quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[Surtada]

Trabalho com Surtada. Veja bem, não se trata de uma pessoa como eu, que surta de vez em quando - em situações absolutamente necessárias, claro -, mas de uma Surtada vinte e quatro horas por dia, sete dias da semana.

Ontem compartilhávamos o mesmo oxigênio: eu, uma amiga, um colega de trabalho - menino, tinha que ser - e Surtada.

Surtada brigava com um computador. Reclamava da internet, do seu time de futebol, das páginas em branco, de uma vagabunda que estava lhe devendo alguma coisa que não deu para entender, do pen drive que não abria, da dor no braço que lhe impedia de encher a cara da tal vagabunda de porrada, dos relatórios imaginários que precisava digitar e do cansaço de procurar as pedras que jogaria na vagabunda - assim mesmo, tudo junto e misturado, de modo que achei por bem esconder as tesouras que estavam dando mole sobre a mesa.

De repente, sem tirar os olhos do computador, Surtada perguntou ao colega - menino, repito - se ele sabia o que estava havendo com a máquina e o que ouvi foi um pergunta para a [P], foi ela quem configurou esse computador que me fez fuzilá-lo com o olhar, porque a) não tinha sido eu, lógico b) o problema não estava na máquina, mas dentro da cabecinha de Surtada e c) gosto muito de treinar fuzilamento quando preciso dividir um ambiente com espécies da raça masculina.

- Configurou igual a cara dela, né? - Surtada falou.

Configurei

igual

a

minha

cara.

Tá?

Não foi dessa vez, hein, Universo? Percebi logo que esperavam uma desenfreada reação da minha parte, que começaria com uma subida na mesa, um salto espetacular e um avanço no pescoço de Surtada, terminando com a galera tentando tirar o mesmo das minhas mãos. Percebi logo, Universo.

[É por isso que gasto dinheiro para ser eu diante de uma especialista num consultório, toda semana. Muita gente louca ao meu redor. Tenho que manter meu [des]equilíbrio em paz]