quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

[2011]

Esta é a terceira tentativa que estou fazendo para me dirigir a você de alguma outra maneira que não seja escrevendo "puxa, como você foi sacana comigo!" É verdade. Nas outras duas vezes comecei explicando que não tinha outra maneira de me expressar, a não ser escrevendo sobre o quanto você foi sacana comigo. Eu queria te mostrar os rascunhos, mas não acho que mereça ler além daquilo que mostro, por opção. Você foi só mais um. Mais um que acrescentei à minha vida, mais um que colecionei, mais um do qual estava louca para me livrar, para ser sincera. Agora já não sei mais se foi mesmo um sacana. Será? Por que sacana? Por tentar testar minha paciência, me fazendo chegar ao limite máximo da convivência pacífica com criaturas que nem sequer consigo chamar de seres humanos? É, pode ter sido muita sacanagem sua mesmo que, me conhecendo como me conhecia, sabia que eu não passaria num teste deste tipo. Se era para me dar algum tipo de lição, aprendi que para lidar com determinado tipo de... de... vai lá, de "gente", muitas vezes precisamos descer ao seu nível, falar a sua língua, nos fazermos entender na marra e, por fim, respirarmos aliviados por não precisar mais lidar. Viu como aprendo depressa? Não lido mais. Ou talvez um sacana porque decidiu, sem me consultar, que seria uma boa me fazer sofrer, fazer doer, fazer arder e fazer morrer? Você fez morrer. Sacana por causa disso? Acho que não. Agora, te olhando de longe, entendo que às vezes é preciso que algo morra para que outras coisas aconteçam e, embora possa parecer o contrário, eu não seria capaz de matar, não seria capaz de arrancar uma erva daninha que me sugava a alegria de viver e me deixava apreensiva sobre minhas próprias atitudes, não seria capaz de virar as costas e simplesmente ir embora. Você matou. Para onde envio meus sinceros agradecimentos por aquela morte anunciada há tempos? É, sacana, eu tenho que agradecer. Pelas noites insones, pelos travesseiros encharcados, pela cara amarrotada, pela falta de apetite e, principalmente, pelo tempo. O tempo que me deu para que eu pudesse redescobrir a alegria de respirar sem sustos. Toma, leve de volta esses meus pseudos dons premonitórios, não preciso mais deles. Metade do tempo que passamos juntos foi o suficiente para que eu contasse as horas que perdia tentando adivinhar como você achava que eu devia me comportar. Na verdade, vá embora de uma vez. Só deixe o que me interessa: as frases que me fazem sorrir, a voz que me faz suspirar, essa vontade que me come por dentro e o desconhecido que tenho pela frente. Só mesmo um falso sacana para me fazer viver seis meses achando que eram os melhores que tinha para viver e, de repente, girar meu mundo de cabeça para baixo sem que eu esperasse. Que vergonha, hein? "Tome este daqui, experimente o que é ser leve, volte a sorrir sem medo, acho que este é o seu número, menina". Posso até ver o seu deboche enquanto sussurra estas coisas no meu ouvido. Então vá embora logo, preciso te enterrar, você que fez morrer. Já estou vendo o outro ali, me olhando atrás da porta, doido para me atropelar com a pressa dos que são novos. E sabe o que mais? Está tudo tão bom que, pela primeira vez, não me atrevo a pedir nada. Vou levar comigo o que já tenho e esperar somente que aquilo que já é bom permaneça, pois sei que só poderá ficar melhor. Adeus, 2010. Não é nada pessoal, mas... você já está indo tarde.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

[Sentidos - II]

[Agora entendo o porquê de andar esbarrando em mim mesma, às cegas. Esqueci meus olhos, da última vez, sobre os seus]

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

[Receita]

Como deixar um trabalhador sem graça no meio do seu expediente ou Como "Smooth" vai destruir minha vida qualquer hora dessas:

1) Tome um banho que demore o suficiente para o moço dos Correios visitar quase todas as casas das redondezas após desistir de gritar no seu portão por alguns minutos e você não ter escutado porque ouvia Smooth no repeat embaixo do chuveiro;

2) Considere a possibilidade de sair do banheiro vestindo pouca coisa, quase nada, haja visto o calor que faz na cidade e a sua dificuldade para escolher qualquer coisa que seja no atual momento da sua vida;

3) Nomeie de "maravilhosa" a ideia de deixar a janela do seu quarto aberta devido ao calor citado no item acima;

4) Mantenha o foco e não se esqueça: você não quer aparecer nua e ser podre de rica. Repita: você não quer aparecer nua e ser... bem, talvez você queira ser podre de rica, mas não aparecendo nua. Quem sabe usando o cérebro. Não tem como? De qualquer forma, mantenha o foco e deixe a janela do seu quarto aberta, mas puxe a cortina, ok?

5) Pronto. Depois de atingir seu nirvana particular dançando pervertidamente em cima da cama ao som de Smooth repetidas vezes, você ouvirá lá loooooooooonge, quase imperceptível, a voz do moço dos Correios berrando um "moçaaaaaaaa" já cansado, exausto, apavorado, emputecido ou similares, vestirá a primeira coisa que encontrar na sua frente e irá, fazendo a solícita, atendê-lo.

A parte boa de tudo isso é que você vai poupar qualquer tipo de diálogo forçado, pois o que virá em seguida será mais ou menos assim:

- Oi, desculpa, não tinha escutado você me chamar. É para mim?
- ...
- Estou perguntando sobre esse embrulho aí nas suas mãos. É meu? Não me lembro de ter encomendado nada.
- ...
- Ok, deixa eu olhar? Nossa, parece um desses brinquedinhos eróticos, né? Um pênis, será?
- ...
- Não, colega, você errou de endereço mesmo. Esta rua é aquela que fica lá na frente, depois daquela esquina para onde mandamos todos os caras que queremos que se mantenham bem longe, entendeu?
- ...
- Por nada, imagine. Tchauzinho.

Quer coisa melhor do que não precisar interagir com uma criatura que viu sua sombra dançando Smooth como se não houvesse amanhã?

["Adorável". É a palavra que você está procurando. Sou deveras adorável, pergunte para o moço dos Correios]

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

[Sentidos]

[Quero te ensinar a me respirar. Vou te sufocar no meio das minhas pernas]

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

[Da Arte De Ser Equilibrada]

Alto escalão do meu trabalho resolveu inovar nas confraternizações de final de ano e preparou uma dessas atividades grupais - ui! - cuja única função foi me obrigar a interagir com criaturas que mal vejo ou que finjo que não vejo quando desfilo simpatia pelos corredores.

[Ok, é mentira. Eu falo com todo mundo. Do pessoal da portaria até a galera dos serviços gerais. Quando estou num bom dia distribuo beijinhos, pergunto como estão filhas e netas e paro para dar autógrafos. Isto, porém, não quer dizer que estou vendo, realmente, tais pessoas. Entendeu? Interagir, de verdade, só com minha gangue, é isso]

Depois de muita interação forçada, a última atividade proposta pelos profissionais contratados para a ocasião envolvia minha exímia destreza para desenhar. Cada um ganhou um pedaço de papel do seu próprio tamanho e pediram que desenhássemos o animal que consideramos mais nojento.

