quinta-feira, 28 de julho de 2011

[Gente]

Mal chegamos na areia e quiseram saber onde eu gostaria de ficar. Depois de olhar tanto quanto minha visão podia alcançar, apontei longe, muito longe e disse "lá está bom, está vazio, não tem gente, eu não gosto de gente, então é lá que quero ficar."

Antes de me locomover para o tal "lá" que, na verdade, ficava na outra extremidade da praia, porém, senti algo no meu ombro direito. Qual não foi minha surpresa ao me virar e me deparar com uma espécie peculiar de gente que, aparentemente lúcida, se achou no direito de me dirigir a palavra. 

Dentre outras coisas típicas de gente, quis saber o porquê de eu ter dito que não gosto de gente, se é porque me considero melhor do que os simples mortais, se acho que sou mais bonita do que ela, se por acaso sou podre de rica e se, se, se e mais alguns "se". 

Ai, que fadiga.

Gente cansa. Gente irrita. Gente magoa. Gente menospreza a capacidade de discernimento dos seres humanos. Gente omite. Gente fere. Gente se levanta da cadeira de praia para interagir com uma estranha, querendo explicações que nem mesmo a estranha tem porque, né?, se fosse realmente esperta, a estranha aqui não se permitira mais qualquer aproximação com nenhum tipo de gente.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

[Sugestões]

Daí que outro dia eu quase bati de carro, né?

[No centro da cidade, onde não posso nem chegar a 100km/h, que fique bem claro]

O que ganhei como experiência depois deste fato?

Aprendi que os homens precisam andar com alguns apetrechos que sirvam para indicar que vão sair para a esquerda quando ninguém imagina que irão fazer isso - já que o carro está p.a.r.a.d.o, certo? Dar seta? Tsc! Fazer sinal com a mão? Que nada! Buzinar? Para quê? Só para avisar que você vai sair com o seu carro que, a princípio, está  em ponto morto e totalmente apagado? Avisar é para os fracos! E daí que eu vou passar pelo seu caminho em poucos segundos e terei que frear bruscamente - o que irá me fazer debruçar sobre o volante e dizer caralho, seu corno! -, já que você decidiu, no uni-duni-tê, que ia dar a partida, sem fazer qualquer sinal sobre isso?

Como as luzes e os comandos de um carro aparentemente viraram coisas inúteis e ultrapassadas, sugiro que os homens carreguem objetos que nos possam indicar o que se passa nas suas cabeças no momento em que estão no trânsito.

[Uma régua? Uma raquete de tênis? Uma vassoura, quem sabe? Um pênis? Um homem nunca esquece o seu pênis em casa, não? Sei lá, gente. Qualquer coisa serve, vai]

terça-feira, 12 de julho de 2011

["É O Que Me Interessa"]

Eu faço coisas às escondidas:

a pausa do retrato

O tempo todo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

[O Menino E A Rabiola]

Este post é para contar como Dignidade se desapegou da minha pessoa, a partir do momento em que me batizaram com um novo codinome.

Carreguei  Dignidade dobradinha, no melhor canto da mala, quando fui passar o último feriado na casa de praia de Amiga. Filho de Amiga, do alto dos seus sete anos, levou muito a sério quando eu disse que, para pagar a hospedagem, iria brincar com ele, sempre que possível. Após me derrotar no seu jogo preferido o suficiente para que eu me recusasse a perder novamente, Filho de Amiga inventou que era hora de gastar dinheiro comprando pipas. Quando pensei que poderia me dedicar a alguma coisa mais menininha, eis que o menino sugeriu, discretamente, que eu fizesse as rabiolas para as respectivas pipas.

Rabiolas. 

Para as pipas. 

De um menino de sete anos.

Pois bem.

Carregando a certeza de que estou nesta vida para ensinar mesmo, expliquei ao Filho de Amiga como se fazia as tais rabiolas. Não, não, peraí. Primeiro eu aprendi a fazer e, após dominar a técnica de produzir rabiolas em escala industrial, ensinei minha nova habilidade.

Numa tarde ensolarada, fomos ao supermercado da pequena cidade e, no caminho, o menino dizia que eu tinha que fazer mais e mais e mais rabiolas. Em determinado momento, falei que ele mesmo podia fazer, pois tinha aprendido direitinho, que aquilo já era uma exploração capitalista e que eu ia reclamar no sindicato dos esmaltes descascados sobre a minha desumana condição de mulher-fazedora-de-rabiolas-explorada.

Qual seria a probabilidade do menino dizer qualquer coisa comprometedora no meio de um monte de estranhos perdidos na sessão de verduras e legumes do supermercado?

Algo comprometedor do naipe "mas poxa vida, [P], só você sabe fazer direito" acompanhado, após meu pedido de "depois a gente resolve isso", de um estridente "nããããããããão, [P], tem que ser vocêêêêêê, só a sua rabiola é que faz o negócio subir direitoooooooooo".

Só a minha rabiola.

O negócio sobe direito, ok?

Qual a probabilidade?

Aparentemente Dignidade se misturou às folhas de alface, enquanto as senhorinhas super solícitas achavam graça do Filho de Amiga e diziam que já posso ser mãe de um menino. Claro, claro, eu posso. Afinal, tudo o que um bebê do sexo masculino necessita é de umas rabiolas penduradas no seu berço; um menino, de pipas com rabiolas; um homem, de uma boa rabiola que faça o negócio subir; um idoso, de rabiolas que não deixem o negócio cair. Agora sim, me sinto perfeitamente apta para ser mãe de um menino, já que sou PhD na arte da rabiola.

Só estou esperando meu talento ser descoberto por algum funkeiro de plantão. Já pensou? Melô da Mulher Rabiola? Capas de revistas, entrevistas em programas de categoria duvidosa e afins? Hein, hein? 

[Avisa quando eu puder jogar uma corda? Quem sabe não dá tempo de tentar salvar Dignidade do fundo do poço, né?]