguns meses.

Começou com uma insistência para que eu explicasse um comentário totalmente aleatório e feito há muito tempo. Uma insistência que terminou com a frase "você sabe tudo, [P]".

[Sem querer decepcionar, mas não sei porra nenhuma, meu amor. Parece que sei? Não sei, juro. Estou aqui, perdidinha, implorando orientação mental/sentimental/astral/sexual/espiritual a qualquer pessoa que aguente me ouvir repetir a mesma ladainha por infindáveis minutos, na hora do almoço, ao telefone, no meio do trânsito, ad aeternum, até me dar por satisfeita mas, né?, parece que finjo saber tudo de maneira exemplar]

Além de ~saber tudo~, sou aquela que posta tudo o que ele gosta - é assim que interpreto o fato de que a pessoa curte e comenta minhas músicas, as frases dos livros que estou lendo, as imagens e os devaneios que arremesso na badalada rede social que nos une como amigos. Também não preciso mais me defender de ninguém porque, ora bolas, lá está ele, mandando as pessoas tomarem seu rumo, ao invés de me incomodarem. E hoje, nosso último dia de trabalho, ele fez questão de ir até a sala onde eu estava, para desejar aquelas coisas que se deseja no fim de ano. Super legal da parte dele, não fosse o fato de ter atravessado uma sala onde estavam outras sete pessoas, ignorando qualquer sinal de boa educação, só para se despedir de mim. Está complicado avaliar que tipo de abraço e beijo e proximidade e sussurros fantasiados de desejo de coisas boas para o ano que vem foram aqueles porque, na verdade, ele me abraçou como outra pessoa recentemente me abraçou, virou as costas e foi embora.

- Ele me abraçou do mesmo jeito! A única diferença é que parou aí, mas foi o mesmo abraço.

Dando prosseguimento à série "não é porque você é minha amiga que pode sair me ofendendo e embaralhando minha já embaralhada cabeça", de jeito nenhum você pode dizer, após meu relato das esquisitices de "Mno", a seguinte frase:

- [P], presta atenção, quando você estiver sozinha, ele não vai parar, ele vai falar, está na cara.

[A parte boa é que acabei de entrar de férias e não curto o chat da badalada rede social, de modo que não ficarei sozinha com "Mno". A parte ruim é que não vou deixar de consultar uma amiga só porque ela me ofende e embaralha meus pensamentos. E a parte ininteligível é, céus, por que me peguei pensando "mas seria tão mais fácil com 'Mno' e eu fico nessa de querer o mais complicado"? Pois é]

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

[A Ofensa]

Vamos chamá-la de... hum... "Xyz".

E vamos supor que eu tenha feito... digamos... umas besteirinhas aí.

Você pode ser minha m.e.l.h.o.r amiga, me entender como quase ninguém me entende, dizer as coisas certas, na hora certa - ainda que não sejam as coisas que eu gostaria de ouvir -, ser a cúmplice ideal para os meus pequenos delitos descompensados e você pode até ameaçar me bater, após me ouvir contar sobre as tais besteirinhas que andei fazendo por aí.

Uma coisa, porém, você não pode fazer.

Em hipótese alguma você pode dizer "[P], está parecendo até Xyz!" Não, isso não se faz. Nossa amizade não lhe dá o direito de pegar tão pesado assim. Aceito adjetivos como louca, descompensada, maluca, desnorteada ou paranoica. Em último caso, me chama de aprendiz fajuta de quenga, sei lá. Só não me chama de "parecida com Xyz". Não tenho estrutura para suportar isso.

[A parte boa de ter sido OFENDIDA é que imediatamente repensei minhas atitudes e, opa, não é que minhas minhocas estavam trabalhando a mil dentro da minha cabecinha, não me deixando enxergar as coisas com clareza e me fazendo executar besteirinhas por aí? Que coisa...]

sábado, 15 de dezembro de 2012

[A Cena]

Atravessei a Presidente Vargas e andei por toda a Rio Branco.

Aos prantos.


No caminho, um guarda municipal, um estranho com jeito de nerd, um segurança, um senhorzinho, um PM e um morador de rua, enfim, todas essas criaturas perguntaram o que estava acontecendo e se eu precisava de ajuda, mas não pude responder educadamente porque estava toda trabalhada na confusão mental e muito compenetrada em alagar a avenida, sem contar no malabarismo para segurar um vestido que teimava em voar, no meio do temporal que se aproximava.

Assim.

Só faltou trilha sonora para a ~magia~ da comédia romântica acontecer.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

[A Franja]

Acho que é a franja. Não há mais nada que explique tal comportamento, então, só pode ser a franja. 

Depois de anos tentando me convencer a cortar o cabelo daquele jeitinho super-hiper-mega-master-power curto, sem sucesso, a moça boazinha - que lava/enxágua/hidrata/lava/corta/mas não tira muito/você sabe/de quatro, homem adooooooooora puxar um cabelo/pega espelho/olha, [P], me deixa tirar só mais um pouco/desiste/pega a tesoura/ameaça me recortar em mil pedacinhos - conseguiu, quase à minha revelia, encaixar uma franja nesta minha cara de pseudoadulta, de modo que, quando vi, a pessoa estava dizendo uma franja? hein? deixa eu picotar uma franja em você? vai gostar, confia em mim, manuseando a tesoura e ignorando meu apelo de olha, não estou muito certa disso, não, toda trabalhada na ânsia de transformar meu rosto de pseudoadulta em algo mais pseudoadulta ainda, claro.

Só pode ter sido a franja que fez com que o Tiozão do trabalho decidisse que, no meio de trocentas mulheres, tinha que ser eu a escolhida para suportar suas mais infames piadinhas. Não sei, mas deve ter a ver com um desejo do seu subconsciente pela minha franja desfiada que - há! - agora justifica todo aquele meu amor por juntar o cabelo num coque bagunçado, prender displicentemente e sair feliz da vida para trabalhar. Deve dar tesão. Bom, prefiro pensar que deve dar tesão do que imaginar que estou lidando com um legítimo retardado de mais de cinquenta tons de tintura capilar anos.

[E pensar que eu só queria ouvir o linda loira que ouvi mesmo. Tiozão, definitivamente, não fazia parte do pacote, Murphy]

sábado, 8 de dezembro de 2012

[Tradução]

"Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção"


[Não consigo encontrar, no meio das minhas próprias palavras, algo que melhor traduza... o tanto]

"E o meu lugar é esse
Ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro..."

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

[Primeira Vez]


[Faz tanto tempo, que estou tensa há dias, sem conseguir dormir, comer ou respirar direito, só de imaginar a proximidade de mais uma "primeira vez"]