Quando todos acabaram, começou um festival nonsense sem tamanho na história da humanidade. Um por um, meus coleguinhas eram obrigados a se posicionar diante do animal do seu tamanho e a dizer para ele poucas e boas, tudo o que lhe afligia, tudo o que estivesse incomodando naquele momento e nas encarnações passadas também, quem sabe.

[Numa situação dessas imediatamente eu ( ) invento uma ligação inexistente e digo que vou ali e já volto, ( ) digo, sem maiores explicações, que vou ali e já volto, ( ) digo que vou ali e não volto, (X) digo taquipariu, isso não pode dar certo, mas me mantenho sentada esperando minha vez; afinal de contas, amo muito situações constrangedoras nesta minha vida]

O que levou uma mulher a dizer para seu respectivo animal que naquele dia não estava legal porque percebeu, já no caminho do trabalho, que seu esmalte estava descascando e que aquilo lhe deixava mal ou o que levou a outra a mencionar a gravidez da amante do marido da sua vizinha querida, tão gente boa e que não merecia ser chifrada, coitadinha, como coisas que estavam incomodando é algo que transcende minha capacidade cerebral. Não sei, mas acho que os animais mereciam mais, concorda? Não, né? Enfim.

Eu? Bem, eu desenhei um rato. Pensei primeiro num sapo, mas sapos lembram príncipes e chorar em público, justamente naquele dia, não estava nos meus planos. Então, fiz um rato. Lindo, diga-se de passagem - já falei aqui sobre minha exímia destreza para desenhar? Quando fui solicitada, me posicionei diante do animal e o que soltei foi mais ou menos assim:

"Pois bem, pois bem. Aí está você, seu verme asqueroso..."

[Abstraia que o rato não é um verme, ok? Era o meu momento, abstraia]

"... Quanto tempo, não? Olha só para você, patife nojento! Não preciso utilizar todos os neurônios do meu cérebro para ver que continua na sua vidinha medíocre, comendo no seu prato fundo de nada, deitando na sua cama lotada de vazios e olhando a mesma imagem patética refletida no espelho quebrado da sua vida. Quer se olhar no espelho? Aqui na minha frente, quer?..."

[Deixa eu inserir aqui o fato de ter pedido para virar o rato de frente para o espelho do recinto, deixa? Queria mesmo que o verme se visse diante do espelho, mas o que ouvi foi um continue, [P], apenas continue]

"... E você, sua vagabunda enrustida?..."

[Você deve estar se perguntando mas não era um rato? E eu respondo: rato hermafrodita, colega! O rato era meu, se liga]

"... Acha que engana a quem com essa falsa aparência de serenidade e respeito? Acha realmente que não deixa transparecer o nível de putaria que é capaz de fazer com o próximo? E não se faça de desentendida, sua vaca, não estou falando de uma putaria a nível sexual, mas sim o tipo mais baixo de putaria que uma criatura desprezível e acomodada como você poderia fazer com alguém. Estou com pena, hein? Pena, vadia, por você ter que se encarar todos os dias nos espelhos da vida."

Terminei meu momento-desabafo, indaguei com o olhar se podia voltar para meu lugar e, depois de um silêncio sufocante, começaram uns aplausos que se multiplicaram em muitos aplausos. Puro glamour.

[Equilíbrio é t.u.d.o na vida da pessoa, fala a verdade, vai]

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

["In The Dark Of Night"]

[Achei a toalha ainda molhada e com o seu cheiro de shampoo barato, perdida no meio dos versos daquela poesia tosca que eu pensava ser a mais bonita que escrevi, num janeiro calorento de anos atrás. Encontro sua toalha e nela me escondo; e quando enxugas teu rosto, sou eu que te beijo, você lembra? É claro que não se lembra. Suas lembranças de nós dois ficaram encaixotadas em algum canto escuro e mofado da sua memória. Também me desfiz de você. Sabe como é, não sabe? Você era somente o então grande amor da minha vida, não podia te carregar entre os seios eternamente. Foi assim que dobrei em pedaços tão pequenos quanto a pequenez dos seus gestos todos os desejos que mantive aprisionados entre minhas pernas e mais outros tantos que deixei escapar junto com minha saliva misturada à sua em noites regadas a álcool e estrelas cadentes. Dobrei e guardei todos eles entre as capas dos discos de vinil que colecionávamos juntos e que acabei de rasgar, uma a uma, sentada no tapete da sala à meia luz e ao som de Sweet Child of Mine, em sua homenagem. Lembra dos poderes telepáticos que dizia ter e todo aquele papo furado sobre sentir a minha raiva junto comigo? Nunca acreditei. Fazia cara de virgem indefesa e inocente porque gostava de rir da sua ingenuidade quando achava que me enganava com historinhas pueris. Você não sabia nem sentir, imagine sentir a minha raiva. Quem você pensava que era? Devia sentir o frio que estou sentindo agora enquanto rasgo What's Going On só de calcinha, com uma caneca de chocolate quente ao lado e uma imagem patética sua, daquelas que você caprichou em fazer para deixar registrada na minha memória. Eu queria rir do seu cabelo sem graça e dizer que os anos te fizeram mal. Eu queria explicar que aquela mochila surrada não estava combinando com suas roupas. Eu queria te dar um tapa na cara para cada uma das lágrimas que derramei dentro de copos com gelo. E você estragou tudo quando falou da porra da sua vida, do clima ameno e das últimas manchetes, do mesmo jeito que estragou tudo naquela noite em que te apontei uma constelação e você não soube dizer qual era, preocupado que estava em levantar meu vestido junto àquele muro. Deixa eu te contar uma coisa. Abandonei a falsa inocência pelo caminho. Joguei-a do oitavo andar quando estava na faculdade, aquela pedante que teimava em cegar meus olhos. Desde então carrego comigo a devassa que morde os lábios enquanto fala e geme com os olhos enquanto cala. By my side ainda ecoa no meu ouvido, mesmo estando longe da pista de dança e mesmo depois de anos posso repetir a entonação da sua frase quando perguntou se eu estava sozinha e se queria ficar com você, esquecedo de me contar que estar contigo era estar rodeada de incertezas, porque sempre foi medroso demais para se jogar ao meus pés e se deixar atropelar por um corpo em brasa ou para equilibrar meu coração na palma da mão e chupar meu sexo ao mesmo tempo. Você não sabia, mas eu sempre gostei de ser vertigem. E você era só um fraco agarrado ao meu corpo como se fosse sua última salvação. Eu não era, baby. Era só uma alucinação com dia e hora marcados para desaparecer. Como toda vertigem deve ser]

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

[Se Não Fosse Trágico...]

1) Momento deixa que eu sugiro:

[A solução para meus problemas com engarrafamentos então é me jogar no mar?]

2) Momento eu te aconselho:

[Ainda por cima me jogar no mar discretamente? Não posso dar uns gritinhos, fazer acrobacias e esperar pelos flashes, não? Puxa vida, que chato]

3) Momento ternurinha:

4) Momento sou tiete vinteequatrohoraspordia, baby:

[Se eu contasse, você acreditaria? Ela pediu desculpas pelo rompante. Você aceitaria?]

5) Momento se você não sabe, [P], muito menos eu:

[Aguardamos com aflição o instante em que leremos "vou contar lá em casa que você não sabe as coisas e fica perguntando para todos nós, tá?"]

6) Momento sou vidente, dá licença:

[É, fofa... tomara!]

