quarta-feira, 8 de abril de 2009

[Precoce]

Afilhado de Blogueira iniciou recentemente a sua vida escolar. Sua mãe foi chamada na escola porque ele havia, veja só, mostrado seus pertences íntimos para uma coleguinha. Em sua defesa, Afilhado explicou que ela tinha pedido para ver. Então eu fui convocada a opinar porque, segundo consta, o papel de uma madrinha é de vital importância na vida pessoal, escolar, profissional e sexual daquele cuja cabeça ela inclina na pia bastimal num domingo ensolarado. Afilhado brincava inocentemente enquanto sua mãe contava a história com riqueza de detalhes e desespero desnecessário.

- Desnecessário porque não foi com você, [P]! Imaginou a minha cara diante da diretora? E para você é tudo muito fácil, não é? Ai meu Deus do céu, onde foi que errei? Ele só tem três anos e meio! Já imaginou isto com quinze?
- Você vai ser uma avó jovem e enxuta, não te parece atraente?
- [P]! Não acredito!
- Relaxa...
- O que você faria?

[Pausa para uma consideração muito importante: nunca me pergunte qualquer coisa, se já tiver o que deseja escutar em mente e se não for forte o suficiente para ouvir algo diferente do que imaginou que eu fosse soltar pela minha boca, ok? É preciso ser forte, gente, se for pedir minha opinião]

- É para dizer?
- É.
- Ah, nas minhas atuais circunstâncias, guardadas as devidas proporções de tamanho, idade, fase da vida, conjuntura, etc e tal, eu...
- O que???
- Não sei. Sentaria?
- [P]!!!
- Tá. Deitaria?
- [P]!!! A mãe da tal coleguinha estava lá, uma total estranha dizendo que meu filho havia mostrado o seu negocinho para a filhinha inocente dela... Fiquei desnorteada.
- Ah, mas então a coisa realmente é muito mais grave do que eu supunha!
- E eu não estou tentando dizer isso a você, mulher?
- Quem ela pensa que é para fazer comparações inapropriadas sobre os pertences de Afilhado? Eu teria dito que de negocinhos ela deve entender, já que negocinho só pode ser o que o marido dela traz no meio das pernas.
- [P], você é um caso perdido, sabia?
- Que nada, eu sou um achado! Se eu pudesse, me pegava, me agarrava, me jogava na parede, me chamava de lagartixa e ia morar numa cabana comigo mesma.
- Se algo assim se repetir, vou avisar que você vai lá resolver. É muito mais descolada do que eu. Até porque ele se parece tanto, tanto com você, em certas atitudes...

[Não, não tenho nada a ver com o rompante de Afilhado. Realmente percebo algumas coisas em comum, independentemente de não sermos parentes de fato. Os quase quatro anos que ele tem, por exemplo, deve ser a idade mental que consigo alcançar nos meus picos de surto. A facilidade com que ele mostrou os pertences íntimos a uma coleguinha só porque, ao que parece, ela tinha pedido, deve ser o equivalente à minha destreza incontrolável para subir em mesas onde quer que elas estejam e, possuída por terrível furor, começar a dançar uma música que pode perfeitamente estar tocando apenas dentro da minha cabeça. Sorte dele ter tão pouca idade, pois eu não tenho mais jeito, não...]

5 comentários:

  1. adoro suas conversas e esse sarcásmo.

    ps.: lindo esse post de baixo =)

    beijinhos

    ResponderExcluir
  2. Bem, veja pelo lado bom, ele pode alegar pouca idade e você insanidade. Em ambos os casos há uma boa desculpa.

    O problema é que ele fica de castigo no tapetinho da super Nany. Já você vai para uma casa de repouso.

    Eu disse "boa desculpa". Ah, acho que me expressei mal.

    ResponderExcluir
  3. Carlos, a pouca idade dele é uma "boa desculpa". Já minha insanidade é fato público e notório... eu precisaria de algo mais convincente, sabe?

    :)

    ResponderExcluir
  4. Ah, mas se ele é tão parecido com você, fica tranquila... Tá bem encaminhado!

    ResponderExcluir
  5. [P], o comentário deletado era uma bobagem qualquer tipo: pelo jeito pouca coisa muda depois do jardim de infância. Nós pedimos, e eles, sempre mostram. (risos!)
    e de mais a mais, lidar bem com o negocinho é muito saudável, seu afilhado verá com o tempo.

    querida, beijos da janela

    ResponderExcluir

[Suas Pegadas]