sábado, 22 de janeiro de 2011

["O Vento Brinca Com Os Grãos De Areia"]

Em Janeiro, eu...

Estive em Fortaleza. Virei nativa de uma hora para outra. Comi baião de dois dia sim, dia não. Visitei Canoa Quebrada. Andei muito até chegar à fila quilométrica para tirar uma foto lá, entre o "a" e o "q". Experimentei um tal de "melão do sertão" e nos apaixonamos perdidamente. Andei pela orla de Morro Branco. Procurei ângulos proibidos para registrar as falésias de Beberibe. Comprei roupas às rendeiras e recomendei que elas aumentassem o valor daquelas peças tão logo eu saísse de suas barracas. Adquiri rapaduras. Comi rapaduras. Doei rapaduras. E descobri o seguinte: Águas Belas, colega. Tudo bem que para chegar até lá você precisa atravessar de buggy sobre uma balsa puxada pela incrível força de três sujeitos. Tudo bem que, segundo consta, a Marinha faz vistorias constantes em tal artefato de transporte e que, mesmo assim, você vai atravessar o caminho se perguntando "isso é seguro?" mas, olha, é Águas Belas. O paraíso tem disfarces. Águas Belas é um deles.













Em Janeiro, eu...

Estive em Natal. Conheci jegues e jegui. Perdi um short para Iemanjá na Praia da Pipa. Tirei todos os turistas do meu caminho na hora de fotografar o melhor ângulo da Praia do Amor e - ah, claro! amor está sempre ligado a príncipes e estes, a sapos - da Pedra do Sapo. Dei voltas repetidas no labirinto do mega cajueiro. Descobri que o Rio está comigo onde quer que eu vá e que a pressa é a inimiga da boa refeição. Experimentei a "baba de camelo", doce, afrodisíaca e, ao contrário do esperado, não saí pelas ruas de Ponta Negra me esfregando em postes obscenamente. Foi difícil definir as tonalidades de azul do mar. Contrariando as regras básicas da boa educação, eu monopolizei as tirolesas que encontrei pelo caminho, me jogando repetidas vezes em lagoas e rios. Aliás, todos me julgaram muito corajosa porque, né?, pulei em piscinas naturais em Maracajaú, enfrentei uma Pipa agitada na ânsia de ver golfinhos de perto e passei a mão num tubarão. Pois é, não me esfreguei em postes, mas alisei um tubarão, vai entender. Por fim, Genipabu. O que são as dunas de Genipabu, minha gente? E mais: o que é aquele senhor que vou chamar, carinhosamente, de kamikase? Ele deu toda uma aula teórica sobre dunas fixas e móveis, sobre a direção dos ventos etc e tal, explicando que até poderia fazer tudo sem emoção, mas que sem emoção a gente não grita, não sente o coração bater forte e não sorri no final. Não me deixou muita escolha, portanto. Quando perguntei "não vamos virar nesse buggy não, né?", ele respondeu dizendo que "não sei, né? é o terceiro ano que faço isso, pode ser que sim". Pensei, pensei, pensei e disse que, então, tudo bem, seria com emoção, porque já era o terceiro ano; se fosse apenas um ano de experiência eu ia pular fora. Super recomendo o senhor kamikase, simpático toda a vida, vinte e tantos anos de experiência nas costas, um ar seguro que não deixa ninguém sentir medo e alguns dons especiais como, por exemplo, subir em picos de areia onde eu jurava que ele não ia chegar para, depois, andar pelas laterais com seu buggy envenenado inclinado num lugar sugestivamente chamado de "caldeirão do diabo". O paraíso tem disfarces - já falei isso antes? As dunas de Genipabu também é um deles. Quem passou pela vida sem ter sentido o frio na barriga que Genipabu proporciona pensa que teve um coração batendo no peito. Apenas pensa.
























[Ceará & Rio Grande do Norte - Janeiro de 2011]

5 comentários:

  1. Isso que é "tirar férias".

    ResponderExcluir
  2. Que inveja!
    Aproveitar as férias viajando não tem preço. E o que fica recompensa qualquer exagero financeiro.

    ResponderExcluir
  3. Já pode ficar com inveja? rs

    Natal é lindo mesmo! Praia de Pipa, o Morro do Careca, o cajueiro, a ponte do rio que cai...

    Ai, ai...


    Aliás, morri sem saber que você era daqui do Rio.

    ResponderExcluir
  4. morri de inveja por natal.

    da próxima vez coloca jeriquaquara no seu plano de viagem.

    ResponderExcluir
  5. Marco, fiquei sem tempo pra visitar, pois era o local mais distante de Fortaleza.

    Agora, Natal é de dar inveja mesmo. Eu moraria fácil por lá...

    ResponderExcluir

[Suas Pegadas]