7) Momento revoltadinha:

[Absurdo, total absurdo. Sobreviver com algo que só cobre nosso íntimo não rola, né?]

8) Momento olha como sou engraçadinha:

[E eu? Sou boa ou sou ruim? Chuta, vai...]

9) Momento [P], gostaria que você fosse minha terapeuta:

[Gente, eu desculpo, peloamordedeus, estão desculpadas, ok?]

10) Momento já que a resposta não vai cair do céu mesmo, deixa eu sonhar com meu casamento:

[No verso da última folha. Não gostei dos modelitos, só para constar]

11) Momento vou te deixar vermelha ao imaginar o caldo que sai do pau, [P]:

[É... bem, enfim, é isso aí. Eu me recuso a comentar sobre o caldo derramado]

12) Momento sou trabalhado no sentimentalismo, mas ela não me entende:

[Ai, gente. Tudo tem seu tempo; oceano de amor X poça de água que logo seca; falar o que sente; respeitar e amar, porém, não conseguir mais sofrer... Que explanação mais profunda de sentimentos foi esta que brotou no verso da penúltima folha, durante os cinquenta minutos reservados a uma - imagine! - avaliação? Que coisa mais bonita de se ver, mesmo não sendo endereçada a mim. Ou será que foi escrita para que eu interceda em nome do amor e da procriação descontrolada, dando uma mãozinha para esse tal de tempo? Não sei, agora fiquei confusa. De qualquer forma, eles não sabem nada da vida mas, ó, eu assinaria embaixo, se preciso fosse]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

[Três]

Daqui a poucos dias farei aniversário. Ontem fui trabalhar debaixo de um sol escaldante. Não, peraí. Pensa num sol escaldante. Fui trabalhar debaixo de um sol escaldante, depois de ter acordado cedinho, ter corrido para lá e para cá e, naquele instante em que andava debaixo do sol escaldante, só conseguia desejar estar na praia. Ou em qualquer lugar bem fresco. Ou na minha cama, já servia. Mas fui trabalhar porque, né?, gosto de ser masoquista.

Aí ganhei isto:

[Não desconfiei da calmaria na primeira sala. Achei que era o calor. O mesmo sol escaldante que estava me deixando irritada devia ser o responsável por aquela vibe tranquila no ambiente, pensei comigo mesma. Tolinha, tsc]

Depois, vida que se segue, certo? Que nada. Depois, ganhei isto:

[Repara direitinho na vela, tá? Um aninho afundado num mar de chocolate. Segundo a explicação deles, era a celebração de mais um ano da minha vida. Achei digno]

Por fim, quando não esperava mais nada depois das quatro da tarde, eis que vou para a última sala e ganho isto:

[Devo explicar que, nas três vezes, não era só bolo, mas também brigadeiros, gelatina, sorvetes, pipoca, salgados, sanduíches e refrigerantes? E devo esclarecer que enfeitaram o local com bolas coloridas que a aniversariante, inclusive, fez questão de estourar junto com a galera? É, eu sei, Infância mandou lembranças]

No final das contas, tive que perguntar se meus colegas de trabalho estavam sendo bem servidos nas minhas festas. Aliás, três festas me garantiram o codinome de "A Popular" e comentários do tipo "puxa, mas isso quer dizer que eles gostam mesmo de você". Não entendi o mesmo. Ora, então alguém tinha dúvidas de que minha antipatia nata gera amor instantâneo, num efeito às avessas?

[Todos nós concordamos, a propósito, que devo fazer aniversário duas vezes por semana, toda semana, num sistema de rodízio de horários que atenda a todos os colegas. Por toda a minha vida, é claro]

terça-feira, 2 de novembro de 2010

[Dons]

Desfaço qualquer tipo de trabalho.

[Inclusive todo aquele que tiveram para tentar me fazer acreditar em histórias mirabolantes recheadas de parágrafos desconexos cuja única função era testar minha capacidade para acreditar no inacreditável e entender o injustificável]

Maltrato a pessoa amada em sete dias.

[Serviço de primeira. Ou então aquela porcaria de sensação de estar sendo enganada de novo, meu bem. Você escolhe]

domingo, 24 de outubro de 2010

[Ilusão]

[Olha só. Lá vem ela outra vez, se insinuando entre nicotina e vodka, desengonçada em seu salto quebrado. Ilusão está achando que será como das outras vezes, tenho certeza. Tonta o suficiente para usar as mesmas armas na esperança que eu me desarme e abra minhas pernas na parede escura da noite nua como da última vez. Ilusão é uma vadia velha de maquiagem borrada que carrega uma bolsa de tecido sujo a tiracolo, onde guarda minhas fodas misturadas aos meus rabiscos. De tanto ler minhas memórias e gozar sozinha, Ilusão decorou meus textos e a posição em que melhor me encaixo e agora vem de novo, insistente, me oferecer companhia para as noites quentes que curo dormindo sem roupa e com a janela aberta, na esperança que um vento gelado me jogue na parede e me penetre com a indecisão dos suicidas. Ilusão está aqui, posso sentir, cheirando na minha nuca o perfume que agora comecei a beber a goles gigantescos. Quero me livrar desse cheiro, presta atenção. Perfume de lençol amarrotado e gozo e gemidos e eu te amo baratos. Quer para você, invejosa? Ilusão é uma puta invejosa me oferecendo o sexo que não consegue ter e, quando se esforça, embrulha num pacote de laços mal feitos não só o sexo selgavem que me causa vertigem, mas uma pitada de palavras bonitas e umas mentiras disfarçadas de quase verdades nas quais, que merda, eu acabo acreditando. Só que eu aprendi, entendeu? Uma hora a gente aprende a escrever em linhas tortas porque tortos são os sentimentos. Uma hora eu ia aprender, Ilusão, que você gosta de me ver de quatro, soltando palavrões pela boca e queimando em brasa nas mãos que batem, que mordem, que apertam, que fodem meu corpo como você gosta de foder minha vida. Quer me ver de quatro outra vez? Hein, Ilusão? Eu queria esperma de gosto diferente, você tem para me oferecer? Ah, não? Olhe direito o cardápio, incompetente. Um gosto diferente, não sei bem qual. Gosto de céu, talvez. Isso. Gosto de céu, para que eu possa engolir um pau duro e vomitar estrelas. Tem aí? Estou esperando, Ilusão, encostada naquela porra de muro onde já cravei minhas digitais e arranhei minhas costas. Não demora, sua vaca inútil. Estou esperando há muito, há tanto tempo...]

terça-feira, 19 de outubro de 2010

[Duda]

Genitor me liga no meio do expediente e eu atendo, imaginando que pode ser algo urgente, afinal de contas, ele nunca me liga enquanto estou no trabalho. Esqueço de explicar que gente, um minuto só, deve ser algo sério e atendo Genitor na frente de todo mundo. Quando ele pergunta se peguei o Duda, retruco imediatamente, me fazendo de ofendida e dizendo, entre outras coisas que:

a) Olha, o Duda? Não sei, né? Há uma certa probabilidade de eu ter pego algum Duda, sim, embora não me lembre exatamente quando, como e onde. É tudo uma questão de possibilidades, portanto;

b) Por falar nisso, como você ficou sabendo desse tal de Duda? Que eu saiba, não costumo contar sobre minhas saídas falidas e meus relacionamentos idem, a não ser que algum espírito alcoólico zombeteiro tenha tomado conta do meu corpo e me obrigado a fazer confissões sobre o Duda e afins;

c) Além do mais, se eu peguei ou não o Duda, ou se foi o Duda quem me pegou, ninguém tem nada a ver com isso, a vida é minha, não devo satisfações e blábláblá.

