segunda-feira, 27 de outubro de 2008

[Profissão [P]erigo]

Enquanto isso, nos Conselhos da vida...

- Turma tal? Quem é esse Fulano da turma tal?
- O que dorme em sala de aula.
- "M" passou na sua matéria?
- "M"? O que mandou a Dona Y tomar naquele lugar?
- Não!!! Estou falando do "M" abusado, não do outro, aquele com jeito de psicopata.
- Quem é Beltrano?
- O que se masturbou daquela vez.
- E Sicrano? Preciso ver a foto, não me lembro dele.
- É o que não se masturba, tadinho.
- Esse tal de "A" não é o que é apaixonado pela [P]?
- Não, esse é o que só quer comer a [P].
- Ah, é verdade! O que é apaixonado é "F", o funkeiro de piercing e vocabulário irritante, né?

Me-do!

[Discordo totalmente das pessoas que insinuam que o problema sou eu. Onde já se viu uma coisa dessas?]

E, por discordar delas, me limito apenas a assistir a toda aquela demonstração de habilidade que possuem na hora de traçar perfis.

Mas estou providenciando um "kit de trabalho ideal" que deverá conter, dentre outras coisas, um detector de ereções, um manual de auto ajuda para masturbadores iniciantes e um cinto de castidade fashion. Só por precaução, sabe?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

[Rubor]

O vermelho do meu rosto foi descoberto pela vergonha escancarada que deslizou pelas minhas pernas misturada à sua língua. Recolho às pressas o vestido caído aos seus pés. É minha frágil tentativa de esconder-te entre minhas pernas com o tecido ruborizado pela volúpia do meu desejo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

[Nota Mental - II]

Nunca, jamais, de forma nenhuma, em tempo algum, aceitar um convite aparentemente inofensivo para um churrasco em família, mas em família MESMO, onde estarão praticamente TODOS sorridentes e de bem com a vida, a ponto de desobedecerem as regras básicas de convivência pacífica comigo e colocarem, no último volume, uns versos que dizem assim:

"Te amo, mas vivo a fugir desse amor Não dá prá ficar cara a cara
Eu quero esquecer, mas se vejo você
Coração dispara [...]"


Porque vou sobreviver no começo e achar graça do desmiolado que ressuscitou os versos de um passado longínquo na minha carregada memória. No começo. Mas depois vou me dirigir a um cantinho discreto e, numa tentativa desesperada de não me deixar abalar, quem sabe começarei a dar murros no meu próprio rostinho, me chamando de anta e similares.

[E como a família estará praticamente TODA reunida, não terei privacidade suficiente para me autoflagelar em canto nenhum]

Então os peregrinos se encaminharão na minha direção.

Uma prima distante casada há séculos e mãe de quatro filhos me aconselhará a engravidar imediatamente, iniciando minha aventura rumo à escadinha da minha prole, às anestesias e ao povoamento desse mundo tão desabitado.

Uma tia vai me chamar num canto e perguntará se não seria melhor eu ir me confessar ao padre da família, só para tentar dar um jeito na minha situação. Porque de nada adianta se eu possuo nível superior e outros supérfluos altamente necessários na vida de qualquer ser humano a ponto de me manter independentemente de um homem, se ela não vê o homem em questão. Aquele que vai me fazer ficar quieta com a barriga encostada no fogão ou lavando com zelo suas roupas, nas palavras de titia.

[Não, ela não sabe que eu não tenho barriga. E também não sabe que possuo uma máquina de lavar bem potente]

Um primo vai explicar que possui n amigos e que, com certeza, um deles deve ser meu número. Que isso de sofrer por coisas sentimentais não está com nada. Que, em último caso, é só eu ir lá e, bem, enfim, você sabe, fazer o que é bom e todo mundo gosta.

Numa última tentativa de me arrancar confissões inconfessáveis, me oferecerão vinho. O ápice da preocupação com relação ao meu estado se dará quando alguém perceber que o problema é aquele som. Então, terão a magnifíca idéia de arranjar Smooth para tocar. Ninguém vai ter naquela casa, mas o vizinho tem e é gente boa, adora ajudar, etc e tal. Tudo em minha homenagem, claro.

Qualquer ser humano que me conheça minimamente sabe muito bem que, se eu bebo, não devo ouvir Smooth. Se ouço Smooth, não devo beber. É por aí o tamanho da desgraça.

