segunda-feira, 27 de julho de 2009

[Lenda]

Reza a lenda que as três estavam apenas pensando em tomar um porre de Coca Zero enquanto conversariam sobre suas respectivas fossas num lugar qualquer que não exista o pensamento em você lugar que não lembrasse nenhum dos três respectivos causadores das tais fossas. Aparentemente um garçom pessimamente intencionado colocou algum ingrediente do capeta nos copos, talvez pensando na vã tentativa de ver uma, ou duas, ou as três, subindo em cima das mesas ao som de uma música qualquer enquanto dissertavam sobre suas relações, né? Tolinho, tsc! Se era para discutir fossas, fossas seriam discutidas em meio a retoques de batons, quase choros e revelações bombásticas, nada mais do que isso. A não ser o tal ingrediente do capeta nos copos, claro.

Ainda segundo a lenda, as três resolveram tomar um táxi, após terem combinado que uma ficaria pelo caminho e as outras duas iriam juntas para o mesmo destino. União é tudo nessas horas, pessoas. Quando foi informado sobre o destino final, o taxista disse que teriam que explicá-lo como chegar até lá porque ele não saberia fazer aquilo sozinho. De acordo com a misteriosa lenda, foi então que uma delas se irritou profundamente e começou a interagir com a pobre criatura - coisa que, inclusive, ela nem sequer sabe fazer direito, muito menos fragilizada por uma fossa. Começou falando que onde já se viu aquilo, imagine se ela poderia se dar ao luxo de dizer, no trabalho, que teriam que ajudá-la, pois não ia saber fazer tudo sozinha? Não, não poderia. Então quem aquele sujeito pensava que era para obrigá-las a pensar, depois do tanto que já haviam pensado juntas, e se tinham escolhido um táxi justamente para evitarem toda aquela tensão que é estar num ônibus vigiando o local onde se deve descer? Que era um absurdo quase tão grande quanto o ato que desencadeou sua fossa aquele ser não ter notado o seu estado lastimável e, provavelmente, o seu batom borrado, o esmalte descascado, o fio puxado da sua meia-calça, preocupando-se em ir logo dizendo que não sabia fazer seu trabalho direito. Ameaçou contar sua história, o tempo que antecedeu a pouca luz e os sussurros velados, assim como os altos e baixos da mais sinuosa espera da sua vida. Por fim, terminou seu monólogo com um mas que porra, né? se eu soubesse como chegar ao meu destino sozinha não estaria dividindo o ar que eu respiro com um ser humano insensível como o senhor!

E foi aí que ele chegou às lágrimas. Sinceramente, ela não lembra das lágrimas. Estava tão empenhada em interagir com a criatura que só conseguia olhar para o seu próprio umbigo, mas lembra bem que as lágrimas não eram suas, pois estas secaram, você entende? Então pode ser que ele realmente tenha chorado, conforme diz a lenda.

[Adivinha qual das três foi a mulher que atiçou a veia sensível de um taxista numa noite gelada de inverno?]

[P], arrancando lágrimas de trabalhadores honestos desde milnovecentosealgumacoisa.

[Juro que não queria, tá? Maldita Coca Zero...]

sexta-feira, 24 de julho de 2009

[...]

Despedaçaram minha auto-estima e fizeram com que os cacos do que um dia eu fui caminhassem lentamente para a lata de lixo mais próxima. Não sei mais quem sou, o que sou, por onde andam meus pés, do que sou capaz e nem mesmo se sou capaz de algo.

Escrever, inclusive, está entre as cinco mais que, hoje, eu menos sei fazer.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

[Mensagem]

de xxxxxxxxxxxx
para segundaintencao@gmail.com
data 13 de julho de 2009 20:45
assunto seus textos
enviado por gmail.com

P, tava tentando saber como começar o mail pra vc, prq o q kero dizer é muito simples. eu axo q as coisas q vc escreve nos seus textos é pura invensão, tudo coisas da sua kbeça, ñ é posivel q acontesa de verdade.

leio seu blog à tempo e me amarro no seu jeito de escrever, mais axo que ñ pasa de fiquição. seder, responde meu mail, só pra ver se vc é real msm.

abrs.

***

O que é isso, não, pessoas? Será que é agora que devo me sentir famosa, hein, Roteiristas da Televisa? Já estou começando a receber e-mail que me leva a crer na existência de um público cativo, e não só isso - esta parte não é engraçada, preciso confessar -, mas aparentemente minhas maluquices encontram eco entre criaturas que escrevem, dentre outras coisas, invensão.

