terça-feira, 29 de dezembro de 2009

[2010]

Enfia sua língua na minha boca e arranca de dentro de mim todas as resoluções de Ano Novo molhadas de saliva que vamos usar juntos, depois de secá-las no meio do calor das nossas pernas.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

[Desembrulhada]

Eu tenho uma vizinha.

[Eu sei, você também tem, né?]

Minha vizinha é enorme. Enorme de grande, imensa, gigantesca. Para os lados e para cima. Não é o tipo de mulher que chama a atenção da maioria dos homens, a não ser pelo seu tamanho descomunal. Não é o tipo de mulher que suscita a vontade de comer num homem. Pelo menos não na maioria desta raça.

[Não, eu não sou hipócrita. Sou realista. Você não?]

O que sempre passou pela minha cabeça é como aquela mulher não inicia uma dieta para ontem, como não teme ter um treco a qualquer momento e deixar um filho órfão, como não pensa que pode ficar doente, como não procura algum tipo de tratamento, como isso, como aquilo - ou seja, minhas indagações sempre tiveram um fundo de busca por uma vida saudavelzinha. Achava graça das indagações de cunho filosófico-espiritual das minhas amigas, que não entendiam a equação atração-namoro-casamento-filho que explicaria o que o meu vizinho [cabe aqui um colchete para explicar como é meu vizinho? não? obrigada] viu na minha vizinha.

E por que minha vizinha num post? Porque durante este ano eu ouvi muita coisa. Coisas que me deixaram confusa, de coração partido, irritada, derretida ou, simplesmente, não me deixaram nada, porque não dei a devida importância. Não estou me referindo apenas a coisas que amigas verdadeiras falam para levantar nossa auto estima quando precisamos e que, geralmente, vêm acompanhadas de puxões de orelhas, mas também de coisas que partiram de pessoas que não tinham a menor obrigação de tentarem me fazer sorrir quando as lágrimas saltavam descontroladamente, quando eu precisava desencostar da parede, encarar quarenta e seis seres humanos e dissertar sobre a arte renascentista.

Minha vizinha, aparentemente, é bem feliz do jeito que é. Pelo menos ela participa de uma comunidade do Orkut intitulada "sou gordinha e sou feliz", ou algo parecido. É mentira, sabe? Ela não é gordinha, mas e daí? Feliz talvez seja mesmo. Fico me perguntando até que ponto não estou aproveitando o que tenho para ser feliz. Até que ponto estou boicotando a mim mesma, talvez justamente por ter medo de ser feliz.

Assim sendo, deixo registrado aqui que, de hoje em diante, serei atriz pornô.

















[Tá. É mentira]

No final de 2008, pedi a Noel apenas um presente:


Creio que naquele momento os anjos disseram amém, de modo que fui acometida por surtos de falta de juízo o ano inteiro. E foi muito bom. Dessa vez, quero apenas aprender a usar o que tenho de bom a meu favor. Porque, no final das contas, só quero ser feliz, como todo mundo. Ainda que não saiba o que fazer quando me colocam a felicidade nas mãos. Parece que queima. Parece que escorre. Parece que não é para mim, não é o meu número, fica larga - eu não sou gordinha, sabe? - e me escapa. Então, Noel, capricha mais uma vez, ok? Pode vir desembrulhada. Quero pegar minha felicidade e já sair usando, entende?

[Mas se tudo falhar, atriz pornô é uma possibilidade. Se eu posso ser apenas um par de pernas abertas, uns olhos que dizem o que querem, um cabelo bom para ser puxado e uma boca que solta gemidos, vou continuar gastando meu cérebro para que, não é mesmo, minha gente?]

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

[Escreve-Que-Eu-Te-Leio]

Momento "eu-leitora-que-caio-de-para-quedas-num-blog-de-família-à-procura-de-todas-as-respostas-para-minhas-dúvidas-sexuais":

Referring URL
http://www.google.co...e7&rlz=1I7ADBF_pt-BR
Search Engine
google.com
Search Words
deixo ele de pau duro e vou embora
Visit Entry Page
http://sigaaondevaomeuspes.blogspot.com/
Visit Exit Page
http://sigaaondevaomeuspes.blogspot.com/

Colega, eu também já fiz isso. Algumas vezes, para ser mais exata. Sempre que voltava, lá estava ele, de pau duro ainda, à minha espera. Porém, as coisas chegam a um ponto fatídico em que nem você mesma aguenta mais ficar só na expectativa, dá um chute nas suas incertezas, cede aos encantos de um membro ereto e, pasme!, acaba descobrindo que aquilo sim, é o que se chama de química, se é que me entende. Depois disso, só lhe resta torcer para que seus ímpetos sexuais não transbordem pelas beiradas do seu sorriso, pelo canto dos olhos, pelas pontas do seu cabelo e agradecer por aquele pau duro, aquela química, física, astronomia e todas as ciências e supostas coincidências que fizeram com que duas pessoas se encontrassem por aí e acabassem em lençóis, chuveiro, mesas e afins.

Entretanto, não querendo ser dura - pois, se já temos um pau duro, para que mais dureza, não é verdade? - preciso tecer algumas considerações, amiga. Se você deixa o cidadão de pau duro e vai embora, precisa tomar consciência de que outra mulher poderá, como devo dizer... poderá aproveitar o ensejo e fazer uso do pau duro em seu próprio proveito. Como bem sabemos, seres humanos são egoístas e não dispensam certas facilidades, ainda que seja um pau devidamente duro por antecipação. Além do mais, estamos aí desfilando nossa beleza numa sociedade machista e, por causa disso, há o risco do sujeito deixar-se dispor pela tal mulher como ela bem entender. Afinal de contas, o que os amiguinhos do maternal diriam se soubessem que ele não mostrou a devida competência no manejo do seu pau, não é verdade?

