domingo, 28 de abril de 2013

[Canadá]

Canadá, Universo?

Canadá?

Podia ser mais distante, hein? Já que era para me afastar...

Tem noção de como passei os quatro dias seguintes à notícia de que, opa, o Canadá virou uma opção? Desde quando eu poderia me mudar, de uma hora para outra, para o Canadá, Universo? Reparou no tamanho da briga? Por acaso prestou atenção no silêncio atordoante que se seguiu? 

E para que, Universo?

Para depois a pessoa escrever um "e se eu disser que não vou mais?" enquanto me olha fixamente, aguardando minha reação? 

[Francamente, Universo. Pega mais leve. E para de palhaçada]

terça-feira, 23 de abril de 2013

[ A Aleatória]

Daí você percebe que uma mulher totalmente aleatória acabou de ser adicionada, vai correndo no perfil da vaca dita cuja, tenta entender por que caralhos um adicionou o outro, se não há nada em comum, nem sequer o hemisfério, avalia o horário na vã tentativa de descobrir quem adicionou quem, corre para o Google Maps para calcular a distância que separa os dois, percebe que um dia esta vabagunda pessoa de pose duvidosa estará mais perto dele do que você mesma, pensa que precisa fazer alguma coisa imediatamente, mas então se dá conta de que o melhor a fazer é xingar a galinha aos quatro ventos para manter o equilíbrio que lhe resta é desligar o computador e ir assistir Bayern x Barcelona, antes que exploda de tanta tensão. Tudo isso para perceber, quando acessar a internet novamente, que a cadela aleatória desapareceu da lista de amigos assim, do mesmo jeito que entrou, como se você tivesse rogado uma praga num passe de mágica.

[Se a badalada rede social tem outra função além de me enlouquecer, eu desconheço...]

terça-feira, 16 de abril de 2013

[Só Que Não]

Como descobrir que, sem querer, você encontrou uma intrigante espécie da raça masculina - espécie diferente de todas as que já conheceu na vida:

1) Desafie. Isso mesmo, desafie. A lei da gravidade, a sociedade hipócrita, as calorias consumidas e os rivais no joguinho musical que consome seus poucos minutos vagos nesse 2013 já turbulento. Desafie, mesmo que - na verdade, principalmente - seja um desafio às cegas. Pouco importa se as criaturas são meio esverdeadas, possuem anteninhas e curtem axé; afinal, você está ali para competir.

2) Tão logo a foto da intrigante espécie da raça masculina apareça, exclame um "meu deus, como você é lindo" em alto e bom som, para que fique claro - em negrito, sublinhado e CAPS LOCK - que trata-se de uma c.i.l.a.d.a.

3) Sendo uma cilada, não bastará ser lindo, mas também destemido o bastante a ponto de puxar conversa. Atenção, muita atenção: a simpatia gritante desta espécie deve ser parte do plano para que você comece a se desconcentrar no jogo.

4) Não perca, amiga. Não perca o juízo antes da hora e nem as partidas. Assuma a liderança com uma confortável distância no placar e, se possível, faça com que ele erre uma música da sua banda preferida - o que deixará mais do que claro que você não está ali para brincadeira e o fará escrever "impressionante".

5) Concorde. Impressionante, realmente. Tudo muito impressionante. No entanto, concorde sem expressar sua concordância, é claro. Apenas saia dizendo "impressionante" na frente do espelho, ao volante e no meio dos seus dias tumultuados.

6) Passada essa primeira etapa, é evidente que vocês vão se tornar ~amigos~ na rede social. Ao descobrir que a intrigante espécie da raça masculina trabalha utilizando o computador e, por isso, será uma companhia constante naqueles tais poucos minutos que você tem de sobra nesse 2013 turbulento, acenda a luz vermelha e redobre os cuidados.

7) Seja você mesma. O que significa: não seja sociável, não solte elogios rasgados e não economize nos palavrões. Com o passar dos dias, você perceberá uma certa mudança no comportamento da intrigante espécie masculina e, sendo você mesma - o que também significa ser direta quando necessário -, questionará se está tudo certo, se a criatura não comeu nada estragado e se tem noção do que está falando. Assim, sempre muito meiga.

8) Para sua surpresa, ouvirá o seguinte: "não sou o tipo de pessoa que se interessa por alguém através da internet" e ainda será solicitada para que sirva de conselheira sentimental porque, né?, a espécie masculina vai achar de bom tom pedir dicas de como se aproximar de outra mulher. Anote tudo isso, amiga. Com a observação: só que não.