[Bem... isso na frente de todo mundo, tá?]

Genitor, com uma paciência que lhe é incomum, espera meu rompante terminar e explica que saí de casa sem minha CNH e que, por acaso, tinha visto que ela está vencida. Daí achou uma boa idéia perguntar se eu já tinha pago o Duda porque, né?, parece que não devo andar por aí mordendo pessoas e com uma carteira de motorista vencida.

[Sim, eu tenho uma CNH vencida. Sim, eu saio de casa sem documentos. Sim, eu dirijo Neruda assim mesmo. Sim, além de tudo eu mordo pessoas. Sim, serei a festa da Polícia Rodoviária Federal a qualquer momento, colega]

Por fim, Genitor quis saber desde quando estou usando drogas.

[Agora alguém pega na minha mão e diz que vou ficar bem, por gentileza, vai]

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

[Múltipla Escolha]

miguel diz: mas então por que é que você está assim?

[P] diz: não quero falar disso agora, só me faça rir. sabe contar piadas?

miguel diz: claro. conhece aquela da docente esquisita?

[P] diz: não... qual?

miguel diz: a de uma docente que atropelei de bicicleta ano passado, que virou onça, quase me matou e tempos depois me indicou pra uma vaga num dos lugares onde ela trabalha?

[P] diz: hahahaha!!! nossa... esquisita mesmo! cuidado com ela!

miguel diz: tenho cuidado. ela é toda estranha.

[P] diz: pessoas assim são da pior estirpe, sei do que estou falando.

miguel diz: ela é metida.

[P] diz: é? que mais?

miguel diz: debochada. exagerada. perfeccionista. um nojo.

[P] diz: coitado de você que convive com essa criatura, hein? nenhuma qualidade? nenhumazinha?

miguel diz: sim. ela também é um doce.

[P] diz: ah, miguel! um DOCE? jura?

miguel diz: é. apesar de tudo, ela é um doce.

[P] diz: olha, pessoas como essazinha aí venderiam a alma ao diabo por um elogio deste, mais especificamente, por ESTE elogio, sabe? você tem CERTEZA que ela é um doce?

miguel diz: certeza, certeza, não. mas vou lambê-la na quinta-feira e depois te digo.

[P] diz: hahahahahaha!!!

miguel diz: é que toda quinta-feira rolam umas trufas lá no nosso trabalho. ela come como se estivesse tendo um orgasmo. acho que é o momento em que atinge o nirvana da quinta-feira. vou dar uma lambida no... no... no pescoço! isso. vou dar uma lambida no pescoço dela, naquele pedaço onde o pescoço vira ombro, pra saber o quanto ela é doce.

[P] diz: isso é Caiooooooooooooo!!! não creio, você citou o Caio!

miguel: claro, é o Caio. esta docente esquisita anda sempre com alguma coisa do Caio em mãos e, não conta pra ninguém, mas ela é esquisita o bastante pra trocar a frase que prende na porta do seu armário de acordo com sua tpm, mas é sempre Caio. parece que ela gosta dele, não sei.

[P] diz: bom gosto, apesar dos pesares. e aquilo de "nirvana da quinta-feira"? palhaçooooooooooooo!!!

miguel: é que nos outros dias ela deve atingir o nirvana de outras formas, a coitadinha.

[P] diz: tipo?

miguel diz: e eu vou saber? não vou me atrever a perguntar a uma onça o que ela faz pra chegar ao nirvana nos outros dias da semana. vai que ela decide me comer?

[P] diz: hahahaha!!! e você não ia gostar, lógico!

miguel diz: lógico que não. sabia que ela é horrorosa? tem um jeito meiguinho de falar que é um horror. anda de um jeito desengonçado. joga aquela cabelo seboso dela pros lados enquanto se distrai e nem repara que estou olhando pra todo aquele filme de terror.

[P] diz: tô me acabando de rir aqui...

miguel diz: imagino seu espanto. longe de mim querer comer, digo, ser comido.

[P] diz: hahahaha!!!

miguel diz: ela nua deve ser bem, bem, bem.

[P] diz: bem?

miguel diz: broxante.

[P] diz: hahahahaha!!! miguel! quer parar???

miguel diz: certo. parei. vai no meu aniversário, não vai? prometo que não chamarei essa docente desagradável.

[P] diz: ufa! ainda bem! sinto que nós duas não nos daríamos bem mesmo! irei sim, claro, só não sei ainda o que vou te dar.

miguel diz: você.

[P] diz: olha a palhaçada, tá ficando previsível, hein?

miguel diz: é verdade. preciso consertar isso. mas se você vai, beleza. quero te apresentar aos meus pais.

[P] diz: e por que???

miguel diz: eles precisam conhecer a docente broxante que será a mãe dos netos deles.

[P] diz: porra, miguel...

miguel: consertei depressa?



Diante do exposto acima, a pergunta que não quer calar é: o que faço com esta criatura?

a) ( ) Empresto, sem fins lucrativos, àquelas mulheres que precisam de um homem para trocar lâmpadas, matar baratas, abrir potes cujas tampas foram feitas para nunca serem abertas e que não se importem com o fato do mesmo só ter - quase - vinte e seis anos.

b) ( ) Alugo, a uma quantia apenas simbólica, para aqueles lares de repouso cujas mocinhas talvez, quem sabe, de repente, precisem de um cara forte para empurrá-las em suas cadeiras de balanço e apto a assistir e divagar sobre comédias românticas de quinta categoria sem, contudo, nos esquecermos do fato que o dito só tenha - quase - vinte e seis anos.

c) ( ) Rifo, caprichando no valor dos bilhetes de um único número, atuando ilicitamente no submundo da jogatina promíscua e vendendo o sujeito que consegue me fazer rir quando estou prestes a chorar numa transação fraudulenta, àquela que oferecer a maior quantia pelo mesmo, não se importando com o fato dele ter apenas - quase - vinte e seis anos.

d) ( ) Devolvo para o mar, porque do jeito que a vida é uma sacana comigo, provavelmente Iemanjá errou a destinatária da oferenda e - adivinha? - é claro que constatei isso quando me dei conta de que a referida oferenda só tem - quase - vinte e seis anos.

[Aproveito aqui para mandar um abraço para você, pessoa evoluída o suficiente a ponto de ignorar a pouca - ou muita, ou muita MESMO, vai saber - idade daqueles seres que possuem um pênis que é utilizado, diversas vezes, como instrumento de raciocínio. Eu não sou assim, beijo]

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

[Tango]

Agora é oficial.

No super-mega-master-plus-total-flex evento que irá acontecer no trabalho às vésperas do meu aniversário - inferno astral, oi? -, esta que vos escreve fará uma apresentação de tango.






*pausa para algumas considerações*

Não, eu nun-ca dancei tango na minha vida.

[Mas aprendo tudo muito rápido, se é que isso ajuda]

Sim, havia outras opções de ritmos musicais, mas virei a louca obscena quando ouvi a palavra "tango" e agarrei o pobre com unhas e dentes, questionando se alguém, naquele lugar, teria algum argumento plausível que justificasse que nós não fomos feitos um para o outro: eu e o tango, o tango e eu.

