segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

[Da Arte De Ser Menino - II]

Um colega - menino, né? tinha que ser menino - fez uma dinâmica com seus pupilos que, inclusive, são meus também.

[Guardemos bem este fato. Eu também lido com tais pupilos. Agora podemos continuar]

Ao que tudo indica, sua intenção era conhecer o gosto musical da galera adolescente para, depois, utilizar as músicas nas semanas seguintes. Primeiro ele fez uma espécie de sondagem inicial e, num segundo encontro, levou algumas das músicas que os anjinhos tinham sugerido, só para descontrair a atividade, sabe? Pois bem. Depois seguiu com seu plano, entregando a todos uma folha em branco, na qual eles deviam responder algumas questões, mas de maneira livre, em forma de texto. Dentre as questões sugeridas pelo colega estavam: explicar o porquê da música escolhida, a relação da mesma com a vida da criatura e o momento em que a canção tocou seu coraçãozinho.

[Ops, peraí! Parece que a última coisa que a galera hormonalmente perturbada tinha que fazer era explicar se a música escolhida lembrava alguém do seu círculo social, quer fosse familiar, de amizade, de vidas passadas, enfim]

Numa bela tarde, o colega sentou-se ao meu lado e mostrou o texto que um dos meninos - ah, vai... tinha que ser menino de novo, né? - havia produzido. Eis o trecho onde explicita o porquê da relação transcendental entre pessoa e canção escolhidas:


Quando perguntei de qual música se tratava - o colega não me permitiu ler tudo, somente a parte que me cabia naquele latifúndio -, não contente em deixar aquela curiosidade pesando no ar da nossa sala - aham, todo mundo participava festivamente da leitura do texto -, ele foi até o aparelho de som e pôs isto aqui para tocar:


Nunca fiz tanto sentido. Faço todo o sentido do mundo, no entender de um alguém de dezoito anos. Olha, eu não sei o que dizer. Fiquei sem saber o que dizer, com minha melhor cara de hã? e, desde então, tenho trilha sonora entre os coleguinhas.

[Pensando bem, eu tenho algo a dizer sim: não está na hora de baixarem um decreto proibindo os meninos de terem ideias, não?]

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

[Da Arte De Ser Menino]

Então existem os meninos, né? O que seria de nós, meninas, se não existissem os meninos para ..., para ... e para ...? Num dos meus trabalhos, os meninos fazem parte de uma intrigante espécie homo que, creio, ainda não foi catalogada em todas as suas nuances. Senão, vejamos:

Temos uma sala só nossa. Entramos na nossa sala e logo no centro avistamos uma enorme mesa, na qual eu despejo, ela despeja, eles despejam, nós despejamos bolsa, pasta, laptop, mapas, filmes, água, lamúrias e avaliações. De vez em quando entrávamos em desespero, mas isso foi há tempos, quando tínhamos que disputar grampeadores que, num passe de mágica, desapareciam. Um dia, alguém - que certamente não foi um menino da intrigante espécie homo com a qual convivo - teve a magnífica ideia de prender um grampeador grande, robusto, viril e atraente numa das pontas da nossa mesa para que, enfim, a disputa enlouquecida pelos grampeadores chegasse ao fim. Assim, ó:


Entrávamos na sala e logo avistávamos o dito cujo, até o ano passado. Férias vieram, férias terminaram e voltamos a trabalhar. Ontem eu estava numa vibe vou me espalhar aqui, me deixa trabalhar em paz quando, de repente, precisei do robusto grampeador que, vejam só, havia desaparecido do seu lugar cativo. Estávamos eu e dois meninos na sala. Perguntei se sabiam onde estava o objeto. Para minha surpresa, eles me mostraram o grampeador, que estava grudado numa outra ponta da mesa, próximo a eles. Assim, ó:


