sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

[Teste]

Amiga de Blogueira fez um convite para que eu a ajudasse com a nova decoração da sua sala. Poderia ter me chamado para ajudá-la a escolher esmaltes novos. Poderia ter me chamado para ir a uma papelaria, ajudá-la a escolher cadernos novos. Quis a ocasião, entretanto, que fosse uma ida a uma loja de móveis, para a escolha de uma nova mesa. 

[Devo ser, além de desbocada, impaciente e descompensada, dona de um requintado bom gosto, de uma fineza ímpar e de uma comprovada classe. Não sei, mas deve ser isso]

Depois de procuramos as melhores opções, escolhemos a loja e a mesa. Só faltavam, portanto, os últimos testes - testes estes que dariam o meu sinal de ok para que a compra fosse efetuada. Ou seja: muita responsabilidade nos meus pés.

[Imagina se alguma coisa desse errado, por exemplo, no meio de um jantar no qual Amiga de Blogueira estivesse recebendo o homem da sua vida? Eu tinha que testar. E eu testo muito bem, tá? Ossos do ofício]

Segue o diálogo que aconteceu na loja, envolvendo o destemido vendedor e esta que vos escreve:

- E de que tipo você quer? Já tem alguma idéia? - o moço quis saber.

- Sim. Uma resistente. De vidro, como esta aqui, está vendo? Porém, resistente - respondi.

- Ah, esta de vidro é mesmo ótima.

- Resistente?

- Sim, claro.

- Certeza?

- Absoluta.

- Resistente a tudo?

- Como?

- A tudo mesmo? Um salto não a arranharia?

- Que mal lhe pergunte, como assim um salto?

- Um salto mais ou menos assim, olhe para meus pés.

- Er... bem, não tenho certeza, mas...

- Gostei do vidro, gostei bastante.

- Pode testar, se quiser.

- Está brincando?

- Não. Pode testar, fique à vontade.

- Olha que eu testo, hein?

- Vamos, sente-se e sinta o conforto das cadeiras.

- Quem vai testar? Você ou eu? - questionei.

- Desculpa. Você, moça - o destemido disse, olhando para o chão.

- Então deixa comigo. Acho que vai ser esta mesmo, mas o teste é meu e vou fazer do meu jeito, tá?

- Claro - cara, ele concordou.

O teste: se é de vidro, é necessário saber se a visão que se tem quando está embaixo da mesa é perfeitamente nítida e se um salto deslizando sobre a dita cuja não provocaria arranhões, concorda? Foi o que eu fiz: avaliei a visão que se tem do chão e, depois - delicadamente, claro -, subi na mesa e dei uns passos para lá e para cá. Uns passinhos. Coisa pouca. Não ensaiei coreografia nem nada, não.

Vendedor espantado. Amiga de Blogueira constrangida. Não consigo entender. Existem pessoas no mundo que acham r.e.a.l.m.e.n.t.e que a única função de uma mesa é servir de apoio para pratos, copos, talheres e trabalho acumulado? E a comida, gente? Uma mesa tem que estar preparada para q.u.a.l.q.u.e.r comida, ora bolas.

[Requinte. Fineza. Classe. Eu disse...]

3 comentários:

  1. Se subir na mesa daqui do meu humilde apartamento, há de despencar o tampo, quem estiver em cima e o tal pé "obra de arte" que o segura.

    Mas, andei pensando depois de ler este seu post e concluí que a próxima mesa precisa servir de palco, pelo menos.

    E né? Na hora da comida, qualquer coisa, rola fingir que é oriental e comer no chão. Hihi! (Risada nipônica safada)

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  2. Miro, que me desculpem as mesas que só servem de apoio para trabalhos acumulados, mas funcionar como palco é fundamental :)

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[Suas Pegadas]