[Todos os argumentos foram favoráveis à combinação "tango + [P]", afinal, vivemos numa ditad... ops! democracia da [P], claro]

Não, eu não terei coadjuvantes-antagonistas-barangas-invejosas que, evidentemente, fariam de tudo para sabotar minha apresentação.

[Luz, figurino, música, glamour e enroscar de pernas, tudo, tudinho focado na minha pessoa. Um espetáculo, visualize]

Sim, é lógico que terei aulas com um profissional que, por sinal, será meu par no fatídico dia.

Aparentemente ele não gostou de mim, sabe? Fomos apresentados num momento em que eu estava muito atarefada, pensando em duzentaseoitentaesete coisas que precisava dar conta e, quando estou numa situação dessas, parece que fico mais descompensada do que normalmente já sou.

- Isso não vai dar certo - ele disse.
- É claro que não. A graça está aí - respondi.
- Mas eu não brinco em serviço e blábláblá - ele se irritou.
- Eu brinco. Acho legal deixar o ambiente descontraído, alcanço melhor o outro desse jeito, etc etc etc - retruquei.
- Está na cara que você é petulante e vai pisar no meu pé o tempo inteiro - ele profetizou.
- Está na cara que você é um adivinha que não come ninguém há um certo tempo - respondi, antes de virar as costas e voltar para minha reunião.

[É, eu sei, tem tudo para dar certo e já consigo até imaginar os ensaios]

*fim das considerações*






[Então... o céu é o limite quando penso no tanto de situações constrangedoras pelas quais posso passar nesta minha vida, não?]

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

["O Que Você Vai Ser Quando Você Crescer"]

Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse. Comecei minha vida profissional ainda na faculdade, trabalhando de graça num lugar comunitário. Genitor reclamava do fato de eu acordar cedo aos sábados e pagar para ir trabalhar. Meu lado Madre Teresa, porém, não se deixou abater com discursos pequeno burgueses. Tempos depois me inscrevi num concurso e ganhei uma bolsa até o final da faculdade, que pagava um salário para eu exercitar aquilo que sempre soube que seria quando crescesse e fazia Genitor reclamar [compartilhamos essa coisa de reclamar e reclamar e reclamar, afinal, a genética existe para isso, correto?] que era uma miséria, muito pouco, nem valia a pena e afins.

Assim que me formei, fui trabalhar no subúrbio. Não era um subúrbio qualquer, colega. Era um subúrbio que me fazia acordar às cinco da manhã, de segunda a quinta, para estar no trabalho pontualmente às sete e quinze, presta atenção. Um subúrbio que me gerou traumas para toda uma vida, incluindo:

a) falsas tentativas de assalto: já contei que uma vez deixei o ladrão tão compadecido que ele quase chorou comigo, arma na mão e tudo, uma beleza? não? mas isso é outro assunto;

b) um pé engessado: que eu ganhei adivinha como? esqueci o último degrau do ônibus e me espatifei no asfalto em frente a um terminal lotado de estivadores que, enternecidos com os palavrões que saltavam da minha boca e escorriam àquela hora da manhã pela rua atrapalhando o trânsito, me apoiaram, me deram colo e me ensinaram boas maneiras;

e c) o receio constante de ser atingida por uma bala perdida numa via expressa: carrego isso comigo nas minhas entranhas até hoje de modo que, se eu tiver que andar por uma daquelas linhas coloridas, por exemplo, vou escolher dar a volta, perder mais tempo ou acordar muito mais cedo, só para evitar aquele caminho. A não ser que seja minha única opção, claro. E a não ser que uma bala perdida não doa. Dói? Não sei. Sei de muita coisa que causa dor e, numa boa, já é o bastante. Enfim, estou me perdendo, droga!

Ah, sim! Foi no subúrbio que ouvi da então diretora que, se me lembrasse dos nomes e fisionomias daqueles meninos dali a alguns anos, eu veria para que eles serviram. Toda uma vibe "você está NO LUGAR, garota, se liga!"

Foi no subúrbio que conheci L. Não só L., claro. Minha memória generosa me permitiria lembrar, também, de J. [uma menina que, mesmo sabendo da distância geográfica que nos separava, insistia para que eu a levasse embora comigo, todas as terças e quintas, quando nos víamos]. Mas L., né? L. era um adolescente que se destacava dos demais. Absurdamente inteligente, dono de um discurso eloquente e notas altas. L. tinha um irmão gêmeo, o outro L. E como eu sabia quem era quem, se eles sentavam um na frente do outro? Eu sempre soube o que seria quando crescesse, simples. Instinto. Certeza de que, se a diretora tivesse mesmo razão, L. não estaria entre os outros meninos.

Então outro dia L. me procurou. Como? Não sei, talvez ele também sempre soubesse que me encontraria quando crescesse. Parece que não foi uma tarefa fácil, porque há anos abandonei o subúrbio, a diretora não era mais a mesma, a maré não estava favorável, assim como meu trânsito astrológico e, sendo assim, percorreu uma via-crucis até chegar a algum tipo de contato meu. L. agora é um homem de vinte e dois anos que já começou uma pós-graduação na mesma universidade em que fiz a minha e que acabou de ser chamado para um concurso que fizera tempos atrás. Somos colegas de profissão, veja só! Não reconheceria L., se o visse passar por mim na rua.

Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse, talvez porque já sonhasse em receber um e-mail de alguém que passou pelas minhas mãos anos atrás e fez questão de me mostrar que estava mesmo certa quando escolhera o que queria ser. L. me mandou um vídeo com o trecho da sua formatura, quando citou a pessoa que o inspirou a escolher aquele curso, quando disse em público que espera ser como a tal pessoa era para ele e quando escolheu, como sua música, uma que esta mesma pessoa lhe apresentou, tempos atrás, ao levar um cd e a letra, ensinando todos a cantarem que quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

L. me disse que continuo com a mesma fisionomia de tempos atrás e que, se antes não podia dizer por causa daquela coisa de hierarquia, agora ele não precisa me obedecer e pode dizer o que pensa. Não sei lidar com elogios, ainda que só esteja vendo a pessoa através de um computador. Não sei como reagir e fico pensando falo que ele está irreconhecível, está grandão e graças a Deus por isso? Não sei como proceder, não sei.

Agora L. quer me encontrar. Acha justo que eu receba não sei bem o que, talvez o seu projeto de pesquisa para dar uma olhada, assim como quem não quer nada. Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse. Conhecer um monte de L. e, de alguma forma, deixar minha marca, não passar em branco e não fazer uma viagem perdida em vida. É, mas isso implica em ser reconhecida pelo meu trabalho e, evidentemente, receber elogios. A contradição é tudo na vida da pessoa, não? Enfim...

[Só não sei o que fazer ou onde enfiar meu rímel quando surge um L. que faz com que me dê conta que, realmente, se eu quero, consigo]

terça-feira, 21 de setembro de 2010

[Fantasia]

Altas discussões sobre a festa a fantasia que acontecerá na casa de uma amiga do trabalho no próximo final de semana. Quando me perguntaram se eu já tinha escolhido minha roupa e respondi que não, iniciou-se uma espécie de votação popular. Sugeriram Mulher Maravilha. Eu ri. Sugeriram Gata Borralheira. Ri também. Sugeriram que eu me fantasiasse de freira. Ri de novo. Desistiram de me fantasiar em pensamento, na certeza de que eu tinha ficado tentada com a fantasia da freirinha.