Visualizou, né? Um dos meninos, gentilmente, quis me ajudar a grampear minhas coisas, desistindo logo após eu explicar o passo a passo da minha vibe trabalhadora. Terminei de usar o objeto, voltei para meu lugar e, então, começaram a reclamar. Disseram não entender o porquê de terem trocado o grampeador de lugar, nem tampouco não terem notado que lá onde ele estava era incômodo para todos, já que é o espaço reservado para o uso de laptop. Fiquei tensa com o crescendo das reclamações, afinal, eu só queria trabalhar, não queria participar de nenhuma rebelião em defesa de um lugar digno para grampeadores. Segue o diálogo dos meninos:

- O que podemos fazer? O pior é que agora vamos ter que dar um jeito de arrancar esse troço daqui, aqui não pode ficar, tem que voltar para o canto dele.

- Mas isso vai dar um trabalho, não? O que vamos fazer?

- Que tal vocês simplesmente mudarem a posição da mesa? - foi o que eu disse, depois de vencer a tensão.

Expliquei que o grampeador continuava no mesmo lugar e que alguém muito malvado tivera a péssima ideia de tentar confundi-los, alterando a posição da mesa. Joguei toda a culpa nesse alguém malvado que até agora não sabemos quem é, porque eu não queria ofuscar a todos com o brilho da minha inteligência superior, puxa vida. É, eu sei, sou muito fofa mesmo.

[Meninos... tsc!]

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

[Orgia]

I

Mal permitiu que ela passasse da porta. Estava esperando há horas. Ela e aquela maldita mania de chegar sempre atrasada. Mal esperou mesmo. Ela só teve tempo de jogar a bolsa sobre o sofá e se viu arrastada até a primeira parede disponível no estreito apartamento de um quarto só. Não era de todo mal estar imprensada entre aquele pau latejando na sua frente e um bando de cantores suicidas alisando suas costas. Quantas vezes pedira para que ele se livrasse daqueles cartazes velhos e desbotados, quase tão inúteis quanto suas memórias de dias quentes de verão? Naquele momento, porém, excitada e na ponta dos pés, pensou que quanto mais cartazes atrás de si, melhor.

II

Por que ela escolhera tantos botões? Botão para tudo quanto era lado e tudo o que ele queria era chegar no meio das suas pernas de uma vez. Devia ter feito de propósito. Ela e aquela maldita mania de tirar qualquer um do sério. Virou-a de costas e, na sua fúria contra os botões, contava todos, um por um. Alguns escapavam dos seus dedos, do mesmo jeito que sua saliva saltava pelos cantos da boca, do mesmo jeito que ela já escapara tantas outras vezes, pela porta dos fundos daquela sua vida podre. Pensava no que faria para vingar-se daquela demora premeditada, enquanto ela não fazia outra coisa a não ser lamber a parede.

III

- O que você está fazendo? - ele quis saber.
- Te esperando. Quanta demora...
- Ora, sua, sua...
- Quanta demora...
- Está gostoso isso daí?
- Qualquer gosto é melhor do que esse que sai da sua boca, esse seu gosto insosso que tempera poesias baratas para qualquer vagabunda que aparece no seu caminho.
- Você não aguenta provocações.
- E você não aguenta com meus botões...

IV

Dividiu-a entre os quatro homens colados na parede do apartamento de um quarto só, guardando as melhores fatias para comer sozinho, devagar, com os dedos, com a língua, no sofá velho da sala vazia. Ela e aquela maldita mania de fechar os olhos a cada espasmo, de gemer como uma puta falsa que, de tão falsa, o convencia de que ele era o melhor que ela já tivera dentro de si.

V

Antes de ir embora, ela pediu ajuda. Omitiu a saudade, escondeu as noites insones, fingiu-se de forte. Pediu ajuda apenas com aqueles botões. Ele a olhava nua, no meio da sala, com uma peça de roupa na mão. Sorriu debochado, apontou para a parede e falou que havia muitos ali para ajudá-la, bastava escolher. Sempre tão previsível. Ela deu de ombros. Abriu a bolsa - ela e aquela maldita mania de premeditar tudo -, pegou um vestido e, antes de bater a porta para nunca mais voltar, escutou aquela merda de homem que nada mais era para ela a não ser um pau duro nas horas vagas perguntar se não estava esquecendo nada, segurando sua calcinha entre os dedos.

