domingo, 30 de janeiro de 2011

[Murphy Segue Meus Pés]

É uma experiência emocionante quando você encontra algum subordinado na praia, justamente naquele dia lindolindolindo de sol em que resolveu que seria uma boa ideia usar um traje de banho não muito ortodoxo, digamos assim.

É incrível quando, para sua surpresa, a praia de repente se torna um nicho infestado de ex e atuais - até futuros, tenho certeza absoluta! - subordinados que, evidentemente, integram aquele grupo - aquele, aquele mesmo, o responsável pela grande quantidade de notas vermelhas e pelo consequente falecimento de suas canetas vermelhas - cujo respeito você teve que conseguir na marra, com muita oração e malemolência.

É espetacular perceber que eles possuem uma educação até então nunca manifestada assim, tão espontaneamente, a ponto de fazerem questão de te cumprimentar e apresentar a desconhecidos e seus hormônios em fuga por todos os poros dos seus corpos suados.

É algo transcendental, gente.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

[Bem feito, [P].]

Repitam comigo:

"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."
"Bem feito, [P]. Talvez um dia você deixe de ser idiota."

Grata.

sábado, 22 de janeiro de 2011

["O Vento Brinca Com Os Grãos De Areia"]

Em Janeiro, eu...

Estive em Fortaleza. Virei nativa de uma hora para outra. Comi baião de dois dia sim, dia não. Visitei Canoa Quebrada. Andei muito até chegar à fila quilométrica para tirar uma foto lá, entre o "a" e o "q". Experimentei um tal de "melão do sertão" e nos apaixonamos perdidamente. Andei pela orla de Morro Branco. Procurei ângulos proibidos para registrar as falésias de Beberibe. Comprei roupas às rendeiras e recomendei que elas aumentassem o valor daquelas peças tão logo eu saísse de suas barracas. Adquiri rapaduras. Comi rapaduras. Doei rapaduras. E descobri o seguinte: Águas Belas, colega. Tudo bem que para chegar até lá você precisa atravessar de buggy sobre uma balsa puxada pela incrível força de três sujeitos. Tudo bem que, segundo consta, a Marinha faz vistorias constantes em tal artefato de transporte e que, mesmo assim, você vai atravessar o caminho se perguntando "isso é seguro?" mas, olha, é Águas Belas. O paraíso tem disfarces. Águas Belas é um deles.













Em Janeiro, eu...

Estive em Natal. Conheci jegues e jegui. Perdi um short para Iemanjá na Praia da Pipa. Tirei todos os turistas do meu caminho na hora de fotografar o melhor ângulo da Praia do Amor e - ah, claro! amor está sempre ligado a príncipes e estes, a sapos - da Pedra do Sapo. Dei voltas repetidas no labirinto do mega cajueiro. Descobri que o Rio está comigo onde quer que eu vá e que a pressa é a inimiga da boa refeição. Experimentei a "baba de camelo", doce, afrodisíaca e, ao contrário do esperado, não saí pelas ruas de Ponta Negra me esfregando em postes obscenamente. Foi difícil definir as tonalidades de azul do mar. Contrariando as regras básicas da boa educação, eu monopolizei as tirolesas que encontrei pelo caminho, me jogando repetidas vezes em lagoas e rios. Aliás, todos me julgaram muito corajosa porque, né?, pulei em piscinas naturais em Maracajaú, enfrentei uma Pipa agitada na ânsia de ver golfinhos de perto e passei a mão num tubarão. Pois é, não me esfreguei em postes, mas alisei um tubarão, vai entender. Por fim, Genipabu. O que são as dunas de Genipabu, minha gente? E mais: o que é aquele senhor que vou chamar, carinhosamente, de kamikase? Ele deu toda uma aula teórica sobre dunas fixas e móveis, sobre a direção dos ventos etc e tal, explicando que até poderia fazer tudo sem emoção, mas que sem emoção a gente não grita, não sente o coração bater forte e não sorri no final. Não me deixou muita escolha, portanto. Quando perguntei "não vamos virar nesse buggy não, né?", ele respondeu dizendo que "não sei, né? é o terceiro ano que faço isso, pode ser que sim". Pensei, pensei, pensei e disse que, então, tudo bem, seria com emoção, porque já era o terceiro ano; se fosse apenas um ano de experiência eu ia pular fora. Super recomendo o senhor kamikase, simpático toda a vida, vinte e tantos anos de experiência nas costas, um ar seguro que não deixa ninguém sentir medo e alguns dons especiais como, por exemplo, subir em picos de areia onde eu jurava que ele não ia chegar para, depois, andar pelas laterais com seu buggy envenenado inclinado num lugar sugestivamente chamado de "caldeirão do diabo". O paraíso tem disfarces - já falei isso antes? As dunas de Genipabu também é um deles. Quem passou pela vida sem ter sentido o frio na barriga que Genipabu proporciona pensa que teve um coração batendo no peito. Apenas pensa.
























