terça-feira, 21 de outubro de 2008

[Nota Mental - II]

Nunca, jamais, de forma nenhuma, em tempo algum, aceitar um convite aparentemente inofensivo para um churrasco em família, mas em família MESMO, onde estarão praticamente TODOS sorridentes e de bem com a vida, a ponto de desobedecerem as regras básicas de convivência pacífica comigo e colocarem, no último volume, uns versos que dizem assim:

"Te amo, mas vivo a fugir desse amor Não dá prá ficar cara a cara
Eu quero esquecer, mas se vejo você
Coração dispara [...]"


Porque vou sobreviver no começo e achar graça do desmiolado que ressuscitou os versos de um passado longínquo na minha carregada memória. No começo. Mas depois vou me dirigir a um cantinho discreto e, numa tentativa desesperada de não me deixar abalar, quem sabe começarei a dar murros no meu próprio rostinho, me chamando de anta e similares.

[E como a família estará praticamente TODA reunida, não terei privacidade suficiente para me autoflagelar em canto nenhum]

Então os peregrinos se encaminharão na minha direção.

Uma prima distante casada há séculos e mãe de quatro filhos me aconselhará a engravidar imediatamente, iniciando minha aventura rumo à escadinha da minha prole, às anestesias e ao povoamento desse mundo tão desabitado.

Uma tia vai me chamar num canto e perguntará se não seria melhor eu ir me confessar ao padre da família, só para tentar dar um jeito na minha situação. Porque de nada adianta se eu possuo nível superior e outros supérfluos altamente necessários na vida de qualquer ser humano a ponto de me manter independentemente de um homem, se ela não vê o homem em questão. Aquele que vai me fazer ficar quieta com a barriga encostada no fogão ou lavando com zelo suas roupas, nas palavras de titia.

[Não, ela não sabe que eu não tenho barriga. E também não sabe que possuo uma máquina de lavar bem potente]

Um primo vai explicar que possui n amigos e que, com certeza, um deles deve ser meu número. Que isso de sofrer por coisas sentimentais não está com nada. Que, em último caso, é só eu ir lá e, bem, enfim, você sabe, fazer o que é bom e todo mundo gosta.

Numa última tentativa de me arrancar confissões inconfessáveis, me oferecerão vinho. O ápice da preocupação com relação ao meu estado se dará quando alguém perceber que o problema é aquele som. Então, terão a magnifíca idéia de arranjar Smooth para tocar. Ninguém vai ter naquela casa, mas o vizinho tem e é gente boa, adora ajudar, etc e tal. Tudo em minha homenagem, claro.

Qualquer ser humano que me conheça minimamente sabe muito bem que, se eu bebo, não devo ouvir Smooth. Se ouço Smooth, não devo beber. É por aí o tamanho da desgraça.

[O resto é inconfessável. Como toda perda de juízo deve ser]

7 comentários:

  1. Família é uma coisa triste mesmo... ainda mais num churrasco. Aprendi que num desses eventos, quando o tio bêbado (no meu caso) começar a cantar alto músicas antigas, é um sinal para você ir embora o mais rápido possível ou simular um ataque epilético.

    Família é bom... bem longe de mim.

    =*

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  2. É sempre um risco aceitar convites de família. Tenho sempre medo do que me aguarda.
    No meu caso, tenho decepcionado muito... evito beber, logo, eles não têm mais os shows de antigamente.
    Saudade de ti, doida!

    Bjinhos.

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  3. Com quatro doses de tequila e essa música eu sou deserdada.rs

    Beijocas [P]!

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  4. Isso daria um episódio de uma novela mexicana ou de uma comédia pastelão. Porque às vezes família faz isso mesmo com a gente...rs
    Mas nada que não se resolva com uma boa gargalhada de tudo!
    Bela, brindemos à vida porque como dizia o poeta tudo vale a pena quando a alma não é pequena!

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  5. Reunião de família tem seu lado bom. Só acontece uma vez por ano.
    No Natal me perguntaram porque não tinha me casado e tido filhos sendo que SÓ tinha 18 anos. Aparentemente sou um fracasso porque não me casei com 12 anos e não pari um time de futebol.
    Mas a vida tem dessas coisas
    E também agradeço a visita. Espero que nossos votos tenham o seu valor. Quem sabe um dia?...

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  6. Famila, como a minha vive grudada quase todo fim de semana a vejo e olha que ela é bem grandinha mas todo mundo cisma de ser ver todo santo fim de semana, eu acho que a minha se especializou em falar das minhas cagadas que faço bebâdo, percebi isso na época que fiquei sem beber pela tristeza deles, mas até ai eu nem ligo muito, odeio eles querendo me arrumar alguém para eles é inaceitável o único da familia que nunca levou uma namorada a um churrasco sequer(mas é claro tia eu nunca tive uma), ai prevalece a pressão do Léo ter que arrumar alguém e do jeito que ja estou "velho" no auge dos meus 22 anos...

    Beijoooo

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  7. [P], família, conselhos de tia, um primo bem intencionado, vinho e Smooth só perdendo o o restinho que faltava do juízo (risos!!) beijos da janela!

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