VI

- Fique com ela. Vai ser a única coisa minha que terá para lamber de hoje em diante.

Saiu, carregando consigo o mais viril dos cartazes. Aquele suicida que ela podia jurar ter visto revirar os olhos enquanto era comida de quatro na sala vazia do apartamento de um quarto só.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

[Minhas Aspas]

Desde pequena me ensinaram que é dando que se recebe. Pois bem, talvez eu não esteja dando o que realmente posso dar. Por mais que já tenha dado nesta minha vida, acho que, ainda assim, posso sair dando mais por aí.

Já dei ombros, ouvidos. Já dei de ombros, já me fingi de surda.
Já dei o melhor de mim. Já me fingi de inútil.
Já dei atenção. Já ignorei por completo.
Enfim, já dei. E já deixei de dar também.

Agora eu queria dar. Assim, do verbo dar escancaradamente, sem reservas, sem pudores. E mais, quero dar a duas pessoas do sexo feminino, tá?

Deixa eu apresentar a vocês a Maria Milesi e a Gab.

Maria Milesi é uma criatura habitante da Cidade-Maravilha-Purgatório-da-Beleza-e-do-Caos que, aparentemente, não usufrui de um par de pernas bacanas e, por isso mesmo, achou que seria legal roubar MINHA foto para ilustrar um texto do seu blog. Ops, esqueci de dizer... minha foto para ilustrar um texto MEU.

[Qual o nome disso mesmo, minha gente?]

Tão logo descobri a travessura de Maria, deixei um comentário no meu próprio texto, vejam que coisa redundante! Como é de se esperar em casos assim, o comentário não foi aprovado e, logo em seguida, meu texto - e minhas pernas! - foram deletados. Sim, sem mais nem menos. Sim, ela preferiu deletar ao invés de dar meus devidos créditos. Sim, é isso aí mesmo que vocês estão pensando.

Maria Milesi, estas pernas aqui, ó...


... são minhas, ok? Esta daí da foto sou eu. Gostou? Ah, sim! Maria Milesi, este post aqui, ó...

http://sigaaondevaomeuspes.blogspot.com/2011/01/janeiro.html

... também é meu, tá? Não adiantou ter deletado o dia 24 de janeiro de 2011 do seu blog. Existe uma coisa chamada "cache", procure saber do que se trata. Com vocês, Maria Milesi:


Já a Gab é uma criatura que habita não sei qual planeta mas que, aparentemente, achou que seria super normal copiar um texto de outra pessoa e, mexendo um pouco aqui e um pouco acolá, publicar como se fosse totalmente seu, sem os devidos créditos que lhe inspiraram as ideias. Gab não nos deixa maiores informações a seu respeito e também se protege contra qualquer manifestação das donas dos textos que utiliza, não permitindo comentários no seu - seu mesmo, Gab? - blog.

Gab, este texto aqui, ó...

http://sigaaondevaomeuspes.blogspot.com/2011/01/janeiro.html

... que você tentou transformar nisso daqui, ó...

http://vermelhosnob.blogspot.com/2011/01/em-janeiro-eu-vivo-com-uma-intensidade.html

... também é MEU, você sabe. É uma surpresa para mim que o mesmo texto tenha sido plagiado duas vezes em tão curto espaço de tempo - será que andam vivendo janeiro como eu e desconheço este fato? Deixa eu apresentar a Gab também, com quem "palavras ásperas" não combinam. Já as palavras alheias parecem combinar que é uma maravilha:

http://vermelhosnob.blogspot.com/

Desde pequena me ensinaram que é dando que se recebe. Hoje eu dei. Ai, gente, dei lindamente. Dei os minutos de fama a duas pessoas que - alguém me corrija se eu estiver enganada, por favor - dificilmente conseguiriam sozinhas, por conta própria.

[Foi bom para você, Maria Milesi? E para você, Gab?]