Tolinhos... eu só não queria estragar a surpresa, é claro.












[Só não quis contar que serei uma stripper, beijos]

terça-feira, 14 de setembro de 2010

[Palhaçada]

Conheci o palhaço num dos aniversários que começam a se proliferar na minha vida a partir do mês de agosto e que se estendem até novembro.

Eu me divertia tanto - mas tanto - com as palhaçadas do palhaço que, creio, era a mais criança de todas as crianças naquela festa infantil.

Durante o espetáculo, fiquei sabendo - não me pergunte como, havia álcool no evento, olha a palhaçada! - que está terminando a faculdade, tem um emprego fixo e sério e que está se curando de um fora que uma palhaça lhe deu há pouco tempo.

Jura???

PALHAÇO!

A certa altura, ele me deu o seu cartão e explicou que se eu precisasse de umas palhaçadas particulares, seu repertório é grande.

Grande, né? Eu ri.

PALHAÇO!

Expliquei que não era nada pessoal, mas estou ignorando criaturas do sexo masculino com menos de vinte e cinco anos de idade, exceto... bem, enfim, exceto.

Ele disse que, infelizmente, tem menos de vinte e cinco, mas que a idade não importa, o que vale é o conteúdo, a conversa, o bom humor e blábláblá.

PALHAÇO!

Aí fiquei pensando, né?

Quantas vezes me deparei com pessoas aparentemente sérias, que me juraram coisas eternas, me enganaram direitinho e me fizeram de palhaça à minha revelia?

PALHAÇOS!

Por outro lado, se homem é mesmo tudo palhaço, este, pelo menos, vem com certificado, tem a obrigação de nos proporcionar algumas horas de bem-estar e não vai pregar nenhuma peça que já não estejamos esperando.

[Todos, sem exceção, deveriam vir com este manual, me corrija se eu estiver enganada]

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

[Nunca Digas...]

"Serra da Mantiqueira com visibilidade zero? Não vamos conseguir passar"


"Isso aí já é demais! Não comerei mais açúcar pelas próximas horas"


"É tããããão bucólico... não vou conseguir suportar"










"Nem tem tanto livro, o que eu poderia encontrar?"


"Destas águas não beberei j.a.m.a.i.s"






"Que imensidão! Não vou conseguir pedalar":



"Mas é muuuuuuuuito alto, de jeito nenhum eu vou conseguir me jogar!"







[E aí a gente percebe que, né?, é bom mudar de ares, sair da rotina, cansar as pernas, se jogar no abismo, comer doces até enjoar, beber o que aparecer pela frente, encontrar - e esquecer, pelo menos por alguns dias -, os anos de solidão...]

[São Lourenço - Minas Gerais/ Setembro de 2010]

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

[Difícil, Muito Difícil]

1) De como eu tento pensar positivamente e tudo o que ganho é a constatação de que sou difícil, faço coisas difíceis, passo por momentos difíceis, compartilho dificuldades e por aí vai:



2) De como, no final das contas, eu fico sem saber o que fazem comigo ou do que se trata cada coisa:


3) De como me compadeço dos pecados alheios:


5) De como sou obrigada a entender - porque aceitar, jamais! - as melecadas que me aprontam:


6) De como podemos concluir que a mulher é a base de muita coisa neste mundo - desde que o mundo é mundo, inclusive:


7) De como a memória é algo seletivo na hora de reter, pelo menos, um ensinamento futebolístico que faço questão de propagar:


8) De como me dar conta de que não sou a única a pensar que há alguma coisa errada com este mundo:


[Em minha defesa quero dizer que sou difícil sim, mas nem fazia muito tempo que tinha contado aquela velha historinha de quando os europeus chegaram ao continente americano, puxa vida...]

sábado, 28 de agosto de 2010

[Indevido]

xxxxxxx diz: e vocês vão no seu carro ou no dele?

[P] diz: como assim? eu vou no meu e ele no dele. quero evitar caronas indevidas

xxxxxxx diz: e contribuir para um trânsito mais caótico?

[P] diz: neste horário não há mais trânsito caótico, você sabe

xxxxxxx diz: e em que lugar vocês dois vão?

[P] diz: peraí!!! não tem isso de "vocês dois", não é um encontro a sós, vamos estar em bando, haverá uma galera e tal

xxxxxxx diz: ah, é? pensei que fosse tipo um encontro

[P] diz: não, não será. quero evitar climas indevidos

xxxxxxx diz: claro, te entendo. mas e a roupa, você já escolheu? deixa eu opinar, deixa, deixa, deixa?

[P] diz: sim, opine

xxxxxxx diz: aquele vestido liiiiiiiiiiiindo que você comprou quando fomos ao shopping para trocar a minha sandália. vai ficar linda!!

[P] diz: não, eu não vou de vestido. acho que vou com uma calça e aquela blusa que me custou um dos olhos da cara e ainda nem usei

xxxxxxx diz: [P], vai de vestido, o que te custa? deixa de ser estraga prazer. ele é lindo

[P] diz: é verdade, ele é lindo

xxxxxxx diz: kkkkkkkkkkkkkkkkkk, então, vestido!!!

[P] diz: não, você sabe que não vou. quero evitar mãos bobas indevidas

xxxxxxx diz: que pena. depois do vestido eu ia sugerir que fosse sem calcinha, pra facilitar os trâmites bobos

[P] diz: hahahahahahaha!!

xxxxxxx diz: desse jeito, minha amiga, evitando tanta coisa "indevida", você não vai pegar nada, nem sequer sapinho

[P] diz: hahahahahaha!!! ô imaginação podre

xxxxxxx diz: e você sabe, minha amiga, que se não experimentarmos os sapos, nunca saberemos qual deles é, na verdade, o príncipe

[P] diz: é a sua teoria?

xxxxxxx diz: e você também sabe, minha amiga, aliás toda a torcida do seu time sabe que, no caso, nem estamos falando de um SAPO. então, DEIXA DE SER DESSE JEITO AÍ e acorda, porra

[O poder de argumentação das pessoas deve exercer uma força sobrenatural sobre mim, pois já estou revendo meus conceitos sobre ficar presa num engarrafamento que eu mesma ajudei a criar, ainda por cima usando algo desconfortável como uma calça comprida, sabe? Ou então sou muito, muito influenciável, tsc]

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

["Debaixo De Sete Chaves"]

Eu queria mostrar isto:

[P] diz: não dá pra acreditar, nem pra entender

andré diz: dá... pessoas. pessoas são estranhas muitas vezes e fazem coisas sem saber direito o que fazem, pensando muito no que tá bom pra elas. mas sabe... ainda bem que acontece isso. faz um tanto de outras coisas acontecerem. que talvez nunca aconteceriam... você sabe disso.

[P] diz: só que estou no olho do furacão, não consigo enxergar nada, andré

andré diz: pê, pê. então olha bem ela, essa dor de agora, que amanhã já não é a mesma. e eu queria por 1 minuto te fazer sair dessa coisa fria e te levar num lugar bem lindo. deixa essa coisa toda de lado. só assim... as vezes é preciso que tudo exploda e vire cinzas, pra assoprar

[P] diz: não tem conseguido escrever? reparou em como você conversa?

andré diz: não...... eu tenho rasgado ideias, um monte delas

[P] diz: você conversa com poesia nos dedos. acho que é assim que deve ser conversar pessoalmente também

andré diz: mas não sei tantas coisas também... só acho um monte

[P] diz: mas no momento está sabendo mais do que eu, e isso me basta.

andré diz: te desejo algo bonito. a coisa mais bonita que você conseguir pensar. e descanse um tanto. esvazia essas coisas daí. respira fundo e solta.