[O resto é inconfessável. Como toda perda de juízo deve ser]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

[Propaganda]

- O que você tem hoje, [P]?
- Ah, não estou muito legal. Acho que já estou surtando. Preciso de férias.
- Surtando?
- É, surtando. Sabe o que eu fiz pela manhã?
- O que?
- Acordei atrasada e ainda estava sonolenta enquanto lavava o rosto. Peguei o sabonete líquido e senti um perfume diferente, sabe?
- Como assim?
- Um perfume que eu nunca tinha sentido antes, não daquele jeito. Mas que também não me pareceu assim tão estranho...
- [P], você está surtando mesmo!
- Espera! Então terminei de lavar o rosto e fui procurar a fórmula para tentar descobrir que cheiro era aquele.
- E?
- Era o sabonete íntimo. Eu disse que estava sonolenta...
- Hahahaha!
- Engraçado, né?
- É que onde você usa não dá para sentir com tanta intensidade!
- Olha a situação da [P]essoa surtada...
- Que nada! Você é esperta, menina!

Então ela foi compartilhar minha suposta esperteza numa sala repleta de colegas de trabalho:

- Genteeeeee! A [P] está prontinha pra um sexo oral básico!

Fuzilo com um olhar? Coloco meu pé na frente para que ela se esborrache no chão? Derrubo aquele copinho de água infame que ela carrega escadas acima sem querer? Incorporo a virgem envergonhada e enterro minha cara no chão? Assumo uma versão desinibida e pergunto quem vai ser o primeiro? Todas as alternativas anteriores?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

[Lição]

"São as pequenas coisas que valem mais..."



Sabe o que eu faço pela sala deles para ser tão amada e idolatrada, não sabe?

Eu poderia estar roubando, me drogando ou me prostituindo, mas faço de tudo um pouco para arrancar lan house, futebol, Playboy, MSN e shopping daquelas mentes, pelo menos por alguns minutos que sejam. Então subo na mesa, danço um bocado e tiro a roupa, enquanto faço meu trabalho honestamente.

Só assim, entende?

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É mentira, lógico.

Na verdade eu digo que não sou dentista para visualizar dentes. Que não sou mãe, irmã, tia, prima ou agregada para ouvir respostas desafiadoras. Que não sou fofoqueira, para saber historinhas de namoricos. Que tenho audição sensível, para ter que ouvir funk. Que não sou coleguinha, para ouvir gracejos. Que não sou terapeuta, para lidar com perturbações. Que sou só uma carrasca, que tira de sala quando a coisa beira o colapso total.

Mas faço tudo com jeitinho.

E é assim que cativo e ganho fã-clube, chocolates, pedidos de casamento, "você sabe que eu te amo, não sabe?" e papéis, muitos papéis...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

[Por Hoje]

Vou te contar um segredo. Que ele fique somente entre nós dois e o vão obsceno que desvendará o vaivém dos nossos corpos. Cansei de ser racional. Quebre minhas verdades e espalhe-as misturadas a pétalas de rosa sobre os lençóis. Arranque das minhas entranhas os gritos sufocados pelas noites solitárias. Só por hoje eu permito que decidas por mim. Que me puxes pelos cabelos ao me ver aos seus pés. E que banhes minha pele com o suor do seu desejo. Só por hoje quero ser presa fácil. Deixe tatuada na minha cintura a marca das suas mãos. Crave seus dentes em meus mamilos. Me ensurdeça com seus gemidos. Faça de mim sua refeição. Prometo ser obediente. E estar quente. Prenda minhas pernas ao redor do seu corpo e não me deixes escapar da mesa da cozinha. Olhe nos meus olhos como jamais olhaste. Quero ler através deles os poemas que você fez para mim. Assista sobre mim o instante exato em que me levas ao céu. Afague meu coração com toques suaves. Morda minhas pernas com volúpia. Faça com que sua língua se perca nas minhas curvas. Vamos sujar a casa de sensações e gozo. Depressa. Tenho sede de viver. Vamos errar as contas, perder a hora e esquecer compromissos. Sorrir de tudo. Só por hoje. E, quem sabe, amanhã também.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

[Toda Tentação Será Perdoada - II]

No dia da matrícula uma moça muito simpática, toda guti-guti, meio pegajosa e cheia de nhém-nhém-nhém se viu na obrigação de fazer o seguinte comentário, após me ouvir dizer que estava apreensiva sobre se iria ou não aprender tudo direito e, principalmente, gostar da coisa e ver na dança a finalidade que procuro:

- Ah, mas é claro que você vai gostar, meu bem! Em pouco tempo vai estar enlouquecendo até um poste, você vai ver.

Quanta perspicácia a mocinha possui, não?

Porque, não sei quanto a você, mas a minha verdadeira intenção, ao iniciar um curso de dança do ventre, é passar por uma calçada deserta, tarde da noite, me insinuar para um poste e deixá-lo duro de tesão por mim, meu bem.