segunda-feira, 12 de setembro de 2011

[Proteção]

Discutir com Genitor é sempre uma experiência orgasmática. Começamos num tom aparentemente civilizado, a coisa evolui, remontamos a assuntos nada a ver com a pauta em questão, aumentamos um pouquinho mais o tom de nossas vozes e, então, chegamos ao clímax. Orgasmático.

Brigamos hoje porque, veja você, Genitor ainda acha que tenho cinco anos e, por isso, precisa me proteger. 

Fica difícil viver desse jeito, galera. Sou menina para uns, sou madura para outros, tenho cinco anos para Genitor, me dão um cargo de coordenação no trabalho, sou tão mulher para uns, sou uma ciumenta descontrolada para outros, posso receitar medicamentos para crianças com crise alérgica, mas não posso falar em público - a não ser que não se incomodem com minhas alfinetadas -, sou aquela para casar, mas também sou a que não respeita o outro numa discussão e, assim, eu poderia ficar aqui ad infinitum, aumentando uma lista de contradições a meu respeito, baseada nas observações alheias. 

[Lindo isso, hein, galera? Acho lindo]

Não sei em que momento da minha própria vida poderei sinalizar que, oi? eu, aqui - levantando o dedo para poder falar, claro -, gostaria de explicar que, embora tentativas sejam válidas, não vem dando muito certo isso de optarem por me proteger porque, para espanto geral de todos que se consideram onipotentes e onipresentes, uma tal de Vida vem me dando algumas rasteiras que divindade nenhuma tem conseguido controlar

Tentei argumentar tudo isso com Genitor e, quando pronunciei vocês não têm o direito de me esconderem as coisas, quem vocês pensam que são?, ele simplesmente me deu as costas e disse que ia embora. Acho válido. Acho digno. Acho super maduro. 

Menos de cinco minutos depois, Genitor volta, me chama e, quando digo eu sabia que ia voltar, o que escuto é  um lógico, vim almoçar com minha filha.

[Aí eu gozo, né? Na minha insanidade carente de proteção, só me resta gozar, Vida]

Um comentário:

  1. Hahaha...gostei da resposta do Genitor!
    Genial, nada "genital", e razoalvelmente genitospinal!

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[Suas Pegadas]