[P] diz: brigada, tá?

andré diz: nem sei o que te dizer. queria tocar algo pra você. ou te pintar. as palavras andam poucas... mas é de coração.

[P] diz: tudo bem, eu sei

andré diz: tequerobemmeubem.

[P] diz: não sabe como ajudou só em estar aí.


E isto:

de xxxxxxx
para "[P]"

data 19 de agosto de 2010 11:43

assunto Re: Seu texto.


Oi querida! Fico super feliz por ter te feito bem, é muito bom saber que minhas palavras puderam ajudá-la de alguma forma. O que se passa na sua vida, flor? Se eu puder ajudar, saiba que estou às ordens. Lógico que vc pode usá-lo, quando quiser, do jeito que quiser. Ando sumida porque estou na maior correria, como não conseguimos falar no msn, podemos tentar por aqui. O que acha?

Muitos beijos, fique bem.

Xxx


E isto também:


E mais isto:

de miguel
para "[P]"

data 18 de agosto de 2010 21:35

assunto durma bem


menina, não vou ficar repetindo um milhão de vezes que estou preocupado com você, mesmo sendo a mulher mais difícil com quem já cruzei (e esbarrei, e atropelei, whatever) na vida. mas estou, e queria poder fazer mais. entendo que queira estar só, mesmo rodeada de pessoas querendo ajudar, só não dá pra entender o rosto triste que vi hoje, porque acho que seu rosto não merece ficar daquele jeito. eu estou aqui, na distância em que me permitir estar. se precisar, e-mail, telefone, telepatia, estão aí pra isso.

devia se olhar no espelho. devia rir de quem te deixou livre, leve e solta pelo mundo, afinal, você é inteligente, divertida, "palpável", "pegável", "comível" e debochada (é agora que você diz "vai pra merda, miguel").

dorme bem, anjo.

miguel.

E isto aqui:

Maria Fernanda diz: quem ele pensa que é pra tratar minha amiga assim?? Brad Pitt??

[P] diz: por favor, vai com calma. me ajuda?

Maria Fernanda diz: ele é uma lástima de homem. estou feliz de vc estar livre dele. isso não se faz. ele pelo menos podia ser mais polido, entende?? digo, se vc vai embora, me despeço. se não vai, nem preciso te ver


[P] diz: não acho mais que seja tão necessário olhar nos olhos dele assim, fer

Maria Fernanda diz: estou aqui torcendo e rezando por vc. vc não é nenhuma idiota, vc é escorpiana, tem força interior.


*minutos depois*


[P] diz: voltei. consegui.


Maria Fernanda diz: está se sentindo bem? vitoriosa? conseguimossssssssssssss!!! aliás, vc conseguiu! viva! sou sua fã! viu só?? vc é capaz, forte. vc foi melhor do que imaginei, tem que virar essa página. acho que deu grande passo hj, estou orgulhosa de vc, muito

[P] diz: brigada, não sei o que seria de mim sem vc


Maria Fernanda diz: que nada. vc é muito mais forte e capaz do que pensa. mas sou sua amiga, de verdade, gosto de vc, é a amizade mais sincera e bacana que fiz na net


[P] diz: eu sei. ai, vou chorar, porra


Maria Fernanda diz: um dia a gente vai se conhecer


[P] diz: simmmmmmmmmmm

Maria Fernanda diz: estou tãooooooooo feliz por vc. por estar bem. doeu em mim hoje. qdo li as 5h50 da manhã o que me escreveu no msn


[P] diz: estive com uma amiga que dava dó de ver. tão preocupada comigo, sabe? cara tensa


Maria Fernanda diz: compreendo, imagino quem estava perto


[P] diz: todo mundo perguntando o que eu tinha, imagina minha cara? e eu "nada, é dor de cabeça, tô bem, gente"


Maria Fernanda diz: nao se diminua, menospreze, nem se rebaixe. era muita mulher pra pouco homem. vou rezar pra aparecer um 19cm pra vc


[P] diz: kkkkkkkkkkkkkkkkkk


Maria Fernanda diz: juro! só isso salva e nos leva pro céu! vou fundar a igreja dos 19cm


[P] diz: hahahahaha!!! vc não existe!

[Uma observação: como primeira fiel da Igreja dos 19cm, estarei sempre disposta a pagar dízimos, penitências e tudo o mais que puder pagar ;) ]

E, por fim, mais isto:

[E eu também queria dizer que sei que não estou sozinha. É muito bom sentir que não estou sozinha. Ainda que só houvesse uma única pessoa que se importasse comigo, esta seria a última que eu escolheria para expulsar da minha vida pois sei, desde que me entendo por gente, que precisamos estar perto de quem nos quer bem. Sei que há pessoas que se preocupam de verdade e sei também que existem aquelas que, embora não saibam o que se passa de fato, demonstram um interesse especial, perguntando se está tudo bem m.e.s.m.o, oferecendo ouvidos caso eu necessite, dizendo que ouviram uma música ou leram uma frase e lembraram de mim ou, simplesmente, me olhando com aquele jeito cúmplice que me dá a certeza de que não, não é só uma única pessoa que se importa comigo e não, eu não estou sozinha. Mesmo]

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

[Ordinária]

Eu sei muito bem qual é o seu jeito de fazer as coisas.

Espalhando nuvens.
Derramando pétalas.
Esquentando paredes.
Escondendo travesseiros.
Estendendo lençóis.
Clareando manhãs.
Desenhando constelações.

Eu sei muito bem o que você espera que eu faça.

Sopre tempestades.
Pisoteie flores.
Congele desejos.
Molhe fronhas.
Morda a carne.
Apague as luzes.
Cuspa estrelas.

Não tem vergonha, não? No seu lugar, Ordinária, eu teria.

Vergonha dos clichês repetidos que me ensinou a interpretar.
Das vísceras que me obrigou a expor.
Da cara de boba que desenhava em meu rosto.
Dos trovões ensaiados que aprendi a vomitar.

Eu sei muito bem o que estou fazendo.

Está tudo errado? Está rindo de mim? Não importa. Você não é a única Vida que eu tenho. A brincadeira só acaba quando eu cansar de apagar os rascunhos escritos com o gozo que escapa das minhas entranhas.

Se eu fosse você, Ordinária, arranjava um lugarzinho na arquibancada só para ver como eu consigo jogar fora tudo o que me ensinou e fazer muito melhor, sozinha.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

[Playlist]

Carrego várias de minhas músicas preferidas num desses dispositivos portáteis. Sempre que saio para trabalhar, conecto o tal dispositivo no rádio e as músicas se reproduzem numa ordem já conhecida. Aí é aquela coisa, né? Prestar atenção em semáforos, retardatários, motoristas e limites de velocidade. A música é só um mero detalhe a embalar a troca de marchas. É assim com você, certo?

Comigo, não.