9) Esconda. Seu desapontamento, sua irritação e sua vontade de xingar a intrigante espécie da raça masculina até sua nona geração. Esconda tudo nas suas entrelinhas e esteja sempre simpática, divertida e leve. Quando notar que já estão na fase dos ~amigos~ que se preocupam um com o outro, que estão sempre dispostos a ouvir, criticar e ajudar, aproveite para contar a esta intrigante espécie masculina sobre a mudança no comportamento de um dos seus colegas de trabalho. Não esconda nada; afinal, ~amigos~, lembra? Fale das suas desconfianças e desabafe tudinho, sem esquecer de mencionar que gostaria da opinião de alguém da mesma espécie. Você ouvirá a opinião de alguém que não esteve nem aí para você nos últimos dias. Só que não.

10) Aconchegue-se na sua cadeira e acompanhe um inacreditável surto virtual de uma espécie que, de tão intrigante, gostaria que você tivesse adivinhado que, opa, digo que não me interesso através da internet (só que não); digo que não há a menor possibilidade de haver algo entre nós (só que não); te peço opinião sobre como chamar a atenção de outra mulher porque quero ficar com ela (só que não); sempre falei que não havia segundas intenções nas minhas intenções com relação a você (só que não). Não esqueça de fechar sua boca devidamente embasbacada quando for acusada de se fazer de desentendida porque, desde o começo, você sabia que era interessante aos intrigantes olhos da surtada espécie da raça masculina.

[Até aí, né, meu bem? Você não seria o primeiro a me achar interessante após algumas frases trocadas através da internet. Agora, querer que eu entenda tudo o que vem me dizendo ao contrário, é demais para a minha cabecinha. Assim eu entro em colapso. Eu, que já sou tão equilibrada... só que não]

terça-feira, 9 de abril de 2013

[O Berço]

Ontem eu pensei em desistir. Das outras vezes, pensava numa desistência que nunca era, de fato, real. Eram apenas reclamações de uma pessoa cansada. Da correria. Da gritaria. Da má vontade. Dos excessos. Excesso de cansaço, correria, gritaria e má vontade. Ontem, porém, pensei verdadeiramente em desistir, pela primeira vez em todos esses anos.

Não pensei em desistir porque um adolescente maior do que eu se recusava a dizer a verdade. Não pensei em desistir porque havia ficado claro, diante de toda a situação que criou, que ele não gosta de mim. Não pensei em desistir porque ele fez com que uma mãe toda trabalhada no destempero, na falta de educação e no excesso de gritos, de ofensas e de atitudes preconceituosas aparecesse para, supostamente, conversar comigo. Não pensei em desistir porque vi que ela não sabia o que significa conversar.

Pensei em desistir por causa do berço. Porque o adolescente que não honrou com a palavra dada anteriormente e que criou uma situação constrangedora para todos os presentes é, sobretudo, uma vítima do seu berço. O que ele recebeu, o que ele recebe, o que ele repassa, quem ele aprendeu a ser e como ele é, tudo veio do berço. Pensei em desistir ao me dar conta de que há mais berços problemáticos por aí do que minha capacidade de raciocínio é capaz de supor. Pensei em desistir porque, pela primeira vez, me senti discriminada, quase a ponto de me desculpar por ser branca e ter cabelo liso. Quase a ponto de sugerir que, sim, precisávamos todos ir até a delegacia mais próxima mesmo, porque quem não aguentava mais aquilo tudo era eu.

E eu chorei. Não na hora do embate - afinal, anos de sessões me ensinaram a manter o equilíbrio diante da inimiga -, mas antes e depois. Chorei muito, chorei tanto, chorei convulsivamente como jamais havia acontecido, em todos esses anos. Enquanto chorava, pensava "eu desisto".

Sabe por que não desisti? Porque havia se formado um paredão humano de colegas, uns trazendo água com açúcar, outros falando coisas para que me acalmasse e, por fim, outros estando comigo, temendo que eu pudesse ser agredida pela personificação do absurdo em forma de mulher. E, se não vou desistir, é porque me senti acolhida, me senti querida e senti que a justiça estava sendo feita. Não posso desistir enquanto houver seres humanos dispostos a comprar a minha briga - que, no fim das contas, é uma briga de todos nós.

[Uma briga contra os berços mal acabados e repletos de conceitos deturpados que, infelizmente, um adolescente ainda não tem forças para jogar fora, pela janela da sua prisão...]

quinta-feira, 4 de abril de 2013

[S]

Eu sabia.

Alguma coisa me dizia que não demoraria muito para que o óbvio se manifestasse.

Delicadeza com "s" não rola, meu querido.

Certamente existem muitas mulheres que não se importam com um "s" inconveniente, mas eu me importo.

[Pegue o seu "s" e volte para a pista de dança. Correndo]

terça-feira, 2 de abril de 2013

[Oração]

Vamos brincar de supor?

O que esperar - supostamente - de qualquer coisa que comece com uma troca de rede social numa festa de quinze anos enquanto a pessoa - supostamente, eu - está na pista de dança ao som de a noite chega, ela só quer dançar?

[É, isso mesmo. Sim, o som era esse. E eu sei. Eu sei, tá?]

Oremos.