quinta-feira, 6 de maio de 2010

[O Vizinho]

Eu tenho um vizinho.

[Eu sei, você também tem, né?]

Este meu vizinho é o marido desta vizinha, a de proporções gigantescas e lentidão ímpar. O meu vizinho, ao contrário da esposa, não possui um tamanho descomunal mas ostenta uma barriga que, associada ao tamanho da mulher, deve fazer do ato sexual algo próximo ao bizarro.

[Sim, este é um post-desabafo e se você não curte meus surtos, é lamentável, pois eu surto b.o.n.i.t.o]

E por que meu vizinho num post? Porque o território brasileiro está pequeno demais para nós dois, imagine. Só fiz questão de vir aqui descarregar todo este excesso de fúria comunicar que, caso eu desapareça de repente, foi ele. E, veja bem meu bem, não quero dizer com isto que ele me sequestrou, me violentou e depois me matou com requintes de crueldade. Claro que esta é uma possibilidade. Porém, eu também posso estar foragida ou então presa numa cela à espera de um habeas corpus, entendeu? Ou seja, foi ele, do mesmo jeito. Ele, cujas atitudes culminaram, recentemente, em tórridas discussões entre nós dois.

[Não entraremos no mérito do que está acontecendo há alguns meses porque, né?, vamos evitar a fadiga. Vou me limitar a explicar que t.o.d.o ser humano que está a par dos acontecimentos e das atitudes dele concorda comigo. Ou todo mundo enlouqueceu e resolveu me apoiar incondicionalmente ou, de fato, é ele. E É ele, você também não concorda?]

O fato é que estou preocupada com as pessoas que estão preocupadas comigo. Algo parecido com uma corrente da preocupação está unindo quem me cerca, independente de sexo, idade e grau de parentesco. Genitor, por exemplo, lidera o grupo dos que já começaram a fazer orações, promessas e mandingas para que eu deixe isso para lá - justamente Genitor, de quem herdei este sangue que borbulha em minhas veias.

Cada vez que me olho no espelho, que penso no que me tornei, no que consegui por mérito próprio e comparo com meu vizinho, é praticamente um estado de choque constatar que eu não precisava, sabe? Discutir com quem do nada veio e para o nada caminha, com quem não concluiu o ensino fundamental por pura preguiça de estudar, com quem vem se mostrando tão mesquinho, tão arrogante, tão presunçoso a ponto de me provocar pena. Afinal, eu sou a pós-graduada nesta história, a que paga suas próprias contas, a que é respeitada no trabalho pelo tanto que se esforça em dar o melhor de si.

[Não, não vamos também comentar o fato do meu tamanho não ser algo sobrenatural tal qual o da sua esposa, nem tampouco as outras diferenças gritantes entre nós duas, ok?]

Gostaria de ser uma pessoa evoluída espiritualmente a ponto de ignorar certas coisas, mas ainda estou um pouco distante disto na minha escala particular da evolução humana, de modo que, nas duas únicas discussões que tivemos - estamos fingindo que não nos conhecemos quando nos cruzamos pelas ruas - eu consegui, depois de argumentar brilhantemente, soltar o seguinte:

- Se você gosta de fazer sacanagem com as pessoas, que vá fazer sacanagem com o rabo da sua mãe.

E...

- Se você ousar arranhar o meu carro, vai ter que tirar dinheiro do rabo, quem sabe dando o seu cu, para pagar o estrago.

...

...

...

Aham.

Eu.

Graduação.

Pós-Graduação.

Cabelo comprovadamente bom.

Corpo de tamanho visivelmente normal.

Dona do meu próprio nariz.

Aham.

Sim, eu.

Abusada.

Falei. Falei mesmo.

Só me arrependo de ter insistido na coisa do rabo, é óbvio. Meu vocabulário é tão vasto, podia ter variado, sei disso.

[Pessoas preocupadas porque o Brasil está pequeno demais para nós dois. Entendeu agora?]

4 comentários:

  1. Claro que estou (mesmo a contragosto) no grupo que se preocupa com você. Mas pelo andar da carruagem, e pelos seus ataques de xexeca que estão ficando mais e mais frequentes, tenho medo, não de encontrá-la em uma cela suja, em alguma delegacia de subúrbio, cercada de detentas que lhe dirigem olhares libidinosos, loucas para atirá-la no chão e emaranhar seu cabelo bom, se me fiz entender, ou encontrá-la em alguma clínica para doentes psicóticos que surtaram enquanto dançavam sobre uma mesa, com a lingerie de griffe quase à mostra, após uma overdose de coca zero, mas sim de encontrá-la em um necrotério,
    vítima de algum desafeto semi analfabeto, de caráter duvidoso, que num acesso de raiva por não conseguir responder à altura os seus xingamentos pseudofavela, partiu para o assassinato puro e simples. Mesmo seu namoro acintoso e debochado com Murphy pode não livrá-la de uma mesa fria, fatiada e estudada por alunos de medicina, que sob cochichos e comentários desrespeitosos falariam - que desperdício - fora, claro, os vigias noturnos que fariam uma festa noturna onde você participaria....passivamente. [P], você está ficando muito, muito, muito...
    doida, sei lá. Quer viver perigosamente? Sem problemas, mas não me chame! [P] chapa quente...oras, oras...

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  2. Pensando, acho que alguém por aqui pensa em sexo vinteequatrohoraspordia... ou então pensa que eu penso em sexo vinteequatrohoraspordia... ou, ainda, pensa que as pessoas que me vêem ou que convivem comigo ou que, quem sabe, um dia conviverão, pensam em sexo vinteequatrohoraspordia.

    [Desvendamos aqui o mistério do vizinho ordinário, será? Eu morreria de tanto subir pelas paredes, mas em hipótese nenhuma faria sexo com ele]

    É muito pensamento pervertido, Pensando! Tenta mudar seu foco, pois eu sou praticamente uma santa-inocente-pura-e-indefesa mulher, você já devia saber...

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  3. HAHAHA, vizinho e problema vêm em pacote unico, não se encontra separado. Sempre tem um chato que merece uns esculachos, mas você descer tanto do salto.. na boa? deve ser até engraçado. Imagino você brava, muito brava, falando 'rabo' e 'cu' com tanta ira. Espuma menina!

    Mas não passe disso.. ok?!

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  4. Realmente, o lance de insitir na coisa do rabo, justo você dona [P], mostra o nível do seu vizinho.

    Qualquer coisa, me avisa, seja para ajudá-la a enterrar um corpo ou pra chamar advogados (não diga nada sem a presença de um!!!).

    bjs

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[Suas Pegadas]