Cara pessoa que não me permitiu qualquer tipo de identificação no seu singelo e-mail, fiquei tentada a responder-lhe, indicando uma colega de trabalho que poderia dar um jeito nessa língua estranha que supostamente você acha que seja o Português. Sabe como é esta minha mania de boa samaritana, de querer ajudar ao próximo e blábláblá, não sabe? Claro que sabe, se você me lê há tanto tempo, sabe dessas e outras coisas. Porém, talvez você tenha razão. Sou qualquer coisa que às vezes acorda com o cabelo revoltado, que inventa subordinados e respostas que nunca existiram de fato e que não deve ter mais nada para fazer na vida além de passar o tempo imaginando histórias que só acontecem na própria cabeça.

Adiantaria se eu escrevesse que a tal mocinha do post anterior, num exame crítico de consciência, exclamou um credo, isso de matar a professora foi meio pesado, né? quando recebeu a avaliação e viu que eu havia dado certo naquela questão? Sabe como sou, não sabe, criatura? Assino embaixo quando pegam pesado comigo. Concordo quando dizem que a culpa é sempre minha. Agradeço por me mostrarem meus sucessivos erros. Sorrio quando a dor está me torturando, sempre pensando no próximo. Por isso, mesmo sabendo que corro o risco de ser alvo dos hormônios adolescentes, dei certo. Era a opinião dela, fazer o que? Não acredita nisso também? Então te dedico mais este delírio da minha fértil imaginação, ok? Eu não sou real, não, pessoas. Ponto para quem escreve fiquição.

Estou pensando em algo do tipo "Por que eu deveria conhecer a [P] e passar algumas horas com ela?", que tal? A resposta mais criativa, seja sob efeito alcoólico ou não, poderia receber um e-mail autografado, olha para isso!

[Todos poderiam participar. Todos menos você, ser humano do e-mail confuso. É que, sabe, não quero sequer cogitar a possibilidade de lhe causar algum incômodo, caso me visse chegando próximo a você, numa comprovação explícita de que até eu, ora, até alguém como eu pode realmente existir. Nada pessoal, tá?]

sexta-feira, 10 de julho de 2009

[Aviso]

[Então já sabem, né? Se eu sumir repentinamente, não pensem bobagens. Não fui abduzida, não fiquei milionária, não virei atriz pornô e não decidi viajar pelo mundo dançando em cima das mesas. Fui vítima do instinto agressivo de uma subordinada de treze anos, que até ontem me enganava direitinho, com um rostinho angelical, beijinhos na hora da saída e cartinhas cheias de declarações de amor...]

quinta-feira, 2 de julho de 2009

[Dos Desapegos]

Genitor vendeu meu possante.

[Isso aí. Genitor vendeu o M.E.U possante]

Há muito tempo atrás comentei que estava pensando em trocar de carro e ele pareceu nem sequer ter me ouvido. Ao que tudo indica, estava esperando para ver o tamanho do estrago que eu seria capaz de fazer no veículo depois de uma batida com um caminhão para poder avaliar a relação custo-benefício da coisa toda. E daí que eu poderia ter rolado precipício abaixo, embaraçado todo o meu cabelo, rasgado a minha roupa e perdido litros de sangue, não é verdade? Só detalhes. Após virar uma empobrecida durante dois meses por conta de todo o conserto do carro, suspirei aliviada ao ouvir Genitor dizer que ficou perfeito, ninguém diria que você bateu daquele jeito, minha filha, a não ser eu, claro. Claro, claro. Genitor respira e transpira conhecimentos sobre automóveis. E modéstia também, notou? Não estou reclamando, veja bem. Até porque o fato dele conhecer meio mundo no ramo foi decisivo para que eu não falisse de vez. Acontece que, agora entendo, tudo devia fazer parte do seu plano mirabolante para vender Ernesto Gabriel.

[Ernesto Gabriel, o possante da P.]

Sabe o que é pior? Genitor vendeu por um preço que, sinceramente, não posso reclamar. Acho que se ele quisesse vender minha alma - já que, aparentemente, o que ele gosta mesmo é de vender m.i.n.h.a.s coisas -, encontraria comprador. Você compraria minha alma, não compraria? Enfim. Agora ele está empolgado e me perturba sem tréguas, querendo saber modelo, cor e ano de minha preferência. Alguém precisa dar uma ocupação para Genitor urgentemente, para que ele abandone essa idéia de que vou substituir Ernesto Gabriel assim, de uma hora para outra, e que vou ficar bem. Preciso de um tempo, preciso vivenciar a minha perda, preciso de preparação para encarar o fato de que outras pessoas vão sentar, deitar e procriar no meu possante. Eu preciso disso.

[Necessito esclarecer que passo horas abraçada a Ernesto Gabriel, dia e noite, noite e dia? Preciso me aprofundar no fato de que já pensei em dormir dentro do veículo na derradeira noite em que habitaremos o mesmo lugar pela última vez? E que falo o tempo todo sobre a difícil arte de se desapegar no meio do expediente? Não? Obrigada]