segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

[Dos Excessos]

Lá estou eu, fazendo a sociável no meio de um bando de gente felizinha com a chegada de 2011. Um pequeno lapso de tempo depois, estou numa cama. Com um menino. De sete anos. Mais uns segundos depois, me pergunto em que momento aceitei jogar qualquer coisa eletrônica que fosse com aquele pequeno ser. Corta para o lapso de tempo seguinte. Estou perdendo. Perco no jogo, perco o copo que estava do meu lado, perco o pavê que estava quase na minha boca. Perdidinha. Após mais um hiato de tempo, desisto de jogar porque, né?, sou mimada e não aceito perder. Levanto da cama. O menino me chama:

- Tia [P], volta aqui. Olha o que você fez! - ele diz, apontando para a cama.

Volto. Olho. Olho de novo. Não compreendo. Penso comigo mesma nas possibilidades. O que eu poderia ter feito ali, naquela cama? Dei aulas? Contei piadas? Dancei? Bordei iniciais no lençol? Todo um desespero por não saber o que eu tinha feito, afinal de contas. Percebendo meu constrangimento, o pequeno ser diz:

- Não está vendo, tia [P]? Você afundou o colchão, você está muito gorda, tia [P]!

[Em minha defesa, quero dizer que se tratava de um colchão da era jurássica, de modo que até uma pluma afundaria o dito cujo]

Corro para a sala aos prantos repetindo o que tinha escutado, todo um drama mexicano pairando no ar. Um último lapso de tempo depois e lá estou eu na frente de um espelho, procurando os excessos que um menino de sete anos havia apontado, quando outro pequeno ser, dessa vez um de quatro anos, se aproxima e diz:

- Tia [P], não liga, não. Você não está gorda, você está é gostosa.

[Oi para você também, 2011. Já começou me deixando confusa, hein?]

6 comentários:

  1. "Que 2011 te pegue alegrinha, feliz, linda e de preferência com pouca roupa, pra que ele fique estupetato, como eu".
    [P], você precisa parar de me levar tão a sério assim! Tá, eu sou mais velho, mais experiente em coisas da vida, mas...mas...mas...
    [P], o que você misturou? Red Bull, vodka e aspirina? Lapsos, na pormenorizada [P]? Vídeo game com um menino de 7 anos. Quanto a perder, sem problemas, pois ninguém que tenha mais de 20 anos, e você tem 24, consegue ganhar de alguma criança em games, mas os lapsos? Pensei em copo derramado na cama, pavê esmigalhada no lençol, menos em buraco no colchão, claro. Imagino a cena, você, revirando os olhos, tentando lembrar o que havia feito, e o garoto, vendo sua confusão mental, falando em sulcos de gordura na colchão. Nonsense. E aí outro lapso, espelhos, análises confusas e reprimentas mentais sobre os abusos em copos e comilanças mil, e novamente uma criança em cena, como em um show da Xuxa festivo, e um comentário sem sentido, a não ser que você estivesse sentado em algum bolo e estivesse com a...a...bunda suja de chocolate, morango e nata, aí sim dando sentido a palavra gostosa em um pequeno de 4 anos, que jamais veria em uma adulta algo gostosa em termos você sabe o que. E pra que simples crianças enxergassem pretensas gorduras ou gostosuras, você estava vestindo o que? Mini blusa, mini saia, pés descalços e cabelo preso? Tá, não me conta como você foi prá casa, isso se não houve nenhum outro lapso, onde você aparece na ponte pensando se vomitava ou se atirava, e finalmente, após o último lapso, acordando em casa com um baita dor de cabeça. E meu Deus, suas férias vão até fevereiro. [P], faz o seguinte: Tenho um amigo, aí no Rio, que é pastor de uma igreja ultrasupermegahiper conservadora, daquelas que beber qualquer coisa que não seja água (beatificada), ouvir salmos pela manhã, tarde e noite, vestir semi burkas pretas e não falar com pessoas do sexo oposto que não sejam parentes é pecado mortal. Acho que ele vai ter dar bons conselhos prá que você volte a ser aquela moça centrada e que escreve lindos contos sobre como administra sua vida de docente e de exemplo a ser seguido pelos adolescente. Claro, não comente nada sobre seu blog, pois neste é onde você pode imaginar certas coisas,digamos, absurdas, que podem eventualmente acontecer, já que qualquer ser humano está sujeito à pequenos escorregões na conduta.
    Meus Deus de novo, 2011 recém começou...

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  2. Pensando, muito me agradou a ideia da ponte, me imaginei lá no vão central, vomitando estrelas e cuspindo poesia [pensou que eu seria previsível, hein?].

    :)

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  3. kkkkkkkkkkkkkk

    Eu adorei o post, na verdade rir mt em certos trechos dele.

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  4. A confusão não é do pobre do ano
    Costumeiro ciclo insano
    Que veio ou que vai
    A confusão é que não sai
    Do caminho dos seus pés
    Seja 2011 ou 2010...

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  5. Jorge, esse foi um dos melhores que já deixou por aqui, me fez rir [não costumo te elogiar, estou sabendo...].

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  6. crianças não mentem, dizem.

    em qual delas você vai acreditar?

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[Suas Pegadas]