Gata, não é porque deu certo comigo e ficaram à minha espera que acontecerá igualzinho com você. Siga aonde vão meus pés, mas não arrisque um pau duro se não for devidamente descompensada, entendeu? Você é descompensada? A.c.o.r.d.a, pessoa.

[Sem mais para o momento, espero ter ajudado, embora não estejam abertas inscrições para consultas de cunho sexual aqui neste blog de família]

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

[Engasgar]

[Ah, porra, eu engasguei mais uma vez! Tinha prometido morder minha língua assim que você viesse com aquele papinho de oi-tudo-bem-quanto-tempo-o-que-tem-feito e foi só me distrair com seu par de tênis para engasgar outra vez com as frases que venho ensaiando para lhe dizer desde que nasci de novo, desde que você me estendeu a mão naquela noite fria, achando que eu não passava de uma bêbada sentada no meio fio debaixo de um temporal. Engasguei com a saliva que estava guardando para cuspir ali, do seu lado, sobre os pedacinhos de fotografias rasgadas de orelhas, coxas e vaginas das vagabundas com as quais se deitou em todas aquelas vezes que te larguei com o pau duro para dançar, sozinha, em cima de uma mesa. Sempre gostei de te ver do alto, ao som de coros celestes, onde nunca me alcançarias, a não ser que eu descesse os degraus e me misturasse à nicotina e aos perfumes baratos que te rodeavam. Estava tudo tão bem planejado e você estragou tudo no instante em que abaixou a cabeça sem saber o que dizer. Fizesse qualquer coisa, menos mirar o chão que piso à procura de respostas escondidas em papéis de bala, porque desse jeito sinto vontade de me doar. Tropecei no asfalto enquanto caminhava na sua direção para tentar te salvar de mim mesma. Escorreguei no suor que queimava minhas tripas e minha carne encostada naquele muro imundo onde só as putas se esfregam. E engasguei com você, no escuro, quente e grosso, em mim]

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

[Um Dia Em Minha Vida]

Toda uma energia do tipo Murphy-se-excita-com-meu-sofrimento rondando meu ser por aqui, pessoas.

Minha última façanha foi conseguir me trancar no banheiro feminino do trabalho e não conseguir sair de lá. E como consegui ficar presa estando com a chave em minhas mãos, você pergunta. Não sei, não sei, mas estou desconfiada que Murphy mantinha o dedo no buraco da fechadura, de modo a dificultar o trabalho da chave. Creio que seja isso, ainda estou refletindo.

O fato é que nos segundos iniciais consegui manter a calma, de modo que apenas quase quebrei a chave lá dentro. Nos minutos seguintes, porém, uma falta de ar foi tomando conta de minha pessoa cada vez que eu olhava para os lados e só via paredes-sabonete-paredes-espelho-paredes-arranjo-de-flores-paredes-e-paredes. Ah, sim! Há um pequeno buraco na parte superior de uma das paredes, algo que deve fazer o papel de janela no recinto e pelo qual eu sairia lépida, faceira e amarrotada, não fossem aqueles tijolos furadinhos charmosos impedindo minha passagem.

Já disse que não posso com lugares fechados-escuros-lotados-e-afins? Sempre exijo uma dublê aos Roteiristas da Televisa que escrevem os capítulos da minha vidinha quando as cenas exigem clausura em lugares assim. Aparentemente eu era uma menina normal que não tinha medo do escuro e nem do bicho papão, até uma noite em que, já adormecida, faltou luz e fiquei enlouquecida procurando a porta do meu quarto, depois de ter perdido o senso de direção dentro daquele cômodo que abrigava minhas noites de insônia.

[Não que eu tivesse senso de direção ou qualquer outro senso que fosse mas, veja bem, foi uma sensação horrorosa o suficiente para me marcar pelo resto da vida]

Eu já disse também que tento manter o controle nos ambientes de trabalho? É que, né?, ninguém precisa saber o quão descompensada sou. Tanto esforço em vão, depois que não me contive e comecei a gritar. Primeiro, mandando Murphy parar de palhaçada. Depois, chamando educadamente alguma boa alma. Por fim, berrando socorro mesmo. Incrível como seres humanos brotaram das profundezas da terra quando ouviram meu pedido de socorro.

[Acho que era a sonoplastia de qualidade encomendada pelos Roteiristas da Televisa, sabe?]

Tive que estragar o chaveiro guti guti de estrelinhas para passar a chave pelo vão que nem sabia que existia entre a porta e o chão. Tive que controlar minha respiração porque, olha, já estava vendo oxigênio mandar tchauzinho de longe. Tive que esperar arrombarem a porta. E tive que encarar Dona Sicrana, que exclamou um ah, mas então é você? tão logo me viu, completando que eu devia estar querendo aparecer, fazendo aquele escândalo todo para que algum colega me salvasse, que queria era estar presa com algum deles lá dentro, que eu era metida, que meu cabelo estava horrível, que meu signo é um dos piores e que ela é muito, muito mais ela.

[Meiga, sempre meiga, mal amada e mal comida, esta coadjuvante que me arranjaram]

I.n.j.u.s.t.a. Achei bastante injusta a acusação de exibicionismo, viu, Murphy? Aquele era o dia mais insosso no trabalho, poxa...

******
HEXA

06/12/2009

[MENGÃO DO MEU CORAÇÃO]