quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

[Passado]

"E o passado é uma roupa que não nos serve mais"

Eu me livrei do perfume do passado. Não sei você, mas eu costumo relacionar um cheiro a determinados momentos da minha vida e, geralmente, tenho dificuldades para abandonar tanto o perfume quanto as lembranças do que já foi e não volta mais. Felizmente, me livrei. Não foi fácil. Falei em voz alta, para que eu mesma me escutasse, algo como pronto, acabou, agora você não pode mais encostar em mim, passado; fique onde está. Já não tenho mais o perfume do passado. É uma coisa a menos me acenando, de vez em quando e propositalmente, só para me fazer lembrar de coisas que não quero voltar a lembrar.

Seguindo rumo à evolução, no rastro das pessoas conseguem conviver bem com suas lembranças do passado - pessoas, vocês têm a minha admiração -, lembrei que precisava mudar o toque do meu celular. Nada mais passado, para mim, do que Beatles. Tudo bem que escolhi o toque num outro momento - que nada tinha a ver com o passado -, mas percebi que já tinha dado o que precisava dar. Let It Be, como toque, nunca mais.

Mudei para um som mais sensual animado, um som que me faz imediatamente pensar em subir numa mesa e  tirar a roupa coisas alegres, um som que cumpre bem a sua função de me ajudar a não recordar o que já passou.

O problema é que, no trabalho, além de haver muitas mesas e cadeiras à minha disposição - uma afronta, gente, uma afronta -, uma amiga e um colega usam o mesmo toque, de modo que tenho que me controlar e fazer muita força para manter minhas pernas estáticas sempre que um dos três celulares recebe ligação. Vou conseguir, claro. Fiz o mais difícil, me livrando do perfume do passado. Acho que me controlar para não sair dançando no trabalho é o de menos. 

[Já faz mais de uma semana que mudei o toque e subi numa cadeira, veja só, apenas duas vezes. É óbvio que vou conseguir]

4 comentários:

  1. Para mim, passado é uma coisa tão boa que gostaria de sofrer uma lobotomia para apagar determinados momentos.
    Entretanto, percebo que a medida que o tempo avança o passado vai perdendo sua nitidez (a gente fica velho, a memória vai para as cucuias, né, rs).

    Raramente uso perfumes, por isso não tenho perfume do passado, mas tenho roupas do passado. E elas vão para o lixo, pq geralmente a culpa é toda delas ( e não minha, claro).

    bj

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  2. Pri, eu também tenho roupas do passado mas, por incrível que pareça, elas não me atingem e posso usá-las sem me deixar abater, mesmo sabendo que elas estão ali, grudadas em mim, do mesmo jeito que estiveram no passado. Um perfume, porém, consegue me destruir, vai entender.

    Beijos.

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  3. É agonizante escutar o toque que era seu, desde que me levaram...
    Em uma reunião, a pessoa do meu lado tinha o toque, e eu quase atendi por impulso.

    Fico impressionado como você se importa com esse seu passado, se tivesse esquecido e não ligasse mais, o que já deveria ter acontecido, não teria feito esse post, ou não teria mencionado o passado.

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  4. Pegue seu telefone fixo e ligue para o seu celular numa caso venha asentir o passado tentando dar o ar da (des)graça novamente.
    Deixe tocar, suba na mesa, no sofá, no balcão, na pia da cozinha!

    Porque, meu bem, dançando a gente sempre se liberta.

    PS: Lendo isso tudo e escrevendo o comentário, fiquei com "Dancing days" das Frenéticas na cabeça. Ora, veja só!

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