terça-feira, 19 de outubro de 2010

[Duda]

Genitor me liga no meio do expediente e eu atendo, imaginando que pode ser algo urgente, afinal de contas, ele nunca me liga enquanto estou no trabalho. Esqueço de explicar que gente, um minuto só, deve ser algo sério e atendo Genitor na frente de todo mundo. Quando ele pergunta se peguei o Duda, retruco imediatamente, me fazendo de ofendida e dizendo, entre outras coisas que:

a) Olha, o Duda? Não sei, né? Há uma certa probabilidade de eu ter pego algum Duda, sim, embora não me lembre exatamente quando, como e onde. É tudo uma questão de possibilidades, portanto;

b) Por falar nisso, como você ficou sabendo desse tal de Duda? Que eu saiba, não costumo contar sobre minhas saídas falidas e meus relacionamentos idem, a não ser que algum espírito alcoólico zombeteiro tenha tomado conta do meu corpo e me obrigado a fazer confissões sobre o Duda e afins;

c) Além do mais, se eu peguei ou não o Duda, ou se foi o Duda quem me pegou, ninguém tem nada a ver com isso, a vida é minha, não devo satisfações e blábláblá.

[Bem... isso na frente de todo mundo, tá?]

Genitor, com uma paciência que lhe é incomum, espera meu rompante terminar e explica que saí de casa sem minha CNH e que, por acaso, tinha visto que ela está vencida. Daí achou uma boa idéia perguntar se eu já tinha pago o Duda porque, né?, parece que não devo andar por aí mordendo pessoas e com uma carteira de motorista vencida.

[Sim, eu tenho uma CNH vencida. Sim, eu saio de casa sem documentos. Sim, eu dirijo Neruda assim mesmo. Sim, além de tudo eu mordo pessoas. Sim, serei a festa da Polícia Rodoviária Federal a qualquer momento, colega]

Por fim, Genitor quis saber desde quando estou usando drogas.

[Agora alguém pega na minha mão e diz que vou ficar bem, por gentileza, vai]

6 comentários:

  1. P,
    Vc me fez lembrar o dia em que, tentando escapar de um engarrafamento monstro, trafegando pela seletiva da Av. Brasil, um louco, numa motocicleta, apareceu na minha frente de repente, me dando um susto daqueles. Não me lembro de ter apertado a buzinha com tanta força ou de ter xingado um f.d.p. tão alto. O único detalhe era que o tal louco era um policial rodoviário federal mandando em encostar para os procedimentos normais... Acho que ele também queria saber que droga eu estava usando....
    Adorei o seu blog. Parabéns.

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  2. Raquel, eu tenho todo um histórico bonito de se ver com relação a policiais federais me mandando parar carro e dizendo "mocinha, os documentos, do veículo e o seu, por favor". Uma vez não usaram "mocinha", mas sim "menina". Achei digno.

    Lembro que eu sempre retrucava, dizendo "olha, moço, eu tenho mais de 21, juro, tá?". Agora, com a CNH vencida, deitada eternamente em berço esplêndido no aconchego do meu lar, já estou até vendo: "olha, moço, eu sou maior de idade e este carro é meu, só meu, de mais ninguém; só não posso provar nada disso porque estou sem os documentos, sinto muito..."

    Que bom que gostou do blog!

    =*****

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  3. Ta booom, vai!
    Da a mão aí! shauahauahauahsua

    ;D

    *Minha mãe ta com dois carros e anda com as duas chaves(mesmo usando um carro), segundo ela, se a chaves ficarem em casa o risco de eu dar perca total no carro é grande de mais, afinal.. eu menor e sem carteira, quero o que com o carro dela? --'
    tbm sou a festa da policia, toca aê.

    =)

    beeijo querida.

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  4. Duanny, não sei se sinto um conforto em saber que há pessoas que compartilham alguma maluquice minha ou se lamento por isso!

    Beijo!

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  5. esse destempero desesperado diaramente deve mandar qualquer rotina pras cucuias. um charme só.

    você pode ouvir a palavra desespero? pessoas nessas circunstâncias costumam ter seus calcanhares de aquiles nos ouvidos.

    e nada supera a adrenalina de ser fora da lei, né Raul?

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