sexta-feira, 8 de maio de 2009

[Do Que Preciso]

Então eu tenho feito uso do transporte coletivo diariamente, por força dos últimos acontecimentos. Esse negócio de dividir espaços com estranhos espaçosos incomoda só a mim mesmo? Não sei, de repente eu devia achar legal certas atitudes mas não, não me controlo e meu sangue ferve diante de tudo que me irrita.

Os roteiristas da Televisa que tomaram nas mãos as rédeas da minha vida à minha revelia decidiram que era hora do motorista-de-ônibus-com-um-jeito-Keanu-Reeves-Velocidade-Máxima-de-ser surgir. Nem precisei fazer uma cena na qual cronometrasse os horários do coletivo para que só desfilasse minha costumeira simpatia em ambientes lotados dentro do veículo que ele estivesse dirigindo, pois não viram necessidade disso, de modo que posso ficar despreocupada porque ele não me faltará, se formos levar em conta que já entrei naquele ônibus algumas vezes e na metade delas ele estava no comando.

[Roteiristas da Televisa, talvez eu goste de vocês, entenderam?]

Outro dia o ônibus estava cheio e eu ouvia música distraidamente quando, no meio do caminho havia um celular com câmera, havia um celular com câmera no meio do caminho. No meio do caminho e a uma altura considerável que, no meu entender, me comprometeria em tempos de Youtube. E todo mundo aqui sabe que sou tímida. Pois bem. Tomei o celular da mão do sujeito, invoquei a falta de educação, o baixo nível de quem se presta a fazer aquilo com uma pessoa distraída que pensa no tanto de trabalho que está levando para casa e ameacei jogar o aparelho de encontro ao vidro. Falava tudo pausadamente e ninguém teria notado que estava colocando a criatura abaixo do subsolo se não fosse pelo fato dele se ajoelhar, implorando perdão porque o papai ia matá-lo se acontecesse alguma coisa com o celular novo.

Quando ia descendo do coletivo, motorista-com-um-jeito-Keanu-Reeves-de-ser falou qualquer coisa sobre eu ser meio brava que acabou sendo ofuscada pela edificante observação de que "moça, você precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu".

[Roteiristas da Televisa, cinema mudo, compreendem? Não coloquem frases na boca dele. Têm certeza de que não há nada de mais proveitoso para ele fazer ao invés de abrir a boca para falar? Homem falando ou utilizando qualquer outra forma que seja de manifestação de seus pensamentos não é uma prioridade na minha lista de desejos, atualmente. Estão me assustando desse jeito, ok?]

8 comentários:

  1. Hahahahahahahahahahahahahaahah!

    [P], se não fosse trágico, seria cômico in natura!

    Meu Deus!!

    Menina, sai de perto dessa gete estranha, viu? rs

    Beijos!

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  2. Keanu Reeves caiu no meu conceito depois daquele último Matrix... só não sabia que ele dirigia ônibus agora. E porra, eu tô melhor de cantadas do que ele, olha só: dê dois passos pra trás. Pronto? Agora estou a dois passos do paraíso.

    [voltei, apesar de nunca ter ido e nem voltado, se é que me entende... :)]

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  3. Não só pode como deve.

    É o primeiro passo para curar a ferida.

    (se é que precisa ser curada, eu diria)

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  4. Yell., eu nunca tinha ouvido algo parecido. É o que vocês costumam usar por aí? Aqui as coisas são menos simbólicas e mais diretas, se é que me entende. Mas, porra, se eu der dois passos para trás estaremos mais longe ainda, geograficamente falando...

    [E isso de distâncias me deprime]

    ps: pior sou eu, que fui achando que estava indo, estava sendo achando que realmente era e tive que voltar porque não me viram chegando, nem tampouco me viram sendo.

    [Eu não quis explicar nada, só confundir mesmo, tal como estou. Confusa]

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  5. [P], querida, é impressionante como você consegue transformar as coisas na sua vida, o bom é sempre ter motivo para rir, mesmo que seja de nós mesmos.
    Graças a Deus que você não se machucou, e ainda bem que haviam anjos por perto. Nesas horas a gente vê que milagres acontecem o tempo todo, bem ao nosso lado, pra nós ou por nós.
    beijos enormes da janela

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  6. Clarice, não sabemos como não me machuquei. Mas sabemos que eu seria um porre se tivesse quebrado alguma coisa e ficasse impossibilitada de me movimentar; eu também seria um porre se tivesse arranjado alguma amnésia ou algo parecido e ficasse enchendo a paciência das pessoas até descobrir quem era quem. E se tivesse morrido, então? Ai, um porre, fazendo algumas pessoas chorarem, deixando alguns subordinados órfãos de minhas notas vermelhas, abandonando minha penca de afilhados neste mundo-de-meu-Deus, desfalcando o grupo de madrinhas no próximo casamento da família e relegando ao plano da inutilidade total todas as mesas que um dia me serviram como pista de dança. Isto sem falar que, ai, pra onde quer que eu fosse, um porre de se aguentar, né?

    Então pensaram bem, levei só uma batida na cabeça que nem chegou a desafrouxar meus pinos no cérebro e... olha aí um motorista esquisito enchendo meus dias vazios de boca, perfume, palavras e presença com suas esquisitices!

    Um beijo!

    ps: MSN, Clarice... é nesta vida mesmo ou só na próxima, hein???

    :)

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  7. E se a manifestação não for dos pensamentos do homem que parece estar os manifestando? Por exemplo, psicografia. Aí os pensamentos são de outro. E um outro em outro mundo. Melhor que isso, só pudim de leite.

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  8. Pode deixar, daremos um jeito.

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