Eu calculo o tempo que estou gastando no trânsito através das músicas que vão se sucedendo, na tal ordem que já conheço. Ontem, não sei se por alguma conjunção astral desfavorável ou simples destempero de Murphy, a primeira música não tocou. Nem a segunda. Nem a terceira. O que comecei a ouvir só devia ser ouvido quando já tivesse percorrido metade do trajeto até o trabalho. Mais uma informação para meu cérebro processar, enfim.

[Adivinha o que eu fiz? Hein? Hein?]













Errei o caminho. O caminho que percorro há bastante tempo. Errei bonito. Tão bonito a ponto de entrar na contramão e tudo. Digamos que provoquei um certo embaraço ao meu redor e adjacências.

[Sim, eu sei, é impossível não me amar]

Para alguns, estou precisando fazer sexo. Selvagem, de preferência. Há também os que indicam o hospício com vista para o mar. As pessoas mais perspicazes vão além, sugerindo sexo selvagem na clausura do hospício com vista para o mar.

[O fato é que não sou ninguém sem a primeira música da minha playlist quando saio de casa, Brasil]

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

["Amo Muito Tudo Isso"]

Ando bastante sensível. Se alguém elogia minha roupa, me abala. Se alguém me dá um filme de presente, alegando que é lindo, etc e tal, abalada ficarei, depois de assisti-lo. Se alguém me pedir encarecidamente para tomar conta de uns seres que estão fazendo provas, mesmo que não sejam seres humanos que me pertençam - na minha profissão é um tal de você conhece Fulano? não, Fulano NÃO É MEU, é de Sicrana - eu, sensibilizada, farei o favor.

Foi assim que, emocionalmente abalada, explicava qualquer coisa a uma menina quando aconteceu o seguinte diálogo:

- Você está querendo explicações demais de alguém cuja disciplina é outra, fofa.
- Ah, então você é a tal da [P]???

[Amo. Adoro. Acho o máximo. Dou pulos de alegria. Tenho orgasmos múltiplos quando se dirigem a mim usando isso de "a tal", como se eu fosse uma tal qualquer, entende?]

- Xii... pelo visto já andaram falando de mim por aí. Mal, né? Vocês adoram falar mal da gente.
- Não, pô. Você é a [P]. Falam super bem.

[Eu só queria dizer que ando sensível. E que me dirigi a um canto. E chorei]

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

[Da Série: "Preciso Compartilhar"]

de cleonice*
para [p], josiclene*, roberval*
data 02 de agosto de 2010 09:22
assunto culinária
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genteeeeee, só queria compartilhar as conversas de bastidores que ouvi. o que é a maionese que a [p] faz? achei que era exagero da minha parte porque todo mundo sabe que se lésbica eu fosse, pegaria muito essa [p], mas não. galera comentando geral que o melhor de tudo era o pudim. e a maionese. quem fez o pudim mesmo? a insuportável da [p]?

de [p]
para cleonice, josiclene, roberval
data 02 de agosto de 2010 09:56
assunto culinária
enviado por gmail. com

Ora, ora, ora, mas que absurdo! Os seres humanos que chamo de "amigos", os de verdade, os do peito, de fé e irmãos camaradas, todos sabem que há três coisas que eu sei fazer MUITO bem: doces em geral, maionese, viajar na maionese e cavalgar. Foram 4, né? Eu não sei contar, relevem.

de roberval
para [p], cleonice, josiclene
data 02 de agosto de 2010 10:08
assunto culinária
enviado por gmail. com

cavalgar na maionese também? rsrsrs

de josiclene
para [p], cleonice, roberval
data 02 de agosto de 2010 10:27
assunto culinária
enviado por gmail. com


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
cavalgar na maionese? aposto que a [p] prefere no leite condensado, dá pra lamber e ela adora usar esse verbo LAMBER nos textos que escreve.

de [p]
para cleonice, josiclene, roberval
data 02 de agosto de 2010 10:44
assunto culinária
enviado por gmail. com


Bando de desocupados, aposto que estão no msn rindo às custas da minha maionese. Estou no trabalho e, portanto, não devo usar este e-mail. Preciso fingir seriedade, competência e simpatia. Estou no meio de uma reunião de "boas-vindas-novamente-colegas-sofredores" convocada pelo Diretor, com o notebook no colo, um copo de água ao lado, um rabo de cavalo displicente e um falso ar de interesse [só falta algo pra eu LAMBER pra cena ficar sexy, portanto]. Daqui a pouco ele vai contar alguma novidade di-vi-na [cof, cof] e eu não poderei ficar aqui, segurando o riso ao ler essas coisas que vocês enviam. Peço, gentilmente, que arrumem algo para fazer. Beijos.

de josiclene
para [p], cleonice, roberval
data 02 de agosto de 2010 11:09
assunto culinária
enviado por gmail. com


nós também te amamos, [p]!!! conta logo que novidade é essa.

de [p]
para cleonice, josiclene, roberval
data 02 de agosto de 2010 11:32
assunto culinária
enviado por gmail. com


Para tudo! Estão de sacanagem comigo, só pode! Diretor já deu a notícia nem tão di-vi-na. Lembram do cara-colega-de-profissão-atropelador-profissional, não? Que andou deixando currículo aqui, ali e acolá? Que eu tinha sugerido ano passado - sim, sou tapada, eu sei! -, pra ocupar aquela vaga que deixei aberta quando decidi aceitar a coordenação no meu outro emprego, o de número 46282947495? LEMBRAM DESSA PRAGA? Pois bem.

Estou indo embora, né? Precisavam de um substituto. Juntem a+b e poderão visualizar meu semblante no exato instante em que Diretor chamou o novo-cara-colega-de-profissão-atropelador-profissional, ele entrou na sala me procurando com o olhar e assim que me achou, li "eu não disse? aqui estou eu" nos olhos dele. Além de tudo, tive que escutar Diretor explicando as qualidades da pessoa, o currículo invejável, as referências, os trabalhos publicados e blábláblá, finalizando com um "Estamos apostando nossas fichas que a [P] irá desistir de nos abandonar nos 45 do segundo tempo, mas creio que se isso não acontecer, é um substituto à altura. E se ela desistir, dividiremos o trabalho entre os dois, desde que ela escolha seu turno preferido, porque já está há bastante tempo na casa e é invocada."

Será que ninguém avisou a ele que esse sujeito não sabe nem mesmo guiar uma porra de uma bicicleta??? Ainda bem que estou "vazando", como dizem os subordinados, sabe?

Deprimi. Vamos continuar brincando de enviar e-mails sem noção antes que eu corte os pulsos.

de roberval
para [p], cleonice, josiclene
data 02 de agosto de 2010 11:53
assunto culinária
enviado por gmail. com


que porra é essa? estou começando a ficar com ciúmes ;)

de cleonice
para [p], josiclene, roberval
data 02 de agosto de 2010 12:08
assunto culinária
enviado por gmail. com


hahahahaha!! castigo, miguxa, castigo. pelo menos ele é gato? é pegável, palpável e comível? se sim, use sua arma secreta, a maionese (não a cavalgada, a cavalgada nãoooooo)

de josiclene
para [p], cleonice, roberval
data 02 de agosto de 2010 12:17
assunto culinária
enviado por gmail. com


IT'S RAINING MEN, ALELUIA!








[*Não, eu não tenho amigos chamados Cleonice, Josiclene e Roberval. Identidades adulteradas, tais quais os cérebros em questão]