[Ceará & Rio Grande do Norte - Janeiro de 2011]

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

[Janeiro]

Não sei quanto ao resto da humanidade, mas sabe o que eu faço entre fevereiro e dezembro? Penso em janeiro.

Após bater os meus próprios recordes no quesito malas abarrotadas de coisas que não serão utilizadas efetivamente, a não ser para enfeitar armários de hotéis, venho por meio deste dizer que vou ali e ali, de modo que meu sumiço estará diretamente ligado à nova tentativa de bater outro recorde, o de aventuras repletas de glamour, sal, areia, sol e água fresca.

Não sei quanto ao resto da humanidade, mas sabe o que eu faço em janeiro? Gasto muito mais do que deveria, como além do que é permitido pelos santos mandamentos das boas curvas, fotografo placas que é uma beleza, imito sotaques alheios, estrago meu cabelo, abuso do sol, crio marcas, deixo marcas e vivo, colega.

[Em janeiro, eu vivo com uma intensidade de doer]

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

[Dos Excessos]

Lá estou eu, fazendo a sociável no meio de um bando de gente felizinha com a chegada de 2011. Um pequeno lapso de tempo depois, estou numa cama. Com um menino. De sete anos. Mais uns segundos depois, me pergunto em que momento aceitei jogar qualquer coisa eletrônica que fosse com aquele pequeno ser. Corta para o lapso de tempo seguinte. Estou perdendo. Perco no jogo, perco o copo que estava do meu lado, perco o pavê que estava quase na minha boca. Perdidinha. Após mais um hiato de tempo, desisto de jogar porque, né?, sou mimada e não aceito perder. Levanto da cama. O menino me chama:

- Tia [P], volta aqui. Olha o que você fez! - ele diz, apontando para a cama.

Volto. Olho. Olho de novo. Não compreendo. Penso comigo mesma nas possibilidades. O que eu poderia ter feito ali, naquela cama? Dei aulas? Contei piadas? Dancei? Bordei iniciais no lençol? Todo um desespero por não saber o que eu tinha feito, afinal de contas. Percebendo meu constrangimento, o pequeno ser diz:

- Não está vendo, tia [P]? Você afundou o colchão, você está muito gorda, tia [P]!

[Em minha defesa, quero dizer que se tratava de um colchão da era jurássica, de modo que até uma pluma afundaria o dito cujo]

Corro para a sala aos prantos repetindo o que tinha escutado, todo um drama mexicano pairando no ar. Um último lapso de tempo depois e lá estou eu na frente de um espelho, procurando os excessos que um menino de sete anos havia apontado, quando outro pequeno ser, dessa vez um de quatro anos, se aproxima e diz:

- Tia [P], não liga, não. Você não está gorda, você está é gostosa.

[Oi para você também, 2011. Já começou me deixando confusa, hein?]