segunda-feira, 4 de julho de 2011

[O Menino E A Rabiola]

Este post é para contar como Dignidade se desapegou da minha pessoa, a partir do momento em que me batizaram com um novo codinome.

Carreguei  Dignidade dobradinha, no melhor canto da mala, quando fui passar o último feriado na casa de praia de Amiga. Filho de Amiga, do alto dos seus sete anos, levou muito a sério quando eu disse que, para pagar a hospedagem, iria brincar com ele, sempre que possível. Após me derrotar no seu jogo preferido o suficiente para que eu me recusasse a perder novamente, Filho de Amiga inventou que era hora de gastar dinheiro comprando pipas. Quando pensei que poderia me dedicar a alguma coisa mais menininha, eis que o menino sugeriu, discretamente, que eu fizesse as rabiolas para as respectivas pipas.

Rabiolas. 

Para as pipas. 

De um menino de sete anos.

Pois bem.

Carregando a certeza de que estou nesta vida para ensinar mesmo, expliquei ao Filho de Amiga como se fazia as tais rabiolas. Não, não, peraí. Primeiro eu aprendi a fazer e, após dominar a técnica de produzir rabiolas em escala industrial, ensinei minha nova habilidade.

Numa tarde ensolarada, fomos ao supermercado da pequena cidade e, no caminho, o menino dizia que eu tinha que fazer mais e mais e mais rabiolas. Em determinado momento, falei que ele mesmo podia fazer, pois tinha aprendido direitinho, que aquilo já era uma exploração capitalista e que eu ia reclamar no sindicato dos esmaltes descascados sobre a minha desumana condição de mulher-fazedora-de-rabiolas-explorada.

Qual seria a probabilidade do menino dizer qualquer coisa comprometedora no meio de um monte de estranhos perdidos na sessão de verduras e legumes do supermercado?

Algo comprometedor do naipe "mas poxa vida, [P], só você sabe fazer direito" acompanhado, após meu pedido de "depois a gente resolve isso", de um estridente "nããããããããão, [P], tem que ser vocêêêêêê, só a sua rabiola é que faz o negócio subir direitoooooooooo".

Só a minha rabiola.

O negócio sobe direito, ok?

Qual a probabilidade?

Aparentemente Dignidade se misturou às folhas de alface, enquanto as senhorinhas super solícitas achavam graça do Filho de Amiga e diziam que já posso ser mãe de um menino. Claro, claro, eu posso. Afinal, tudo o que um bebê do sexo masculino necessita é de umas rabiolas penduradas no seu berço; um menino, de pipas com rabiolas; um homem, de uma boa rabiola que faça o negócio subir; um idoso, de rabiolas que não deixem o negócio cair. Agora sim, me sinto perfeitamente apta para ser mãe de um menino, já que sou PhD na arte da rabiola.

Só estou esperando meu talento ser descoberto por algum funkeiro de plantão. Já pensou? Melô da Mulher Rabiola? Capas de revistas, entrevistas em programas de categoria duvidosa e afins? Hein, hein? 

[Avisa quando eu puder jogar uma corda? Quem sabe não dá tempo de tentar salvar Dignidade do fundo do poço, né?]

9 comentários:

  1. Você tem o dom de transformar coisas corriqueiras, simples e inocentes em coisas... não-inocentes, não-simples, e não-corriqueiras.

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  2. Tô rachando de rir até agora,kkkkkkkkkkkk. E eu que pensei que fosse só cmg estás situações com frases de duplo sentido.
    As crianças são verdadeiros anjos, não é mesmo?!

    bjs

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  3. A rabiola é mesmo fundamenal na arte do empinamento,(de pipas). eu ri,hauauhauau

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  4. olá! parece ter sido uma cena divertida no supermercado...mas tens que me dizer o que são rabiola e pipas...
    beijos

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  5. sou eu novamente ... descobri com a ajuda do google :) já sei o que é!!! pipas são papagaios de papel e a rabiola é a corda, certo?
    ahahahaha que diferença o nome das coisas

    beijos

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  6. Vanda, sim!!! Pipas são os papagaios de papel e a rabiola é a corda.

    E eu sei fazer pipas também!

    =*****

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  7. Como costuma dizer um amigo meu, "criança é fogos". E a gente vez por outra se queima bem direitinho. Excelente história. abraços.

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