domingo, 28 de junho de 2009

[Lá Vem A Noiva...]

Quando me comunicaram que um bando de adolescentes estava disposto a se organizar em prol de uma festa julina, com o objetivo de arrecadar fundos para a formatura no final do ano, achei muita graça. Quando os próprios adolescentes me procuraram para perguntar se, assim como outros colegas, eu aceitaria participar do evento, achei mais graça ainda, por perceber que o grupo de hormônios ululantes estava m.e.s.m.o se vendo em condições de organizar uma festa, independente de qual fosse. Não era uma questão de duvidar que adolescentes consigam se organizar de maneira eficaz. Era questão de duvidar que os m.e.u.s adolescentes, aqueles com os quais convivo quase diariamente, fossem capazes disso. Mas então achei graça e, num acesso de bondade extrema, disse que seria o máximo participar da festa julina a ser organizada por eles, que me dedicaria com todo o meu fervor aos ensaios e daria tudo de mim na tarefa de encarnar a parte masculina já que, desde que me conheço como ser humano, sempre me escalavam para ser a noiva da história. Discursei emocionada sobre meu trauma por ter encarnado os mesmos papéis a vida inteira enquanto meninos e meninas diziam apenas que isso a gente vê depois, tá ligada? vamo pôr aí o nome da [P] antes que ela desista, mano.

Faz alguns dias que os organizadores vieram me procurar para falar sobre o começo dos ensaios. Aproveitei para perguntar quem seria o sujeito que encarnaria o meu par feminino no evento. Foi então - e somente então - que tomei conhecimento de uma pesquisa de opinião efetuada em todo o estabelecimento de ensino para saber, dentre outras coisas, quem seria a mais votada para ser a noiva. Eles me mostraram uns papéis que derrotaram minha teoria sobre a incapacidade do m.e.u grupo de adolescentes de se organizar eficazmente. Uns papéis que traziam gráficos, porcentagens e outras coisas malignas que não me davam chances de questionamentos. Vendo que mais uma vez o meu plano de encarnar o padre que fosse, sabe?, já tinha sido devidamente frustrado mas que, ao mesmo tempo, havia dado minha palavra de que participaria do evento, amarrei minha melhor cara de insatisfeita e ia me preparando para ir embora, quando vieram atrás de mim.

- Calmaê, [P], onde cê vai? Não pegou ainda o modelo da sua roupa.

[Sim, claro! Onde estava com a cabeça? Ainda havia um modelo de roupa???]

Uns recortes de revistas, onde o que variava era a cor, mas o modelo era igual. De acordo com a tal pesquisa de opinião, a noiva moderninha vai vestida de espartilho, cinta-liga, meia-calça e, não duvido nada, imaginam que qualquer coisa bem pequena fazendo o papel de uma calcinha.

- O que significa isso?
- Pode escolher a cor, não se preocupa, falou?
- Vocês perderam o medo da reprovação?
- A gente supera o zero, sacou? É uma chance única!
- E eu poderia saber o porquê de eu ter que usar isso?
- É pra facilitar os trâmites burocráticos da lua-de-mel, tá ligada?

["Trâmites burocráticos"? Se eu lesse isso numa avaliação choraria compulsivamente, tamanho seria meu espanto. Mas, né? Eles preferem me surpreender, claro. E eu reclamando que antigamente encarnava sempre uma noiva tradicional. E vestida]

11 comentários:

  1. HOAHIOAHIOHAIOHAIHIOA
    adorei.
    Noiva sexy, ham?

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  2. Bem, no meu tempo eram festas JUNimas, mas sabe-se lá o que os professores ensinam a seus alunos?
    E quanto à organização dos fedelhos, qual o espanto? É só usarem um pouco que seja todo o aparato tecnológico que possuem, alguns diálogos sérios e pasmem, capacidade de trabalharem em conjunto (desde que isso envolva dinheiro) e pronto, temos uma festa julina. Agora, quanto à sua escolha para noiva, nenhum espanto.
    Sexualmente super estimulados precocemente, e tendo à disposição uma teacher bonita e de cabelo bom, a escolha é óbvia. Claro que quanto ao modelo da fantasia, creio que você, como mestra, devia ficar algo preocupada, pois fantasia cultural é uma coisa, mas fetiche....
    Sei, você não tem como controlar quais revistas ou sites eles visitam, então....Boa Festa!!!

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  3. Pensando, JUNinas, em junho, JULinas, em julho.

    :)

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  4. "Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas ganham uma grande expressão. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio."
    Ou seja, existem festas juninas. Julinas foram adaptadas....
    rsrsrsrsrsrs
    Beijos menina - Obs. não é necessário publicar esse coments, pois isso desautorizaria a professora. rsrs, afinal, sabe-se lá quantos alunos podem ler este blog??

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  5. Você corrompida pela mocidade
    Não é lá muita novidade
    Mas de noiva de festa julina
    Com os trajes que a juventude te destina
    Bem.. deve ser alguma sina
    Colocar sua cintura fina
    Num traje digno da sua magnificidade
    Pra desfilares tua beldade
    Sem trâmites burocráticos
    E ainda bem que eles foram práticos
    Afinal seus dotes são os mais enfáticos
    Se não os mais didáticos...

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  6. Oi, desculpe o desaparecimento. Ando com muito papel para olhar...
    Bem, fiquei sem saber o desfecho do São João: casou? não casou? que cor escolheu?... Tem foto? rsrs.
    Já me casei numa dessas. Minha noiva era uma ruivinha. Ela não estava se cinta-liga, não ia pegar bem no pré dois.
    Bj!

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  7. P, você escreve de um jeito tão fluido, gostoso, que fico com a impressão que você deveria avançar profissionalmente com isso! Já ligou seu radar para "sentir" este caminho?

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  8. Pensando, festas juninas em homenagem aos três santos católicos, cujas datas encontram-se todas no mês de junho, né? Para mim não faz sentido, então, fazer uma festa com todo aquele aparato tipicamente junino em pleno mês de julho e continuar chamando a mesma de junina. Aqui em Saturno, onde vivo, sempre existiram festas julinas e - agora pasme! - agostinas também. Criatividade para batizar festas de acordo com o mês, será?

    Alunos não lêem este blog; colegas de trabalho não lêem este blog; Direção não lê este blog... se lessem, eu estaria engrossando a fila de desempregados do país.

    :)

    E quanto a liberar certos comentários, nenhum problema. Nada desautorizaria uma professora, a dona das canetas vermelhas, a autoridade dentro das quatro paredes, a dona da senha de uma conta de blog que libera ou não comentários, enfim...

    [Sabe o que me ocorreu enquanto lia suas palavras? Alguém levantando a mão, pedindo a palavra no meio da aula e fazendo uma gracinha. Se você visse o meu olhar...]

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  9. Flávio, o casório ainda não aconteceu, mas está próximo. Estamos nos preparando para o grande dia e, como toda noiva, estou devidamente desesperada com os trâmites burocráticos que antecedem o matrimônio.

    :)

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  10. Noé, fico tímida com elogios; acho que não sei lidar bem com eles mas, como alguns tipos deles se repetem de vez em quando, eu já dediquei alguns minutos da minha vida para pensar sobre o que você escreveu, sim...

    Se um dia eu resolver "avançar profissionalmente", utilizando textos do blog e outros que não coloco aqui, pode deixar que aviso.

    :)

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  11. Querida [P],
    Assim que você se "desapegar no meio do expediente" avise sim, o pessoal da redação vai adorar.
    =)))

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